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Anapu: comunidade no Lote 96 tem escola incendiada durante a madrugada

Um grupo armado teria iniciado um ataque à comunidade. Algumas pessoas tiveram que se abrigar em uma área de mata para se esconder dos atiradores

Fabyo Cruz
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Na madrugada desta sexta-feira (19), um grupo armado teria iniciado um ataque à comunidade do Lote 96, no município de Anapu, no sul do Pará. Moradores do local, em áudios, relatam que o grupo atirou contra as casas dos agricultores, algumas pessoas tiveram que se abrigar em uma mata para se esconder. Os atiradores também teriam incendiado a escola comunitária Paulo Anacleto. Por volta das 8h30, agricultores bloquearam uma estrada. Eles estavam inconformados com a falta de proteção no local. Ao todo, 54 famílias de agricultores habitam na localidade, que fica na gleba pública federal Bacajá, uma área com mais de 80 mil hectares criada em 1983.

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“A gente tava bem perto da escola, tínhamos acabado de passar, a gente viu a escola pegando fogo, apagamos as luzes e viemos pra cá, e caímos no mato. A gente ouviu os cachorros latindo, e realmente eles vieram aqui, tá cheio de pegadas aqui quando a gente chegou agora de manhã. Passamos a noite toda na casa de outra família, passou um drone por cima da gente. Antes da gente chegar, teve uns tiros aqui perto da fazenda, contamos que foram 15 disparos de cartuchos. Estamos esperando a chegada da polícia que até agora nada”, disse em áudio no WhatsApp uma pesquisadora e desenvolve um trabalho na região.

O Ministério Público Federal (MPF) enviou ofícios ao Governo do Pará, para questionar sobre quais providências estão sendo tomadas para apurar o que ocorreu na área e pediu que seja avaliada a possibilidade de manter policiamento ostensivo no local pelos próximos 15 dias. Segundo o MPF, o Programa de Proteção aos Defensores de Direitos Humanos também foi acionado, porque uma das lideranças integra o programa por conta de ameaças de morte.

Por meio de nota, a Secretaria de  Segurança Pública e Defesa Social do Pará (Segup) informou que “a situação que ocorre em Anapu, na área dos lotes 96 e 28, é de competência dos órgãos federais, pois trata-se de uma região sob a responsabilidade da União. Entretanto, equipes das Polícias Militar e Civil estão no local para dar apoio e agir dentro das atribuições legais do estado”.

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Nas redes sociais, a jornalista Eliane Brum publicou uma foto da escola comunitária Paulo Anacleto com um desabafo: "Esse cadáver era a escolinha de palha do lote 96, em Anapu. A pistolagem a mando tacou fogo na noite de ontem. Nesta semana, o líder camponês Erasmo Theofilo já tinha recebido mais uma ameaça de morte, prova do acirramento de uma violência que já era extrema. As crianças já passaram por atentados e tiveram duas casas incendiadas, só alguns meses atrás. Já estavam totalmente traumatizadas e foi difícil convencê-las a voltar à escola. E agora isso", escreveu.

"Sabem por que os grileiros queimam a escola? Porque a escola é posse da terra, é permanência, é construção de vida, é movimento de futuro no presente. Os camponeses construíram a escola na terra onde vivem e da qual vivem. Os grileiros colocam bois para garantir a posse da terra com a qual pretendem especular. O Incra tinha criado o Assentamento Dorothy Stang, no lote 96. E depois voltou atrás por pressão da grilagem. É isso que acontece quando o Estado fica na mão das milícias", finalizou

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