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Pesquisa relata medo na comunidade acadêmica para o retorno às atividades

Estudo feitos com professores e alunos das universidades paraenses apresenta quadro de descrença sobre a capacidade das instituições de voltarem com segurança

Eduardo Rocha
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Estudantes, professores e técnicos de Instituições do Ensino Superior (IES) públicas em Belém mostram-se receosos de um eventul retorno às atividades presenciais no contexto da pandemia da covid-19. É o que indica uma pesquisa coordenada por professores da Universidade do Estado do Pará (Uepa) e Universidade Federal do Pará (UFPA), que acabou originando uma cartilha com reflexões e sugestões de práticas que podem contribuir para uma futura retomada de atividades presenciais nas IES na capital paraense. O estudo intitula-se "Reflexões sobre o retorno presencial - Vozes da comunidade acadêmica". O levantamento envolveu mais de 2.000 membros da comunidade acadêmica, entre graduandos, pós-graduandos, docentes e técnicos-administrativos de IES.

A cartilha tem sido divulgada pelas redes sociais, mas pode ser solicitada pelo e-mail labsolucoeseducacionaisufpa@gmail.com ou acessado online.

A coordenação coube aos professores Paulo Delage (Uepa) e Aline Menezes (UFPA). Eles atuam na área de Psicologia Escolar. Aline Menezes coordena o Laboratório de Soluções Educacionais (LSE), e Paulo Delage atua no grupo  de pesquisa G.A.M.E.S,  que estuda jogos aplicados aos contextos de ensino, educação e saúde, sediado na Escola de Enfermagem da Uepa, desde 2017.

Paulo Delages destaca  "a ambiguidade em relação a este retorno". "Ao mesmo tempo em que a comunidade acadêmica demonstrava anseio por reencontrar os amigos e colegas e retornar a uma rotina, a tônica das falas eram predominantemente de preocupação e medo desse retorno. De um modo geral as pessoas não acreditam que as instituições possam prover os cuidados necessários, fornecendo EPI's e garantindo que todos sigam as regras sanitárias. Além disso, vários salientaram que o risco de contágio vai muito além das salas de aula e incluem até mesmo a realidade extra-muros das instituições, pois estar presencialmente na universidade envolveria deslocamentos, uso de transporte público, contato com outras pessoas... Em suma, as pessoas querem voltar às suas vidas e atividades rotineiras, mas não se sentem seguras para tal enquanto não houver uma vacina". O professor pontua que o medo do retorno se deve tanto ao receio de ser contaminado quanto o de contaminar. ".

Acolhimento

 "É importante que a comunidade acadêmica sinta que este retorno está acontecendo porque nós decidimos quando e como retornar e não que este retorno esteja acontecendo para atender uma agenda política externa à universidade. Além disso, é importante que as universidades demonstrem condições de cumprir as medidas de segurança pelo menos em seus espaços internos, que incluem salas de aula, laboratórios, restaurantes universitários, banheiros e etc.", assinala o professor Delage.

A professora Aline Menezes observa que apesar que participaram também da pesquisa pessoas do IFPA e da UFRA. "Há um grande receio e sentimento de insegurança com a possibilidade de um retorno precoce, fazendo com que a maioria seja contra o retorno no momento em que a pesquisa foi realizada; ainda assim, há um sentimento generalizado de saudade dos pares, desejo de retomar a rotina e as atividades regulares e de poder estar novamente na instituição. Esse dado parece importante por mostrar um vínculo forte com a instituição de caráter afetivo, mas que não é superior ao receio de contaminação caso haja decisões precipitadas", frisa a professora.

A docente destaca os relatos de sobrecarga, estresse e ansiedade. "Esse dado nos apresenta uma comunidade adoecida e precisará de acolhimento neste retorno, com ações bem estruturadas que garantam a saúde física e mental de seus membros". "O retorno, como destaca, será um momento desafiador, onde muitos estarão exaustos, enlutados e ansiosos e a instituição precisa se preparar adequadamente para isso".

Professora Aline sintetiza o cenário detectado, afirmando três aspectos: "As instituições precisam criar condições sanitárias adequadas, com disponibilização de espaços de higienização, equipamentos de proteção individual, campanhas educativas e distribuição do fluxo de pessoal em horários alternados; indicamos a necessidade de desenvolver espaços de acolhimento psicológico e de amparo individual e/ou coletivo para receber essa comunidade adoecida; há expectativa de retomada de conteúdos ministrados antes do isolamento e/ou remotamente, a incorporação de temáticas ligadas à pandemia nos planos de ensino e a rediscussão de prazos e propostas, de modo a serem compatíveis com um novo calendário acadêmico a ser desenvolvido".

 

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