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Organizações criminosas atuam em áreas periféricas de Castanhal, diz Especialista

Tanto o crescimento econômico quanto a busca por novas rotas para as atividades criminosas atraem as facções criminosas

O Liberal

Organizações criminosas têm sido atraídas para Castanhal, no nordeste paraense, devido ao desenvolvimento econômico do município nos últimos anos. Pólo comercial da zona dos salgados e com forte atividade empreendedora, a  cidade passou a investir em segurança pública para combater a criminalidade. Segundo especialista, um dos pontos principais a ser avaliado nesse contexto é a expansão populacional, que gera áreas periféricas onde facções tentam dominar em função das atuações do mundo do crime.

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Pela proximidade com a região metropolitana de Belém, muitas organizações criminosas têm se deslocado para Castanhal no intuito de dar continuidade às ações ilícitas e ter o controle de locais que são estratégicos para a rota de crimes. Segundo o professor e pesquisador do Programa de Pós-Graduação em Geografia da Universidade do Estado do Pará (UEPA), Aiala Colares, que também é membro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, para combater esses grupos é importante entender como eles se organizam.

“Hoje na Região Metropolitana de Belém temos a presença de uma facção inspirada em um grupo do Rio de Janeiro, e isso está difundido pelos municípios do Pará, inclusive contribuindo para uma dinâmica de controle territorial que se dá com base na extorsão de comerciantes dos bairros em troca de segurança. Desde 2017, a aliança entre a facção do RJ e do Amazonas já colocavam o Pará no centro do debate. Com o fim da aliança, o grupo do RJ torna-se hegemônico no estado, o que não significa dizer que não existam outras facções aqui, pois onde há oposição ao grupo, as mortes violentas intencionais tendem a ser altas” declara.

Segundo Aiala, a grade questão dos grupos criminosos gira em torno do crescimento populacional e da maneira que as facções tentam atuar nas áreas periféricas de Castanhal.

“Castanhal vem passando por um processo de expansão que possui uma polarização em seu entorno e recebe influência de Belém. Isso desencadeou uma expansão das áreas periféricas espontâneas, sobretudo onde esses grupos vão se posicionar. Um exemplo disso é o bairro Jaderlândia, pelo fato de toda a dimensão territorial que esse bairro tem, mesmo com as transformações que vêm sofrendo, ele ainda apresenta um caráter muito periférico e que hoje está sendo apropriado a essa dinâmica criminal”, aponta. 

Para combater esse cenário, diz Aiala, é necessário buscar outras alternativas além de juntar todos os membros desses grupos criminosos em um único espaço. “O sistema prisional teve grande contribuição nesse processo, pois por lá que se dá o ‘batismo’, ou seja, a entrada de pessoas (geralmente jovens) na facção. Em outras palavras, o encarceramento em massa acaba criando as condições que fortalecem as organizações criminosas nos presídios. Por isso, deve-se buscar a compreensão dessa relação entre encarceramento e fortalecimento desses grupos de forma a buscar as melhores alternativas de enfrentamento às facções”, afirma.

Proteção

Conforme o Superintendente da Região Guamá, delegado Tiago Dias, a Polícia Civil tem investido em estratégias e equipamentos para reprimir a atuação de facções. “Com a chegada do crime organizado, Castanhal presenciou um novo desenho da criminalidade no município. Começaram a ganhar força em 2022. Então, iniciamos um tipo de repressão qualificada, na qual a investigação é direcionada a um eixo específico e focada principalmente nos integrantes das facções”, disse.

O delegado ainda apontou o que avalia ser um dos motivos para a atuação dos grupos criminosos em Castanhal. “Eles viram uma maneira de ganhar mais dinheiro por aqui e se alojaram no município. O crescimento do município é muito bom, mas acaba tendo consequências negativas porque passa a atrair mais criminosos. Temos um elevado número de ocorrências, mas trabalhamos em integração com as outras forças de segurança, como a Polícia Militar, a Polícia Científica e a Guarda Civil Municipal”, informou Dias.

Somando a fala do especialista, o delegado afirma que a atuação das facções em Castanhal é por meio de extorsão aos pequenos e médios comerciantes de bairros periféricos. Porém, recentemente, eles passaram a fazer o mesmo com empresas de internet.

“Os integrantes das facções entravam em contato com os comerciantes e pediam dinheiro em troca de proteção. Começaram a fazer também a extorsão com as empresas de internet, ligando diretamente para os donos e diretores. Passaram a furtar os equipamentos dos postes, a ameaçar os técnicos na hora da instalação em determinados bairros. Conseguimos identificar de onde estavam partindo as ameaças e os chefes foram presos. Estamos sempre com várias operações em andamento para impedir esses atos e com o auxílio da polícia de outros estados também”, informou o delegado Dias.

 

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