Ambientalista de Belém é encontrado com vida após 11 dias desaparecido
A Delegacia de Pessoas Desaparecidas investiga as circunstâncias do caso

Após 11 dias desaparecido, o ambientalista Pedro Paulo dos Moraes Lima, de 61 anos, foi encontrado com vida no último sábado (17), segundo informou a Polícia Civil. A Delegacia de Pessoas Desaparecidas investiga as circunstâncias do caso. Pedro Paulo estava desaparecido desde o dia 6 de maio, o que gerou preocupação entre amigos, familiares e representantes de instituições ligadas à causa ambiental e aos Direitos Humanos.
Atuação do ambientalista e conflitos em área protegida
Pedro Paulo é militante e diretor da ONG Guardiões e Amigos do Parque Ecológico (Gape), e uma das causas com as quais vem se envolvendo é a defesa de uma área de proteção ambiental situada nas proximidades do Conjunto Bela Vista, em Belém.
A disputa que envolve os terrenos é antiga, como relata a advogada Rosemary Pereira de Oliveira, da Comissão de Direitos Humanos da OAB do Pará, que acompanha o caso. Segundo ela, os terrenos foram vendidos de forma irregular a moradores do conjunto. O desaparecimento do ambientalista teve início no sábado (3), quando ele se encontrava na sede da associação do Conjunto Bela Vista e foi supostamente agredido por um homem identificado como Thiago — que seria advogado e também morador do local.
VEJA MAIS
Ambientalista está refugiado no Amazonas
Em um áudio divulgado na internet, Pedro Paulo pede proteção e afirma que está buscando refúgio no Amazonas para se manter em segurança.
Giacomo Marini, conselheiro e membro da ONG Gape, confirma que o ambientalista está refugiado no Amazonas e que está bem após o episódio. “Ele tem parentes lá [no Amazonas]. Ele está bem, está muito abalado e com dificuldade para se manter por lá, mas está bem no momento. Estamos esperando para ver o que a gente pode fazer para punir as pessoas que estão ameaçando, não só ele, mas todos nós da associação que estão querendo as áreas para vender”, relata.
Advogado nega agressão e fala em “revanchismo”
Nesta segunda-feira (19), o advogado Thiago dos Santos reiterou que não agrediu o ambientalista, como já havia afirmado em nota enviada à reportagem no dia 11 de maio. "Continuo afirmando que não o agredi. Bem como, continuo reafirmando que se trata de revanchismo e dor de cotovelo de pessoas ligadas à organização da qual ele faz parte, o Gape, pois já atuei em vários processos contra membros desse grupo", argumenta.
"Sobre os supostos fatos, inicialmente tentaram emplacar uma grave lesão corporal ou tentativa de homicídio. Desesperados por conta do laudo que nada apontou nesse sentido, tentaram sustentar um desaparecimento, sempre ligando o nome deste advogado", completa Thiago. O ambientalista também foi procurado pela reportagem para detalhar o caso. No entanto, segundo membros da ONG da qual ele faz parte, Pedro Paulo prefere, por ora, não se manifestar à imprensa.
O caso: agressão, hospital e bilhete com alerta
Após a suposta agressão, o ambientalista foi levado ao Pronto-Socorro da 14 de Março, onde passou por exames e foi liberado. No dia seguinte, saiu de casa, passou mal na rua e desmaiou. Ele foi socorrido e encaminhado ao Hospital Metropolitano.
Na terça-feira (6), Pedro havia combinado com um amigo — motorista de aplicativo — de levá-lo ao médico. Quando o amigo chegou à residência, Pedro não apareceu.
Como o amigo tinha a chave da casa — já que Pedro Paulo morava sozinho — decidiu entrar e encontrou um bilhete com a mensagem: “Estou sendo ameaçado de morte”. Diante disso, os amigos se mobilizaram e buscaram apoio da Comissão de Direitos Humanos da OAB-PA. “Foi aí que começamos a procurar por parentes, em hospitais e até no IML, mas ele não foi encontrado. O boletim de ocorrência foi registrado na sexta-feira (9)”, explicou Rosemary.
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