CONTINUE EM OLIBERAL.COM
X

CPI da Covid: Depoente insiste que encontro com Dominguetti foi casual

No início do depoimento, Dias afirmou que "possivelmente" o coronel Blanco sabia que ele estaria naquele local; horas depois, mudou de versão

Thiago Vilarins, da Sucursal de Brasília (DF) / O Liberal

Grande parte do depoimento de Roberto Ferreira Dias, ex-diretor do Departamento de Logística do Ministério da Saúde, girou em torno do encontro ocorrido no dia 25 de fevereiro, em um restaurante de um shopping de Brasília, entre Dias, Dominguetti e Blanco. O depoente afirmou que estava tomando chope com um amigo (José Ricardo Santana, ex-diretor da Agência de Vigilância Sanitária) quando Blanco veio à sua mesa, apresentando-lhe Dominguetti. No início do depoimento, Dias afirmou que "possivelmente" o coronel Blanco sabia que ele estaria naquele local; horas depois, mudou de versão, admitindo que "ele sabia que eu estaria no restaurante, mas eu não sabia que ele estaria com uma pessoa representante de vacina".

[[(standard.Article) Omar Aziz manda prender Roberto Dias, apontado como responsável por pedido de propina]]

image Após prisão de ex-diretor do Ministério da Saúde, Aziz afirma: 'Ninguém mais vai querer brincar'
Aziz defende que, no depoimento prestado aos senadores, nesta quarta-feira, Roberto Dias “não colaborou”

Segundo o depoente, ao ouvir de Dominguetti a proposta de venda de 400 milhões de doses de vacinas, ele pediu que fosse formalizada reunião no Ministério da Saúde. Nessa reunião, ocorrida no dia seguinte, "o assunto morreu" quando Dias constatou que Dominguetti não tinha como provar o vínculo da Davati com a AstraZeneca. O ex-diretor contou que chegaram ao ministério diversas propostas de venda de vacinas, citando especificamente a feita pelo reverendo Amilton Gomes de Paula, em nome de uma entidade não-governamental chamada Senah (sigla de "Secretaria Nacional de Assistência Humanitária").

image Saiba quem é Roberto Ferreira Dias, preso em sessão da CPI da Covid
Dias foi exonerado do posto em 29 de junho, depois da denúncia de que teria pedido propina de US$ 1 para autorizar a compra da vacina AstraZeneca pelo governo federal

"A informação que nunca chegou, e por isso [a proposta] nunca foi à frente, é: você tem a carta de representação do fabricante? Não. Todas essas empresas, e isso aconteceu de forma muito semelhante na crise de respiradores, têm um único interesse: obter uma LOI, letter of intention, uma carta de intenção do governo brasileiro que garanta a demanda que ele precisa", afirmou Dias.

Vários senadores, entre eles Alessandro Vieira (Cidadania-SE), Eduardo Braga (MDB-AM), Eliziane Gama (Cidadania-MA), Fabiano Contarato (Rede-ES), Humberto Costa (PT-PE) e Rogério Carvalho (PT-SE), manifestaram perplexidade com o relato, a começar pela inverossimilhança da casualidade do encontro no restaurante. Causou estranheza também o intervalo de menos de 24 horas entre o encontro no restaurante e a reunião no ministério — rapidez que Dias atribuiu a problemas de agenda de Dominguetti.

Omar Aziz (PSD-AM), presidente da CPI, apontou uma portaria de janeiro deste ano centralizando toda negociação de vacina na secretaria-executiva do Ministério — logo, Dias não teria autoridade para tratar com a Davati ou qualquer outra empresa sobre a compra de vacinas. "Já tinha uma portaria, assinada pelo coronel Élcio [Franco Filho, secretário-executivo do Ministério], que centralizava toda e qualquer negociação de vacina com ele. Assim mesmo o senhor marca uma reunião com o Dominguetti. O senhor tinha zero autoridade para tratar sobre vacina, e por incrível que pareça o senhor não tratou com a Pfizer, não tratou com a Janssen, mas tratou com o cabo Dominguetti. Por isso o coronel Elcio pediu sua exoneração: porque o senhor atravessou o que não era da sua alçada", disse.

O depoente defendeu-se dizendo que estava apenas "verificando a existência" das 400 milhões de doses, e que, uma vez confirmada a oferta, encaminharia o processo à secretaria-executiva. Dias, que foi exonerado no último dia 29 em razão das denúncias, chamou de "duas pessoas desqualificadas" seus acusadores, Luiz Paulo Dominguetti, cabo da PM-MG e suposto representante da Davati, e o deputado federal Luis Miranda (DEM-DF). O depoente insinuou que estaria sendo vítima de retaliação porque negou um cargo ao irmão do deputado, Luis Ricardo, servidor concursado do Ministério da Saúde.

"Estou sendo acusado sem provas por dois cidadãos: o sr. Dominguetti, que aqui nesta CPI foi constatado ser um picareta que tentava aplicar golpes em prefeituras e no ministério, e o nobre deputado Luis Miranda, que possui um currículo controverso, que me abstenho de citar", alegou.

Assine O Liberal e confira mais conteúdos e colunistas. 🗞
Entre no nosso grupo de notícias no WhatsApp e Telegram 📱
Política
.
Ícone cancelar

Desculpe pela interrupção. Detectamos que você possui um bloqueador de anúncios ativo!

Oferecemos notícia e informação de graça, mas produzir conteúdo de qualidade não é.

Os anúncios são uma forma de garantir a receita do portal e o pagamento dos profissionais envolvidos.

Por favor, desative ou remova o bloqueador de anúncios do seu navegador para continuar sua navegação sem interrupções. Obrigado!

RELACIONADAS EM POLÍTICA

MAIS LIDAS EM POLÍTICA