Caso Kate a Luz: um ano depois, ex-modelo paraense alega inocência e vítima rebate com prints
Kate Torres, que está presa, escreveu carta contando a própria versão do caso e relata detalhes sobre dia a dia na prisão
Há mais de um ano desde que o caso da ex-modelo paraense conhecida como ‘Kate a Luz’ ganhou visibilidade da mídia nacional, a suspeita de promover tráfico de pessoas e exploração sexual se pronunciou pela primeira vez e alega inocência. A declaração de Katiuscia Torres Soares, de 35 anos, ocorreu por meio de carta enviada ao podcast ‘A Coach’, do jornalista Chico Felitti. Kate diz que nunca teria obrigado a vítima, Desirrê Freitas, de 27 anos, a se prostituir. Versão que foi rebatida pela jovem que apresentou prints sobre o caso.
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A acusação feita pelo Ministério Público federal (MPF) aponta que Kate a Luz teria cometido os crimes nos Estados Unidos contra ao menos uma brasileira. Atualmente, a paraense está presa no Instituto Penal Santo Expedito, em Bangu, e diz que sairá da prisão com a inocência comprovada.
“Eu acredito que vou sair (da cadeia) inocentada, porque eu sou inocente! Eu nunca fiz nada! A Desirrê Freitas se prostituía sozinha, eu era apenas amiga dela! Amiga de conversar no WhatsApp. Depois que eu fui ver que os perfis de prostituição eram reais e não fakes, mas a culpa não era minha. Nunca levei ninguém para morar em casa”, escreveu Kat em um trecho da carta.
Depois da divulgação da alegação, Desirrê respondeu a carta e afirmou que “não tem como esconder o que aconteceu” após as provas serem apresentadas.
“Se eu era apenas amiga de Katiuscia, de conversar no WhatsApp, por que eu saía de madrugada do clube de striptease e ia para a casa dela, com a corrida sendo paga pelo cartão de crédito de seu marido? Katiuscia é viciada em controlar a narrativa, agora não seria diferente. Ela está tentando me descredibilizar, mas não tem como esconder o que aconteceu. Outras vítimas e pessoas também chegaram a confirmar publicamente que moraram com Katiuscia antes, eu não fui a única”, disse a jovem, que chegou a escrever um livro contando a experiência com Kate. “Eu não apenas me prostituía a mando de Katiuscia, como também todo o dinheiro era entregue a ela”, informou Desirrê.
No portal O Globo aparecem imagens de documentos do processo que mostram que, por várias vezes, Desirrê teria pego corridas de aplicativo das proximidades da casa de Kate até o clube de striptease "The Landing Strip", no Texas (EUA), onde a garota diz que era obrigada a se prostituir. O trajeto nunca saia da casa da guru, pois seria um pedido para que não levantasse suspeitas. Além disso, o cartão de crédito usado para pagar várias dessas viagens era cadastrado em nome de Zachary Menkin, então companheiro de Kate.
Além disso, transações feitas através do banco de transferências internacionais “Wise” também indicam que Desirrê enviava altas quantias em dinheiro para Kate todas as semanas. Um extrato emitido em dezembro de 2022 mostra que a vítima teria enviado US$ 8,1 mil dólares à guru - cerca de R$ 40 mil. A jovem afirma que os valores eram referentes aos programas realizados.
Rotina na prisão
Entre as revelações feitas por Kate a Luz, na carta ela também deu detalhes sobre a rotina na prisão e revela que emagreceu e perdeu cabelo.
“Um dia aqui no Santo Expedito? Você pode imaginar o inferno? Um pouco pior do que isso. Não somos tratados como seres humanos aqui. Eu cheguei a perder 22 quilos e todos os cabelos da cabeça! Meu cabelo tá curtinho, isso já tem 2 ou 3 meses. Mas eu estava doente e morrendo de anorexia, cheguei a passar 5 ou 6 dias sem comer! Não tenho amizades aqui dentro, porque é uma cadeia. Não tem como fazer amizades aqui. Aqui tudo que você fala sem maldade pode acabar te custando a sua vida ou o seu rosto todo cortado, já aconteceu comigo uma vez, graças a Deus não deixou marcas”, contou.
Relembre o caso
A brasileira Desirrê Freitas, de 26 anos - na época -, deixou de fazer contato com pessoas próximas depois que se mudou para os Estado Unidos. Para amigos e familiares, ela teria sido vítima de seita, rede de prostituição ou tráfico humano. A jovem teria sumido após receberem proposta para trabalhar com Katiuscia Torres Soares, conhecida internacionalmente como Kate Torres, ou Kat A Luz, ex-modelo paraense, natural de Belém.
Segundo o MPF, até o dia 2 de novembro de 2022, Kat Torres “aliciou, alojou e acolheu a jovem brasileira mediante fraude, com a finalidade de submetê-la a trabalho em condições análogas à escravidão e a qualquer tipo de servidão e de exploração sexual, prevalecendo-se de relações de coabitação e hospitalidade, e sob jornada exaustiva e condições degradantes”. A suspeita supostamente dizia estar falando através do que ela chamava de ‘Voz’, tipo de entidade da seita criada por ela. A ex-modelo paraense teria submetido a vítima a uma rotina extenuante em clubes de strip que começava às 10h da manhã e ia até, pelo menos, às 23h. O dinheiro arrecadado era todo entregue à falsa guru.
Escritora e life coach, Kate morava na Pratinha, em Belém, e se mudou para os Estados Unidos depois de se formar em cinema e artes cênicas. Conseguiu reconhecimento e muitos trabalhos importantes, chegando a desfilar para grandes marcas como Victoria 's Secrets, Gillette e Lóreal. No ano de 2013, a paraense foi fotografada ao lado de Leonardo DiCaprio em Cannes, na França, e chegou a ser apontada como affair do ator.
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