Jornalista paraense é espancada por ex-namorado lutador; MP denuncia por tentativa de feminicídio
Anderson Navarro foi denunciado após invadir o apartamento da ex-namorada e agredi-la com socos, chutes e ameaças de morte
O Ministério Público do Estado do Pará (MPPA) denunciou o lutador de jiu-jítsu Anderson Navarro por tentativa de feminicídio qualificado por motivo fútil contra uma jornalista paraense, sua ex-namorada. De acordo com a denúncia, o crime ocorreu no dia 28 de agosto, em Belém, após o acusado invadir o apartamento da vítima e agredi-la violentamente.
A denúncia relata que Anderson iniciou uma sequência de agressões físicas com socos, chutes e mordidas, utilizando um travesseiro para abafar os golpes e impedir que a vítima pedisse socorro. Em determinado momento, o agressor colocou uma faca no pescoço da mulher, afirmando que a mataria caso ela procurasse a polícia.
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Na noite do crime, por volta das 22h30, o denunciado invadiu o condomínio da vítima, aproveitando o momento em que um carro entrava pelo portão da garagem. Em seguida, arrombou a porta do apartamento com uma empunhadura de ferro e surpreendeu a jornalista dentro de casa.
Segundo a denúncia do MP, o relacionamento entre o acusado e a jornalista durou cerca de um ano, marcado por "comportamento controlador, ciúmes excessivos e atitudes possessivas". Durante o ataque, o lutador teria proferindo ameaças do tipo: “Tu vai ficar igual àquela mulher do caso do rapaz do elevador!”, em referência à mulher que foi brutalmente com mais de 60 socos pelo namorado.
“Ele colocava a faca no meu pescoço e perguntava se eu queria morrer rápido ou devagar. Colocava o travesseiro no meu rosto e me enchia de socos. Eu falava chorando: ‘Tá doendo, por favor, para’. E ele respondia: ‘Imagine quando eu te der o soco sem esse travesseiro’”, relatou a jornalista à Redação Integrada de O Liberal.
A vítima também afirmou que o agressor espirrou perfume em seus olhos para causar dor e cegueira momentânea, e a forçou a preparar uma mochila, dizendo que a levaria à força para outro local, o que, segundo o MP, demonstra intenção de prosseguir com o ataque até consumar o homicídio.
A jornalista conseguiu escapar ao correr para o apartamento de uma vizinha, onde foi acolhida por outras mulheres do prédio. Populares tentaram conter o agressor, que acabou fugindo antes da chegada da polícia.
“Eu sentia a morte naquela noite, literalmente. Estava sendo sufocada, com uma faca na garganta”, disse a vítima.
Um laudo de exame de corpo de delito confirmou diversas lesões, incluindo equimoses, escoriações e ferimentos hiperemiados, compatíveis com as agressões relatadas.
Ameaças e perseguição
Mesmo após o ataque, a vítima afirmou que continuou sendo perseguida virtualmente pelo ex-companheiro. Em mensagens enviadas após o crime, ele pedia para conversar e tentava se justificar.
“Ele dizia que tudo tinha sido um mal-entendido, que um colega tinha tentado forjar ele. Quando eu disse que estava na delegacia, ele começou a mandar várias fotos nossas, tentando me manipular”, contou.
Com base nas provas reunidas, o Ministério Público do Pará ofereceu denúncia à Justiça, apontando que o crime se enquadra como tentativa de feminicídio qualificado, uma vez que foi praticado por motivo fútil e com uso de recurso que dificultou a defesa da vítima. O caso segue sob investigação.
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