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Estilista de Santarém faz sucesso com criações baseadas na biodiversidade amazônica

A moda no Brasil e no mundo vem cada vez mais adotando modelos de produções sustentáveis

Ândria Almeida
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A moda no Brasil e no mundo vem adotando cada vez mais modelos de produção sustentável. Na Amazônia, a escolha por esse viés ganha ainda mais impacto por ser ela própria uma região que é exemplo e ao mesmo tempo objeto da luta pela preservação. Muitos estilistas buscam referências profissionais e corporativas na Amazônia. Nessa linha, os novos profissionais, principalmente os que representam a região, tem estampado nas criações conceitos ecológicos que respeitam os saberes tradicionais dos povos.

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A estilista trans Maria Flor, de 23 anos, natural de Brasília, criada no município de Santarém, oeste do Pará, é uma promessa nesse ramo e nesse novo conceito - ela busca capitanear de forma crítica as confecções que realiza a partir das vivências e conservação de processos naturais e da biodiversidade local.

A estilista trabalha há oito anos com moda sustentável e usa o talento, criatividade e muita irreverência para chamar a atenção da sociedade quanto a temas considerados delicados. Essa ousadia e crítica social começou quando a profissional fez o primeiro croqui, que é um desenho feito no papel a fim de idealizar as peças. Nesta etapa, Maria lembra que teve um bloqueio por achar que não conseguiria tirar as criações do papel com a mesma essência do que defendia.

image Peças trouxeram reflexões sobre poluição dos rios e queimadas (Divulgação/ Bárbara Pereira)

A estilista fez um curso de corte e costura para resolver o obstáculo, mas isso não foi o suficiente, então fez outro curso. “Foi onde eu pude perceber que eu poderia trabalhar com pintura manual, que no caso seria estamparia manual, como tinhas, tecidos e onde eu desenvolvi um trabalho de um projeto que eu já fazia como montagem de uma drag com inspiração da mata amazônica, da floresta amazônica, que seria uma entidade que vinha revoltada com desmatamento, poluição, queimada e corpos marginalizadas dentro da Amazônia”, enfatizou.

image Irreverência chama atenção para temas delicados (Divulgação/ Bárbara Pereira)

Nesse contexto, Maria Flor revela que nasceu a marca Mulambra, criada através do personagem idealizado por ela. “Comecei a criar peças com fauna e flora da Amazônia para me espalhar essa drag e evolução dela para outras pessoas. Então eu fiz essas representações através de pintura manual”, contou.

Moda sustentável

Maria Flor já trabalhou com costura, desenho e hoje ela atua com pintura manual, onde reconstrói peças de moda sustentável ou tecido de pano cru. Quando há a necessidade de costura nas peças, ela fecha parceria com outras costureiras ou pessoas trans. “Para mim desenvolver a pintura manual em cima das peças é estimulante, eu que idealizo as ideias, criou as peças, defino o formato de desfile e passarela”, destaca.

Ela conta ainda que escolhe os modelos dos desfiles pessoalmente. Até o momento, a estilista já realizou três desfiles desde que enveredou na carreira, cada um com uma mensagem de cunho crítico social. “Sempre tento trazer a coleção uma fala ativista, onde a gente traz uma moda crítica”, enfatizou.

Aposta nas vendas on-line

A estilista está estruturando o perfil que possui nas redes sociais para fazer vendas a partir daí. Maria passou a residir em Belém a pouco tempo com o objetivo de reconstruir o público-alvo.

Para quem tiver interesse em conhecer e acompanhar, siga o perfil @roledamariaflor.

Representatividade trans

Maria Flor relata que a vivência como travestir é uma ênfase no trabalho que desenvolve. Ela conta que é a primeira travesti do oeste do Pará a confeccionar moda sustentável e ativista, que traz a valorização dos povos originários, e pessoas trans, povos quilombolas, fauna e flora.

Mas nem tudo foi colorido na vida da estilista, que precisou trilhar um caminho solitário até se descobrir como estilista. Maria relata ter sido expulsa de casa aos 14 anos de idade.

“Tudo isso vem da força da travesti, e isso tudo conta um pouco da minha história. Fui expulsa de casa muito cedo, aos 14 anos de idade e desde então a minha única forma de sobrevivência foi a arte, o teatro de rua, poesia, música. Eu trouxe toda a minha bagagem de vida para a moda”, contou.

A travesti explica que se identifica como um gênero que não se reconhece nem como mulher e nem homem. E isso faz com que sempre desenvolva peças não binárias, sem identificação de feminino e masculino. “O mundo vai além de homem e mulher. Essa é a minha visão da moda e a minha forma de falar”, completou.

Coleção ‘Ninho de Cobra’

Maria Flor lançou recentemente uma coleção intitulada ‘Ninho de Cobra’. As peças trouxeram uma reflexão sobre as poluições dos rios e queimadas, representada por meio de peças que imitavam cinco cobras, onde cada uma fazia referência a um problema social, entre elas a Cobra Grande que é uma sucuri, que na cultura é conhecida como a mulher do rio”, detalha.

image Criações valorizam elementos dos povos originários (Divulgação/ Bárbara Pereira)

De acordo com a ativista, a nova coleção carrega uma experiência de fazer crítica social sustentável, principalmente, afirma ela, que a correlação está em reforçar sobre a falta de preservação é cada vez mais um processo perigoso para cadeia alimentar e para o equilíbrio da natureza, precisamente da Amazônia.

“Essa coleção fala muito sobre isso. A revolta da cobra grande falando por ela e pelas delas”, finalizou.

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