Jogo do Tigre: influenciadora Noelle Araújo fez 10 mil vítimas em esquema criminoso, diz delegado

A influenciadora digital Noelle Araújo, presa nesta terça-feira (19) durante a Operação “Truque de Mestre” da Polícia Civil, que investiga os envolvidos na divulgação do 'Jogo do Tigre' no Pará, fez até 10 mil vítimas por meio de sua participação na atividade criminosa. A informação foi dada pelo delegado geral da Polícia Civil no Estado, Walter Resende, que destacou as cifras milionárias envolvendo o esquema, por meio do qual a influencer conseguia faturar mais de 10 salários mínimos por semana a partir do prejuízo das vítimas.

Considerada foragida desde o dia 18, quando a Polícia Civil cumpriu sete mandados de prisão da operação, Noelle Araújo se entregou à polícia nesta terça, por volta das 10h30, na Seccional do Comércio, em Belém. Ela prestou depoimento e confessou que captava pessoas para participar do Jogo do Tigre, por meio de sua atividade nas redes sociais. Na avaliação do delegado geral da PC, Noelle é uma das principais participantes do esquema criminoso devido ao seu alcance e influência na internet.

 "A situação dela mais agravante é em razão do alcance dela nas redes sociais. Ela tem cerca de 300 mil seguidores. Segundo o depoimento dado, ela conseguia captar de cinco a 10 mil pessoas, fazendo com que conseguisse arrecadar um valor semanal muito maior do que 10 salários mínimos", conta o delegado.

Resende informa que a acusada chegou a contar como iniciou a atividade ilícita e deu detalhes do lucro que vinha obtendo, chegando a movimentar cerca de R$ 23 milhões em três meses. "E nós estamos analisando não somente o depoimento dela, mas tudo aquilo que a gente conseguiu apreender durante a operação, para ver se a condição financeira dela tem lastro suficiente para movimentar todos esses valores". As investigações também apontam que ela está envolvida em um esquema de lavagem de dinheiro por meio da sua boate Palazzo, uma casa de entretenimento adulto no Pará.

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Topo da pirâmide

Ainda que a investigação esteja em andamento, o delegado afirma que a polícia já tem provas suficientes que incriminam Noelle que, após depor, foi encaminhada para fazer exame de corpo de delito - etapa processual da entrada no Sistema Penal. A partir de agora, o depoimento dela será comparado ao de outros investigados presos na última segunda-feira, mas que, a partir de hoje responderão em liberdade. O objetivo da polícia é chegar até o principal responsável pelo esquema do Jogo do Tigre.

"Vamos juntar essas informações a tudo que pudermos trazer para nosso complexo probatório, para entender toda a engenharia dessa pirâmide financeira, saber quem está lá no topo, quem é o principal beneficiado, que certamente não é deste estado. Mas a nossa investigação está avançada, são quatro meses de atividade combatendo esse tipo de delito que só traz prejuízo, principalmente às pessoas de boa-fé", diz Resende.

Outros quatro investigados seguem foragidos e a Polícia Civil ainda tenta localizá-los para cumprir o mandado de prisão. Enquanto isso, o delegado alerta para que as pessoas não caiam em golpes por meio de jogos de azar, como o Jogo do Tigre:

"A orientação é que a pessoa perca a expectativa de que vai ganhar um dinheiro fácil. Esses jogos são uma atividade ilícita, assim como os jogos de azar, caracterizados no Art. 5º da Lei das Contravenções Penais, que é aquele tipo de jogo em que, para ganhar ou perder, a pessoa depende única e exclusivamente da sorte. Na realidade, por ser um jogo virtual, não se tem o controle do resultado, ele pode ser manipulado e quem está patrocinando o jogo sempre vai procurar obter lucro. Muitas vezes tem níveis de sorteio: a pessoa aposta R$ 10 que podem se transformar em R$ 30, R$ 40, mas, em seguida, começa a perder tudo que ganhou e pode colocar em cheque até mesmo o seu patrimônio para tentar recuperar o que perdeu. É um investimento de alto risco onde o prejuízo é certo".