Mais de 880 cirurgias de fissura labiopalatina são realizadas no centro de referência do Pará
Conhecida como lábio leporino, a condição tem tratamento que garante qualidade de vida ao paciente
Cerca de 85 cirurgias de fissura labiopalatina, condição conhecida como lábio leporino, foram realizadas em 2022. Ao longo de quatro anos, a Fundação Santa Casa de Misericórdia, referência no tratamento de fissuras craniofaciais no Pará, contabilizou 881 procedimentos. Atualmente, não há fila de espera. A má formação atinge uma em cada 650 crianças no Brasil. O Diário Oficial da União publicou, na última semana, uma medida que cria o Dia de Conscientização sobre a Fissura Labiopalatina, a ser celebrado em 24 de junho, por meio da Lei 14.404/2022. A importância da comemoração é para divulgar informações e contribuir na redução do preconceito em relação às pessoas que nascem com o problema.
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O lábio leporino é uma malformação congênita, ou seja, nasce com a criança, sendo possível identificar o problema no pré-natal. A deformidade inclui o lábio, nariz e o céu da boca, sendo necessário tratamento ainda nos primeiros meses de vida. Especialistas afirmam que as causas para o aparecimento da fissura são diversas e vão de fatores genéticos a ambientais, envolvendo deficiência nutricional, uso de drogas, entre outros.
O cirurgião plástico Flávio Brayner faz parte da equipe multiprofissional que atende os casos na Santa Casa e ressalta que os procedimentos podem se estender até a vida adulta, dependendo da complexidade do caso. “O ideal é que as cirurgias comecem precocemente: aos 3 meses de idade é feita a primeira, que é a do lábio, depois a do palato, normalmente após o primeiro ano. Assim, as cirurgias seguem conforme a necessidade”, explica.
O tratamento consiste na união de diversas áreas do setor: cirurgia craniofacial e plástica, neurocirurgia pediatria, pediatria, otorrinolaringologista, odontologia, fonoaudiologia, psicologia, nutrição, serviço social, enfermagem e assistente administrativo. A fonoaudióloga Débora Costa atua no local desde 2007 e diz que a junção é fundamental para o sucesso do atendimento e o desenvolvimento adequado do paciente. “Para o sucesso, o ideal é que venham desde os primeiros dias. Na fase de recém nascido, a gente acompanha a questão da dificuldade de alimentação desse paciente, que é o nosso foco, e ele vai seguir em tratamento. A partir de 1 ano de idade, o foco já muda, começamos a desenvolver a questão da fala da criança. No primeiro contato, a porta de entrada é a cirurgia. O paciente é acolhido pela assistente social, enfermeira e cirurgião. É aí que a família conhece todas as fases”, destaca a especialista.
Mayara Alencar é mãe do João Miguel, de 4 anos. Na última consulta de pré-natal, ela recebeu a notícia de que o filho tinha a fissura, alcançando todo o lábio e o céu da boca. Com sete dias de vida, eles foram transferidos para a Santa Casa, iniciando o processo. A primeira cirurgia que o pequeno realizou foi aos 4 meses e, hoje, a família comemora o resultado de todo esforço e paciência. “Fiquei bastante apreensiva quando descobri. Mas, hoje ele não tem dificuldade na fala, nem para se alimentar. A cirurgia deixou o rosto perfeitinho”, conta Mayara.
Tipos de fissura
- Fissura labial: afeta apenas os lábios do paciente. O cirurgia garante alta mais cedo, após os procedimentos;
- Fissura palatal: atinge somente o céu da boca. Geralmente, o acompanhamento vai até adolescência;
- Fissura labiopalatal: quando lábio e céu da boca são afetados pela má formação.
Serviço
A população pode procurar pela Unidade Básica de Saúde (UBS) mais próxima para uma primeira consulta. Lá, o agendamento será feito, assim como o encaminhamento para a Santa Casa, que atende pacientes regulados pelas UBS.
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