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Clonagem de celulares de gestores públicos do Pará reacende preocupação com segurança virtual

Especialista avalia que autoridades são visadas e que criminosos agem de maneira arquitetada e em bando

Caio Oliveira / O Liberal
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Os casos de clonagem de celulares de gestores públicos no Pará têm sido cada vez mais comuns e tem preocupado por conta dos danos que esse tipo de crime pode causar. Em uma das ações mais recentes, o prefeito de Jacareacanga, Sebastião Aurivaldo (PSDB), informou que teve seus dados invadidos por hackers no dia 28 de julho, que desviaram R$150 mil do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (Fundeb). Ainda no mês passado, o governador Helder Barbalho (MDB) usou suas redes sociais para informar que também foi vítima de clonagem de celular e que um boletim de ocorrência foi registrado. "Estou tomando as providências para resolver o problema", afirmou o governador à época, que também relatou ter passado pelo mesmo problema em maio de 2020.

Em outros episódios, o prefeito Célio Marcos Cordeiro (MDB), de Cumaru do Norte e o Professor Marcos (PSD), prefeito de São Francisco do Pará anunciaram que foram vítimas do mesmo golpe nos últimos meses, emitindo notas em que pediam para que colaboradores e familiares não atendessem a nenhum pedido solicitado. Também houve registro de situação semelhante na Prefeitura de Itaituba.

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Para Lucas Prado Kizan, advogado Mestre em Direito Digital, quando um prefeito ou governador é vítima desse tipo de ataque virtual, toda a população que ele representa é prejudicada. “Há dois níveis diferentes de dano: para o órgão e para a administração pública, que pode também atingir a sociedade, com desvio de verba, que não é causado diretamente pelo gestor, mas por uma pessoa que se passa por ele, com desfalque do dinheiro público. Também podemos falar do dano pessoal, com coleta de informações para um possível sequestro de parentes, visando uma extorsão pessoal deste político”, alerta o advogado de proteção de dados.

De acordo com o especialista, em um mundo cada vez mais presente no ambiente virtual, qualquer pessoa pode ser alvo desse tipo de crime, em um sistema que ele chama de “sorteio do mal”. Contudo, autoridades políticas geralmente são visadas por criminosos que sabem exatamente o que estão procurando. “Pode ser que um gestor público seja sorteado, mas quando falamos de uma invasão de autoridade de estado, falamos de algo arquitetado, premeditado, ajustado para atingir aqueles objetivos específicos. Quando isso acontece, costuma haver uma associação criminosa por trás, até para dar os meios tecnológicos suficientes e as informações necessárias para atingir as autoridades. É um pouco arriscado um 'lobo solitário' atingir um governador, um prefeito, porque a resposta do poder público vai ser mais intensa”, avalia Lucas Kizan.

"Quando falamos de uma invasão de autoridade de estado, falamos de algo arquitetado, premeditado"

Ainda segundo o especialista, as prefeituras de cidades do interior do Estado estão mais expostas a esses ataques por conta de questões como menor investimento em segurança. “Quanto mais equipado o órgão, mais protegida vai ser essa autoridade. Quando falamos da Prefeitura de Jacareacanga, por exemplo, eu falo com convicção que a segurança do executivo municipal nem se compara com a do federal. Possivelmente, estamos falando de um nível de segurança baixo, e talvez até inexistente”, analisa. O gabinete do prefeito de Jacareacanga informou que denunciou o crime na Delegacia de Polícia Federal de Itaituba, que confirmou a abertura do inquérito, mas disse que não poderia ceder mais informações.

Lucas Kizan diz que, para evitar que esses casos se repitam, é essencial esse contato com as forças de segurança, além do investimento na prevenção à clonagem de dispositivos e em ações que permitam que se chegue mais rápido aos culpados. “É necessária a criação de uma política de segurança da informação, de proteção de dados, que preveja procedimentos específicos, para prevenir e responder a eventuais incidentes de segurança. São etapas criadas tanto pela tecnologia da informação, quanto pela segurança da informação, jurídico, marketing, que vão municiar o órgão e o gestor para reduzir o risco de exposição online e de dados pessoais”, aconselha o advogado.

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