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Mais de 50 caminhões estão parados no porto de Vila do Conde

Fila diminuiu, mas caminhoneiros continuam esperando há mais de uma semana para descarregar

Victor Furtado
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Após denúncias da longa e desconfortável espera de caminhoneiros, para entrar no porto de Vila do Conde, em Barcarena, vários trabalhadores foram colocados para dentro do espaço, isolando-os de contato com a imprensa e com representantes sindicais. Dos quase 200 caminhões que estavam parados na quinta-feira (6), ao menos 50 ainda restam. Todos aguardando há cerca de uma semana para descarregar. Os motoristas seguem sem condições de fazer higiene pessoal, se alimentar adequadamente e fazer necessidades fisiológicas. A Companhia Docas do Pará, que administra o porto, mesmo questionada, ainda não deu nenhuma posição.

O Sindicato (Sindicam) aponta que só uma de três balanças de carga está funcionando. E somente um operador do equipamento está trabalhando por turno. Quando a entidade trabalhista tomou conhecimento da situação, foi proibida de fazer fotos e vídeos da situação em que os caminhoneiros se encontravam. Foi quando os trabalhadores foram colocados forçosamente para dentro do porto, sem pesagem adequada e sem estrutura para abrigar os veículos. O sindicato foi proibido também de entrar no porto e manter contato com os motoristas. Diante disso, Eurico Tadeu Miranda, presidente do Sindicam, registou um boletim de ocorrência na Delegacia de Barcarena.

Eurico considera que os caminhões estão em situação análoga à escravidão. Estão sem ter fazer necessidades fisiológicas e higiene pessoal; estão se alimentando mal e só com ajuda de vendedores ambulantes; não conseguem dormir por falta de segurança à noite e risco de assaltos; e estão perdendo dinheiro por passarem mais tempo que o necessário para descarregar ou carregar. Quaisquer reclamações são reprimidas com ameaças de "corte de placa", uma espécie de banimento da entrada do caminhão no porto. Isso faz com que muitas denúncias nem sejam formalizadas e o sofrimento dos caminhoneiros tenha sido ocultado há algum tempo.

O filho do caminhoneiro Aldo Onofre, que também é caminhoneiro, está preso dentro do porto da CDP. Ele está desde segunda-feira para descarregar e, nesta sexta-feira, ainda não havia conseguido. Na semana passada, Onofre passou de terça a sábado para fazer uma descarga. "De ontem (quinta) para hoje (sexta), só cinco caminhões descarregaram. Na frente do meu filho, ainda tem pelo menos uns 20. Quando cheguei hoje, um colega já me perguntou se fiz a feira. Já sei que vou passar muito tempo aqui", comentou.

Gustavo Souza trabalha com Onofre e diz que quem reclama é alvo de ameaças e terrorismo. O tal "corte de placa". Então para não perder trabalho, os caminhoneiros se sujeitam a fazer o mato de banheiro e gastar praticamente tudo o que ganham de comissão para se alimentar e tomar água. 

Ulisses Moreira Amaral é caminhoneiro autônomo. Na manhã desta sexta-feira (7), ficou surpreso com a ausência de uma longa fila, algo que ele é acostumado a enfrentar no porto. Para ele, a estrutura não condiz com a de outros portos do país. "Até no porto de São Luís (MA) tem pátio de triagem. Aqui não. Parece uma fazendona abandonada. Não tem banheiro, onde comer, não tem bebedouro. A gente faz as necessidades num saco e joga no mato. E como pode só ter uma única balança? É um absurdo. Quando tem duas balanças, só tem um balanceiro. O mesmo que nada. Já cheguei a passar três dias aqui parado", relata.

Nesta sexta-feira (7), a fila de veículos para entrar no porto nem de longe parecia com a do dia anterior. Isso porque a maioria dos veículos estava dentro do porto. "Dia atípico esse. Nunca tem pouca gente. Já passei mais de três dias aqui parado, perdendo tempo, dinheiro, sono. A gente fica aqui sem ter o que comer, sem ir ao banheiro... Deveria ter um atendimento mais rápido", critica Ivan Rodrigues, caminhoneiro de uma empresa.

Eurico ainda afirma que há notas fiscais falsas emitidas pelos contratantes dos caminhoneiros. Usam esse recurso para burlar as fiscalizações devido às balanças quebradas e sobrecarregarem os caminhões.

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