Justiça determina prisão preventiva do homem que ateou fogo na companheira e na filha em Salinópolis
O juiz titular disse que a brutalidade do delito demonstra que o suspeito possui “personalidade violenta, desprovida de freios morais, com alto grau de periculosidade”
O Tribunal de Justiça do Pará (TJPA) determinou nesta segunda-feira (29/12) a prisão preventiva de Edson Vales Coelho, suspeito detido por atear fogo na companheira, Thayse do Nascimento, e também na filha do casal, de apenas 11 anos. O caso aconteceu no domingo (28/12) no interior da residência do casal, em Salinópolis, no nordeste do Pará. Edson ainda conseguiu fugir de motocicleta do local do crime, mas foi interceptado pela Polícia Militar na BR-316, em Santa Izabel do Pará, na Região Metropolitana de Belém, depois de colidir contra uma viatura da corporação.
O juiz Antonio Carlos de Souza Moitta Koury, titular da Vara Única da Comarca de Salinópolis, disse na decisão que Thayse, apesar da condição física visivelmente debilitada, prestou depoimento por videoconferência, relatando os momentos de desespero vivenciados e confirmando que o companheiro cometeu o crime.
Devido à gravidade da conduta, risco de fuga e necessidade de garantia da ordem pública e da instrução criminal, a Polícia Civil representou pela conversão da prisão em flagrante para preventiva.
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“O delito cometido reveste-se de extrema repugnância e reprovabilidade social. O autuado, por motivo torpe – suposta traição da companheira –, esperou que ela e a filha menor estivessem dormindo para, covardemente, lançar sobre ambas substâncias inflamáveis (gasolina) e atear fogo em seus corpos, causando-lhes queimaduras gravíssimas, com risco concreto e iminente de óbito”, afirmou o magistrado.
Segundo Koury, o caso trata-se de violência baseada em gênero, “praticada no seio do lar, evidenciando-se a situação de vulnerabilidade da mulher e da criança, agravada pelo uso de meio cruel, pela surpresa e pela natureza das lesões provocadas, que demandaram internação hospitalar intensiva em unidade especializada, conforme consta nos autos”.
O juiz contou que a brutalidade do delito demonstra que o suspeito possui “personalidade violenta, desprovida de freios morais, com alto grau de periculosidade”. E que ele não distingue os laços afetivos com as vítimas como barreira à prática dos atentados. Diante de todos os comportamentos de Edson, Antonio converteu a prisão do suspeito para preventiva. Ele segue à disposição da Justiça.
Estado de saúde das vítimas
Thayse e a filha seguem internadas. Os ferimentos que a mulher teve foram mais graves De acordo com o Corpo de Bombeiros Militar do Pará (CBMPA), ela teve queimaduras de terceiro grau na face, tórax, braços e pernas, enquanto a menina apresentou queimaduras de segundo grau nos membros inferiores. Por enquanto, o estado de saúde atualizado das duas é desconhecido.
O major Rodrigo do Vale, comandante do 13º Grupamento Bombeiro Militar (13º GBM) e que também atuou como perito na ocorrência, disse que, assim que as vítimas chegaram ao quartel, os agentes iniciaram os protocolos de atendimento pré-hospitalar, “priorizando a estabilização clínica, o cuidado humanizado e o rápido encaminhamento ao Hospital Regional de Salinópolis, em razão da gravidade das lesões”.
“O Corpo de Bombeiros Militar do Pará realiza a perícia técnica no local do sinistro, com o objetivo de esclarecer as circunstâncias, a dinâmica do incêndio e os elementos técnicos da ocorrência, contribuindo com as investigações conduzidas pelos órgãos competentes”, destacou.
Em nota, a PC disse que o suspeito “recebeu alta médica e foi encaminhado ao Sistema Penitenciário”.
O caso
Thayse e a filha estavam dormindo em casa. Uma câmera instalada perto da residência onde elas estavam registrou o momento em que o suspeito foge de moto. Pelo áudio da gravação, é possível ouvir o grito de uma criança. Vizinhos perceberam a situação e correram para ajudar as vítimas. Um deles conseguiu retirar um lençol em chamas da residência e jogá-lo no meio da rua, evitando que o fogo se espalhasse.
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