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Skate Social: Terapia das crianças do Paar que chegou longe

O projeto ajuda crianças de várias idades através deste esporte que ganhou evidência nos últimos anos, passando a ser olímpico

Igor Wilson
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Uma ideia na cabeça e um skate nos pés. Foi assim que começou o Ananin Skate Social no canteiro central do bairro do PAAR. O projeto ajuda crianças de várias idades através deste esporte que ganhou evidência nos últimos anos, passando a ser olímpico. De 2014 para cá o Ananin Skate Social conseguiu descobrir jovens talentos e, principalmente, apresentar o skate como terapia para diversas famílias das proximidades.  

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Criado por um grupo de amigos da ‘velha guarda’ do skate na cidade, o projeto opera de forma simples, mas com resultados positivos no auxílio ao desenvolvimento e melhora da qualidade de vida infantil. As atividades do Ananin Skate Social acontecem em uma das quadras de futsal do canteiro. Com alguns obstáculos de madeira espalhados pelo espaço, os alunos se divertem livremente aos sábados. Com as obras do canteiro central em andamento, o projeto social precisou interromper os encontros. 

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Mas ficar em casa na manhã de sábado será por pouco tempo. A relevância que o Ananin Skate Social mostrou ter na vida das crianças fez com que o poder público entendesse os benefícios do esporte. A construção de um espaço exclusivo para a prática do skate no bairro do Curuçambá, em Ananindeua, será entregue nos próximos meses, de acordo com a prefeitura do município, que investiu mais de dois milhões no projeto que contará com uma área de 5.296,70 m². Para quem começo de forma simples em uma quadra, as expectativas são as melhores possíveis.  

“Eu fazia parte de um projeto parecido quando morei na Cidade do Cabo, na África do Sul. Quando voltei para o Brasil decidi que iria fazer algo parecido aqui. O skate tinha acabado de se tornar esporte olímpico e pensamos que seria muito bom reunir os amigos das antigas e fundar algo para motivar as crianças e é o que vem acontecendo”, diz o skatista Raul Palheta, professor do Ananin Skate Social. 

Abraão e Pimentinha 

Na pequena quadra do canteiro central do PAAR surgiram crianças que buscaram o Ananin Skate Social com diversas finalidades. A maioria, segundo Raul, mora nas proximidades. As risadas e o som das rodas do skate rolando pelo chão de cimento despertam a vontade da criançada que passa pelo movimentado canteiro, ponto de encontro de muitos moradores. “A maioria chegou aqui ao ver outras crianças brincando. Eles veem e pedem para os pais. Aqui nossa metodologia e dar o skate para a criança e deixar ela se divertir livremente. Entendemos isso como fundamental para que ela goste do esporte, da interação com outras crianças e desperte a vontade de praticar mais vezes”, diz o professor.  

image Pimentinha usa skate como esporte e terapia (Divulgação/ Skate Ananin)

Foi assim que Maria Vitória, mais conhecida como ‘pimentinha’, chegou no projeto. A menina de sete anos nasceu com Transtorno do Espectro Autista (TEA) e frequenta o projeto há pouco mais de um ano. Tempo suficiente para a própria família reconhecer o esporte como fundamental na vida da criança. Pimentinha chegou no projeto após ver crianças brincando na quadra enquanto estava na parada de ônibus com sua mãe. Seus olhos brilharam ao ver outros meninos e meninas brincando com skate. Imediatamente, ela pediu a mãe para ir até a quadra e deixar o ônibus para mais tarde. Ela já tinha visto na televisão algumas conquistas de Rayssa Leal, a ‘Fadinha do Skate’. O sucesso da atleta que hoje é um dos expoentes do skate mundial despertou algo no coração de pimentinha, que não perdeu a oportunidade de participar do projeto, que possui entre seus alunos duas crianças com TEA e uma com hiperatividade.  

“Maria Vitória precisa de remédio controlado. Quando ela faz esporte, seja andando de skate ou bicicleta, ela tem mais facilidade de ter uma vida tranquila. Ela gosta muito de esporte e o skate é o preferido, faz parte do tratamento dela. Quando ela vai andar de skate, as vezes ela nem precisa de remédio para dormir, pois liberou a energia toda e fica tranquila. Tem sido muito bom, assim como para os amiguinhos dela”, diz Rosa Rubra, mãe de Maria Vitória. 

Outro aluno de destaque é Abraão Menom. O menino de 10 anos surpreendeu a equipe do Ananin Skate Social desde sua chegada. “O Abraão desde o primeito contato com o skate disse para o pai dele que ele tinha um diferencial, um talento natural”, explica Raul. A descoberta do talento de Abraão veio após seu pai ser demitido do trabalho e acompanhar o quanto seu filho ficava ocioso em casa. Hoje o atleta mirim disputa competições regionais e nacionais, sempre levantando a bandeira do Ananin Skate Social. 

“Eu havia ficado desempregado e passei a ficar mais tempo em casa com Abraão. Foi quando percebi que a criança ficava muito tempo em casa fazendo nada. Sempre no celular e tudo mais. Comecei a pesquisar esportes que poderíamos fazer juntos para estreitarmos os laços. Um dia, quando ele estava procurando vídeos de manobras de bike, acabou vendo vídeos de skate. Ele disse ‘égua pai, isso é muito legal’ e ali percebi que era aquilo. No natal de 2019 demos um skate e ele começou”, diz Abraão Moraes, pai da revelação. 

A química entre a criança e o skate foi instantânea. Em alguns meses, as primeiras conquistas começaram a aparecer. “Quando o Abraão começou a frequentar, começamos observar esse algo a mais. Passaram seis meses e ele disputou sua primeira competição, que foi a seletiva para o campeonato paraense. Ele ficou em terceiro lugar e os bons resultados começaram a aparecer em outros torneios, inclusive na seletiva para o campeonato brasileiro, que foi disputado na Bahia em dezembro do ano passado”, diz Raul. Na competição nacional, Abraão alcançou a 30ª colocação entre 60 participantes. De acordo com o pai, Abraão quer mais, as vezes até se cobrando demais.  

“Ele disse pra mim depois do Campeonato Brasileiro que podia ter sido melhor, não ficou tão satisfeito. Eu ri, expliquei que para alguém que começou a andar de skate um dia desses, ser o trigésimo melhor skatista do Brasil entre pessoas da mesma idade está bom demais. Eu sei que com a vontade que ele tem, coisas melhores virão”, diz o pai esperançoso. No último domingo, mais uma conquista do garoto: Abraão conseguiu classificação para o Campeonato Brasileiro de skate, ficando em 4º lugar na disputada seletiva do North Skate Attack, ocorrida em Belém..  

Novo espaço fica pronto em breve 

O prefeito de Ananindeua, Doutor Daniel Santos, assinou em março a Ordem de Serviço para a construção do primeiro espaço público de esportes radicais. O local fica na avenida Independência, bairro do Curuçambá, e tem aproximadamente 5.296,70 m². 

O Espaço Radical, segundo a prefeitura, terá estacionamento com bicicletário, box para vendas e complexo de banheiros, área refrescante para após as atividades com fonte interativa, bancos contínuos cobertos com pergolados, paisagismo, miniciclovia para atender às crianças, área para Slackline, Le Parkour, arena oficial de Skate Street e pista de BMX, além de circulações livres para iniciantes na prática destes esportes e para construção de arquibancadas em dias de competição. “As aulas deram uma parada por causa da obras no canteiro do PAAR, mas estamos todos contando os dias para o término desta outra obra. Ananindeua precisava muito disso para conseguir integrar seus jovens”, diz Raul Palheta.  

Dados sobre TEA 

Segundo dados do CDC (Center of Deseases Control and Prevention), órgão ligado ao governo dos Estados Unidos, existe hoje um caso de autismo a cada 110 pessoas. Dessa forma, estima-se que o Brasil, com seus 200 milhões de habitantes, possua cerca de 2 milhões de autistas, 1 em cada 110 pessoas 

Entre as crianças, o número é maior: 1 em cada 44 tem TEA. 

A prática de esporte ajuda crianças e adultos a gastar energia acumulada e libera as endorfinas, hormônios capazes de trazer felicidade.  

O esporte estimula a prática e evolução dos movimentos da criança com TEA. Atividades que a tornam mais capaz de controlar e guiar os instrumentos com sua função. 

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