Pará registra queda de 45,5% nas mortes por SRAG entre idosos em 2025, aponta Sespa
O alerta consta da nova edição do Boletim InfoGripe da Fiocruz; atualização é referente à Semana Epidemiológica 19, no período de 4 a 10 de maio

Em pouco mais de cinco meses de 2025, o Pará registrou uma redução de 45,5% nas mortes por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) entre idosos, com 103 óbitos neste grupo — número inferior aos 189 registrados no mesmo período de 2024. Ao todo, o estado contabilizou 2.190 casos de SRAG entre 1º de janeiro e 21 de maio de 2025, conforme dados da Secretaria de Estado de Saúde Pública do Pará (Sespa). O cenário atual representa uma redução de 10,3% em relação ao mesmo período do ano passado, que teve 2.443 ocorrências.
Nesse mesmo panorama, a influenza A já se tornou a principal causa de mortalidade por SRAG em idosos e uma das três principais causas de óbitos por SRAG entre crianças em todo o Brasil. O cenário também aponta aumento nas hospitalizações por influenza A em diversas partes do país, com níveis moderados a altos de incidência em vários estados do Centro-Sul, além de alguns do Norte e Nordeste. A atualização é referente à Semana Epidemiológica 19, período de 4 a 10 de maio.
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O alerta consta da nova edição do Boletim InfoGripe da Fiocruz, divulgado no dia 15 deste mês. Em alguns estados, principalmente das regiões Centro-Oeste e Sudeste, o aumento apresenta sinais de desaceleração ou até de reversão, de acordo com a atualização da Semana Epidemiológica 19. “Apesar disso, ainda não é o momento de relaxar os cuidados nessas regiões, já que a incidência de casos continua alta ou moderada”, disse a pesquisadora Tatiana Portella, do Programa de Computação Científica da Fiocruz e do InfoGripe.
A especialista chama atenção para o fato de que a mortalidade por SRAG em crianças pequenas se aproxima daquela observada entre os idosos. A principal causa de mortalidade por SRAG nos idosos é o vírus da influenza A, seguido pela Covid-19. Já nas crianças pequenas, o VSR permanece como a principal causa de mortalidade por SRAG, seguido pelo rinovírus e pela influenza A.
Incidência de alerta
O Pará e mais sete unidades federativas (Amapá, Distrito Federal, Espírito Santo, Goiás, Maranhão, Sergipe e Rio Grande do Norte) apresentam incidência de SRAG em níveis de alerta, risco ou alto risco, porém sem sinal de crescimento na tendência de longo prazo. A análise continua observando um crescimento do número de casos de SRAG em crianças pequenas associado ao VSR (vírus sincicial respiratório) — vírus respiratório altamente contagioso.
Diante desse quadro, a pesquisadora Tatiana Portella orienta que todas as pessoas dos grupos mais vulneráveis se vacinem contra o vírus da influenza “o quanto antes”. Os pesquisadores do InfoGripe reforçam que a vacina é a ação mais eficaz para prevenir hospitalizações e mortes causadas pela doença. “Além disso, reforçamos a importância do uso de máscaras em unidades de saúde, locais com maior aglomeração de pessoas e, principalmente, em caso de aparecimento de sintomas de gripe ou resfriado”, afirmou.
Vacinação
Em nota, a Sespa informou que a vacinação contra a influenza e a Covid-19 continua sendo a principal forma de prevenção da Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG). "A Sespa também orienta sobre medidas complementares, como etiqueta respiratória, higienização das mãos, uso de máscara por pessoas com sintomas gripais, ventilação dos ambientes e isolamento de casos suspeitos", completa o comunicado da secretaria.
Nível de alerta
No agregado nacional, verifica-se sinal de aumento de casos de SRAG em diversos estados, tanto nas tendências de longo prazo (últimas 6 semanas) quanto nas de curto prazo (últimas 3 semanas). Esse cenário se deve ao crescimento de SRAG nas crianças pequenas, associado principalmente ao VSR, e na população de jovens, adultos e idosos, associado ao vírus da influenza A. O VSR mantém uma incidência expressiva tanto de casos quanto de mortalidade por SRAG em crianças pequenas. Outros vírus de destaque nessa faixa etária são o rinovírus e a influenza A.
Na presente atualização, 15 das 27 unidades da Federação (UFs) apresentam incidência de SRAG em nível de alerta, risco ou alto risco, com sinal de crescimento na tendência de longo prazo: Acre, Amazonas, Bahia, Ceará, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Rondônia, Roraima, Santa Catarina, São Paulo e Tocantins. Além disso, outras oito UFs apresentam incidência de SRAG em níveis de alerta, risco ou alto risco, porém sem sinal de crescimento na tendência de longo prazo: Amapá, Distrito Federal, Espírito Santo, Goiás, Maranhão, Pará, Sergipe e Rio Grande do Norte.
“Os casos de SRAG por VSR continuam em ascensão em diversos estados. Contudo, já é possível observar indícios de desaceleração desse crescimento ou até mesmo início de queda em alguns estados do Centro-Oeste e Sudeste, além do Maranhão. Apesar dessa interrupção do crescimento, a incidência de SRAG em crianças pequenas na maioria dessas localidades segue elevada”, informa Portella.
Além disso, os casos de SRAG na população de jovens, adultos e idosos — geralmente associados à influenza A — seguem em franco crescimento em muitos estados, chegando a patamares de incidência de moderado a muito alto nessas faixas etárias em diversos estados do Centro-Sul (Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, São Paulo, Espírito Santo e Santa Catarina), além de alguns estados do Norte (Amapá, Pará e Rondônia) e do Nordeste (Ceará e Maranhão).
“Apesar de Piauí e Pernambuco não apresentarem incidência geral de SRAG em níveis de alerta ou risco, os casos de SRAG entre crianças com menos de 2 anos nesses estados seguem aumentando, já alcançando níveis moderados de incidência para essa faixa etária, o que requer atenção”, informa a pesquisadora.
Situação nas capitais
Quatorze capitais apresentam incidência de SRAG em nível de alerta, risco ou alto risco, com sinal de crescimento na tendência de longo prazo: Belo Horizonte (MG), Boa Vista (RR), Cuiabá (MT), Curitiba (PR), Florianópolis (SC), Manaus (AM), Natal (RN), Porto Alegre (RS), Porto Velho (RO), Recife (PE), Rio de Janeiro (RJ), São Paulo (SP), Teresina (PI) e Vitória (ES).
Nas quatro últimas semanas epidemiológicas, a prevalência entre os casos positivos foi de 30,1% de influenza A, 0,7% de influenza B, 55,3% de vírus sincicial respiratório, 16,1% de rinovírus e 2,6% de Sars-CoV-2 (Covid-19). Entre os óbitos, a presença desses mesmos vírus entre os positivos foi de 63,7% de influenza A, 1,4% de influenza B, 14% de vírus sincicial respiratório, 10,3% de rinovírus e 12,9% de Sars-CoV-2 (Covid-19).
Em nível nacional, o cenário atual sugere sinal de aumento nas tendências de longo (últimas 6 semanas) e curto prazo (últimas 3 semanas). No ano epidemiológico de 2025, já foram notificados 56.749 casos de SRAG, sendo 26.415 (46,5%) com resultado laboratorial positivo para algum vírus respiratório, 21.863 (38,5%) negativos e ao menos 4.916 (8,7%) aguardando resultado.
Entre os casos positivos deste ano, observou-se: 15,3% de influenza A, 1,4% de influenza B, 42,7% de vírus sincicial respiratório, 25,8% de rinovírus e 16,1% de Sars-CoV-2 (Covid-19).
Incidência e mortalidade
A incidência e a mortalidade semanais médias, nas últimas oito semanas epidemiológicas, mantêm o cenário típico de maior impacto nos extremos das faixas etárias analisadas. A incidência de SRAG apresenta maior impacto em crianças pequenas e está associada ao VSR.
A mortalidade por SRAG nessas crianças se aproxima daquela observada entre os idosos. A principal causa de mortalidade por SRAG nos idosos é o vírus da influenza A, seguido pela Covid-19. Já entre as crianças pequenas, o VSR permanece como a principal causa, seguido pelo rinovírus e pela influenza A. (Com informações da Agência Fiocruz de Notícias)
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