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Pará já tem 767 casos de desaparecidos em 2022. Saiba o que fazer nessa situação

Essa parcial é mais da metade do total em 2021 e maior que o de 2020

Eduardo Rocha, Fabyo Cruz

De janeiro a julho de 2022, de acordo com levantamento da Secretaria de Estado de Segurança Pública e Defesa Social (Segup), o Pará registrou 767 casos de pessoas desaparecidas. De janeiro a dezembro de 2021, foram computados 1.286 casos, e, ao longo de 2020, 624 ocorrências. A parcial de casos em 2022 é superior ao total de 2020 e corresponde a mais de 50% do total de ocorrências em 2021, indicando a gravidade desse tipo de situação no Estado.

A Segup informa ainda que dentre as faixas etárias mais registradas estão adolescentes de 12 a 17 anos, adultos de 18 a 24 anos e adultos de 35 a 64 anos. O órgão reitera que os dados são referentes a todos registros feitos no ato do desaparecimento. Entretanto, explica que não se pode afirmar que todas as pessoas permanecem desaparecidas, visto que os denunciantes não retornam para retificar as ocorrências.

Nesse cenário adverso, mostra-se estratégico saber prevenir casos de desaparecimento de pessoas,  Para isso, vale a pena ouvir quem atua diretamente com essa realidade, como é o caso da delegada Maria Lúcia Santos, titular da Delegacia de Pessoas Desaparecidas.

A profissional recomenda que em caso de um familiar ou amigo que tenha desaparecido a situação deve ser comunicada de imediato à Polícia. “Primeiro, antes mesmo de ir para a Delegacia, é que a pessoa verifique junto à família, amigos, namorada, parentes em outras cidades, se aquela pessoa por algum motivo não está com eles, viajou e não informou. Então, certificando-se que aquela pessoa não está no seu cunho familiar ou de amigos, procure imediatamente uma Delegacia. Não existe um tempo de espera, isso é imediato”.

“Você percebeu que seu familiar saiu da rotina, você não consegue entrar em contato por nenhum meio quer seja telefônico, pessoalmente, procure uma Delegacia e faça um registro de ocorrência informando como essa pessoa estava vestida quando ela desapareceu”, destaca a delegada.

image Delegada Maria Lúcia: orientações para prevenir casos de pessoas desaparecidas (Foto: Cristino Martins / O Liberal

É importante relatar para os policiais se a pessoa desaparecida portava ou não celular, se estava de veículo e outras informações que contribuam para as buscas por ela. É estratégico também se relatar à autoridade policial se a pessoa desaparecida estava passando por algum tipo de problema familiar, se é usuária de droga, se ela tem por hábito essa rotina de desaparecimento, se ela tem algum distúrbio mental, algo que a impeça de retornar em segurança para a sua casa.

Critérios para registro de um caso

O registro de desaparecimento de crianças e adolescentes é feito pela Central de Atendimento da Criança e Adolescente (DATA), e o de adultos na RMB é providenciado na DH. Não existe um prazo certo para uma pessoa ser considerada desaparecida, basta que a pessoa saia da sua rotina para esse fato acender um alerta em seus familiares, como frisa a delegada Maria Lúcia. “Aquela pessoa saiu para ir para a aula, não retornou, foi para o trabalho, não retornou, e aquilo era rotina, então houve uma quebra da rotina. Você não consegue a partir daquele momento nenhum contato telefônico, com amigos, com pessoas próximas, pessoas do trabalho, pessoas que são da relação dela, então, você já pode ter certeza de que algo aconteceu”, pontua  a delegada Maria Lúcia.

As buscas por parte dos familiares abrangem a iniciativa de se procurar pelo desaparecido em hospitais próximos da localidade onde ela mora. “Não conseguiu nada? Vai imediatamente a uma Delegacia”, reforça.

Acerca de critérios para se iniciar uma busca, a delegada informa que a Polícia atua de maneira imediata. No momento de se fazer a ocorrência policial, quando se insere o nome da pessoa desaparecida no sistema da Polícia Civil é verificado se esse cidadão pode estar preso (a), se aconteceu uma outra situação envolvendo o nome da pessoa. Então, quando se busca por uma unidade policial  para o registro do fato, as buscas começam.

A Polícia utiliza um telefone funcional para entrar em contato com hospitais e com a Polícia Científica do Pará, que encaminha a remoção de corpos no caso de óbitos, como parte de uma ação de busca pelo desaparecido.  

Um dossiê sobre o caso é organizado pela Polícia, e esse documento permanece sempre aberto, porque não se localizou o paradeiro da pessoa, mesmo utilizando-se de todos os recursos disponíveis ao aparelho de segurança pública do Estado. Os outros dossiês são encerrados mediante o retorno voluntário da pessoa até então desaparecida.

image Sandra e Lucas: uma história de persistência pela vida (Foto: Igor Mota / O Liberal)

Divulgar informações na internet requer cuidado 

Como parte das buscas, a Polícia orienta as pessoas a fazerem a divulgação do caso, embora nem todas queiram divulgar que o seu ente está desaparecido. “E nós orientamos a procurarem também a imprensa, que sempre dá um retorno muito bom, ajudando a divulgar os casos nas redes sociais. Porém, alertamos que a divulgação na rede social é um pouco perigosa, porque a família está fragilizada, quer saber onde está o seu ente, mas existem os espertalhões que se aproveitam disso. Pegam aquele número que está lá para contato e começam a tentar extorquir, aplicar golpe, dizendo que estão de posse da pessoa e que só vão liberá-la mediante um retorno financeiro”, alerta.

Na Divisão de Homicídios, verifica-se que em 50% dos casos de desaparecidos, as ocorrências se referem a pessoas com algum tipo de transtorno mental, ou seja, que não conseguem retornar ao lar por vontade alheia a sua. “São aquelas pessoas que não conseguem se lembrar o caminho de volta”, observa a delegada. A outra demanda é formada por pessoas com algum tipo de vício, seja em bebida alcoólica ou drogas. Há ainda outros 10% de casos que envolvem cidadãos que estão se sentindo ameaçados por um motivo qualquer e que desaparecem voluntariamente.

No que se refere a pessoas com transtornos mentais ou que enfrentam quadros depressivos, a delegada Maria Lúcia recomenda às famílias manter a vigilância, pois trata-se de indivíduos que têm grande probabilidade de saírem de casa e não conseguirem retornar. “Sejam vigilantes, porque em qualquer descuido a pessoa vai para a rua e vai estar exposta a todo tipo de situação, visto que, assim como existem as pessoas de bem, também existem as de má fé que não terão a preocupação de acolher, de informar, ou vão se aproveitar da fragilidade alheia”, arremata.

Filho desaparece por 11 dias, mas é resgatado pela família com ajuda da Polícia

Em 2 de agosto deste ano, começou um drama que tão cedo não será esquecido pela família do jovem Lucas Nascimento Moura, de 28 anos. Foi nessa data que o rapaz desapareceu depois de sair de casa, no bairro da Guanabara, em Ananindeua, na Grande Belém. Lucas só foi encontrado 11 dias depois, no município de Viseu, distante quase 270 quilômetros da capital. "Foi uma graça que Deus nos deu de ter o meu filho de volta", afirma a dona de casa Sandra Moura, 55 anos, mãe de Lucas.

E é ela quem conta como se deu essa história. Em 2015, Lucas passou a dar sinais de ser portador de esquizofrenia, e em 2020 veio o diagnóstico confirmando a doença. Mesmo assim, o caçula dos três filhos de Sandra Moura e do empregado de serviços gerais Oséas Moura, costumava sair de casa para dar uma volta. Ocorre que em 2 de agosto ele saiu por volta das 9 horas e demorou mais do que de costume para regressar..

"Quando notamos que ele não tinha voltado e já havia se passado a manhã, tarde e noite, ficamos preocupados e fomos na Delegacia da Guanabara, de onde seguimos para a Divisão de Homicídios, em São Brás. Foi, então, providenciado o registro da ocorrência", relata dona Sandra. 

A partir da orientação repassada pela Polícia que a família de Lucas buscou pelo seu paradeiro nas casas de familiares, amigos, conhecidos e também na vizinhança e nas redes sociais. Os pais também foram orientados a buscar a imprensa a fim de obter, de forma mais rápida, alguma informação sobre o rapaz, o que também foi feito. "Nós saíamos todos os dias para procurar por ele nas ruas; a gente pegava ônibus e ia para os bairros, a família e os amigos foram todos mobilizados", conta dona Sandra. 

Durante as buscas eram exibidas fotos às pessoas e colados cartazes em postes nas vias públicas. "Várias pessoas começaram a ligar para a gente dizendo que tinham visto o Lucas, mas, depois, víamos que não era ele", relembra Sandra Moura.

Viseu

Mas, em 2 de agosto dona Sandra recebeu um telefonema de Viseu. Do outro lado da linha estava o delegado Kaliel. Ele perguntou se ela era a mãe de Lucas e relatou que ele havia sido avistado em uma praça da cidade há dois dias.

O delegado descreveu as características de Lucas e a mãe teve certeza de que se tratava do filho desaparecido. Para confirmar as informações, o policial providenciou uma foto do rapaz, feita por um PM. Ao receber a foto, a família de Lucas não teve nenhuma dúvida: era ele mesmo.

image Sandra e Lucas, mãe e filho, protagonizaram um final feliz (Foto: Igor Mota / O Liberal)

"Ele estava magro e sujo, tinha a face de quem estava com sono", relata dona Sandra. "Naquele momento, eu fiquei muito alegre, feliz por ter a informação de que o meu filho estava vivo, e então nos preparamos para ir buscá-lo". Policiais ficaram monitorando o rapaz, enquanto os familiares providenciavam o deslocamento até a cidade.

O pai Oséas e um dos irmãos foram de carro até Viseu. Em 13 de agosto Lucas Moura finalmente retornou para casa. "Foi uma felicidade só; nós nos abraçamos e toda a família e amigos comemoraram juntos o retorno dele. Foi um presente de Deus ter o meu filho de volta", diz Sandra. Aquela havia sido a primeira e única vez que o jovem tinha desaparecido de casa.

Segundo a mãe, Lucas não é de falar. Ela conta que, ao retornar para junto da família, o rapaz disse que gostaria de passear e sair um pouco de casa. Lucas toma medicamentos para esquizofrenia. Quando foi reencontrado, ele não estava machucado; porém havia perdido peso porque não comia nada, apenas bebia água, que pedia a populares. Durante todo o tempo em que ficou desaparecido, ele dormiu na rua. Aos familiares, ele contou que chegou em Viseu caminhando e pedindo carona. 

Assim que Lucas foi encontrado, a família comunicou o fato à Delegacia da Guanabara e à Divisão de Homicídios. "Eu agradeço primeiramente a Deus, e depois a todos que nos ajudaram de alguma forma a trazê-lo de volta: família, amigos, a Polícia Civil e também a Polícia Militar de Capanema, especialmente o 3º sargento Valdeniz, o cabo Guimarães e o soldado Gleison", lista dona Sandra, reforçando a gratidão que tem com todos que fizeram parte dessa verdadeira  'força-tarefa' da solidariedade para trazer o filho de volta para os seus braços

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