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Startups paraenses buscam soluções na área da saúde

PROJETOS - Grupos trabalham no desenvolvimento de um sanitizante e de uma plataforma para evitar a propagação de infecções contagiosas

Cleide Magalhães
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As demandas atuais da saúde pública, como a pandemia de covid-19, impulsionaram a busca de p esquis adoras de uma startup paraense por um sanitizante barato, de viável aplicação no controle de doenças contagiosas e com tecnologia verde, garantindo a segurança alimentar, em especial de um dos frutos mais saborosos do Pará: o açaí.

O sanitizante deverá ser eficaz inclusive na higienização de outras frutas e legumes, ajudando no desenvolvimento sustentável do Pará. Ele será um passo importante para auxiliar nas boas práticas não só dos batedores de açaí, mas de pequenos produtores rurais, pois, com maior controle de qualidade, estes produtos ficam mais competitivos e vendáveis.

Essas são as principais finalidades do projeto “TAKK: Biocida de amplo espectro microbiológico para limpeza doméstica e hospitalar e higienização de alimentos”, desenvolvido pela BioActive, startup paraense focada em pesquisa e tecnologia e que desenvolve produtos e processos para os setores cosmético, farmacêutico e alimentício.

“O projeto consiste no escalonamento da produção de um sanitizante de amplo espectro para limpeza geral eficaz contra agentes patogênicos virais e bacterianos e avaliação da sua eficácia, como antiplasmodial frente ao Trypanosoma cruzi, agente etiológico da doença de Chagas, auxiliando na prevenção de uma doença negligenciada de importância regional ”, explica a pós-doutora em Química Márcia Souza, que é pesquisadora e coordenadora da BioActive. Ela trabalha com as pesquisadoras Alessandra Pereira e Diana Gradíssimo. Ainda segundo Márc i a S o u z a , o o b j e t i vo principal é a segurança alimentar, com destaque para uma das frutas mais especiais do Pará: o açaí.

“Nosso sanitizante vem se somar às opções disponíveis para a higienização de alimentos, em especial do fruto do açaí. Apesar de técnicas como o branqueamento serem eficazes, os custos de implementação dificultam o uso dessa tecnologia por muitos batedores de açaí”.

Assim, “buscamos trazer uma alternativa mais barata e de fácil aplicação que possa ser utilizada pelos batedores. As diferentes concentrações do biocida permitem aplicação também na limpeza doméstica e em hospitais”, afirma a coordenadora da BioActive. A empresa foi aprovada na primeira etapa do Programa Mulheres Inovadoras, iniciativa da Finep - Inovação e Pesquisa, empresa do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), que objetiva estimular o crescimento de startups lideradas por mulheres.

Projeto utilizará software em nuvem

No Estado, outro produto em desenvolvimento por uma empresa também 100% paraense, tendo como estratégia o combate a infecções contagiosas com a utilização de técnicas de visão computacional é o “Rastreamento digital de contatos”. Ele se baseia na localização e identificação de pessoas infectadas, das pessoas que tiveram contato com elas e está associado às medidas de prevenção, para evitar a propagação de infecções contagiosas.

image Adailton Lima é sócio da startup MedBolso, vencedora do Desafio 1 da área de Saúde no Pitch Gov.ES (Ivan Duarte / O Liberal)

O projeto foi criado pela startup MedBolso, vencedora do Desafio 1 da área de Saúde no Pitch Gov. ES, programa de inovação proposto pelo governo do Espírito Santo. “As técnicas de visão computacional para o rastreamento de contatos permitirão que apenas as interações sociais da pessoa infectada sejam identificadas, preservando, assim, a privacidade de outras pessoas envolvidas”, frisa Adailton Lima, sócio da startup.

Lima explica que o projeto utilizará software em nuvem, aplicativos móveis e inteligência artificial. “A plataforma MedBolso poderá analisar imagens de ambientes monitorados, para identificar contatos próximos, gerar uma rede de contatos e disparar notificações somente a pessoas com risco de contágio de doenças contagiosas”.

O produto é desenvolvido especificamente para ser utilizado em ambientes médicos, como clínicas e hospitais, particulares ou públicos, que podem ser espaços de contato direto e próximo entre pessoas. “Assim, profissionais de saúde e pacientes poderão avisar a plataforma ou receber avisos de alertas de contato próximo com outras pessoas suspeitas ou confirmadas”, ressalta ele.

Iniciativas ligadas ao PCT Guamá

As duas startups têm ligação com o Parque de Ciência e Tecnologia (PCT) Guamá. Elas também têm em comum o fato de estarem entre as aprovadas na primeira fase do Programa Startup Pará.

“Ficamos em nona posição. É muito gratificante ser contemplado em um edital do nosso Estado, principalmente com um projeto voltado à saúde da nossa gente, poder dar retorno através de um projeto de controle de uma doença ainda tão negligenciada”, afirma a doutora em Química Márcia Souza.

“Agora, com a vitória no edital da Fapespa, aguardamos o início do programa para iniciar a fase de prototipação, na qual buscaremos parcerias com entidades públicas e privadas, para avaliarmos na prática o uso de rastreamento de contatos”, conta Adailton Lima.

Programa

O programa é organizado pelo governo do Estado, por meio da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Educação Superior, Profissional e Tecnológica (Sectet), Secretaria de Planejamento e Administração do Estado do Pará (Seplad) e Fundação Amazônia de Amparo a Estudos e Pesquisas (Fapespa).

Maria Trindade, coordenadora do Startup Pará, explica que o intuito da iniciativa é apoiar a criação e implantação de soluções, métodos e processos de base tecnológica que explorem a inovação e a cultura empreendedora.

“Como uma startup de tecnologia baseada em software e nuvem, a MedBolso não consome nenhum recurso natural da Amazônia diretamente. Desta forma, contribuímos para uma matriz econômica de negócios digitais e não poluidores. Além disso, o incentivo a novos negócios digitais, que podem atender o mercado interno paraense, ajudar a melhorar a balança comercial, que hoje é desvantajosa ao Pará, já que compra muito mais do que vende tecnologia em relação ao resto do Brasil”, ressalta Lima.

“Já iniciamos a etapa de aceleração do edital e estamos testando as diferentes apresentações de nosso biocida em laboratórios acreditados para registro na Anvisa. Pretendemos que a produção deste biocida seja feita aqui no nosso Estado, ajudando a aquecer a indústria local, além de trazer um produto mais acessível aos nossos clientes do Pará”, enfatiza a coordenadora e pesquisadora da BioActive.

Trindade informa que, no edital 002/2020 do Governo do Estado, estão disponíveis R$ 2,8 milhões e 30 propostas foram selecionadas, das quais 20 poderão estar aptas a receberem recursos de apoio financeiro em duas modalidades.

“Na modalidade Novos Negócios pode chegar até R$ 80 mil. Enquanto para as startups participantes da modalidade Aceleração o apoio financeiro pode alcançar até R$ 200 mil. O apoio financeiro será realizado para dez propostas de cada modalidade, após a avaliação final da participação no programa”.

Neste momento, as empresas estão em fase de qualificação e recebem monitorias individuais e outras atividades coletivas para melhorarem a proposta. A avaliação final será feita por especialistas. Elas têm um ano para execução da proposta. 

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