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De 5% a 8% das crianças e adolescentes do Pará estão obesas

A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que, em 2025, 75 milhões de crianças no planeta estarão obesas e a pandemia só aumentou o problema

O Liberal
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No Pará, a obesidade afeta 6,37% das crianças de 0 a 5 anos; 5,82% das crianças de 5 a 7 anos; 7,2% das crianças de 7 a 10 anos; e 8,5% dos adolescentes. Os dados são da Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa), com base no relatório público do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (Sisvan) do Ministério da Saúde, referente a 2020. A obesidade infantil é um problema que vem aumentando, de forma considerável, em todo o mundo. O Atlas da Obesidade Infantil no Brasil concluiu que três a cada dez crianças, de 5 a 9 anos, estão acima do peso no país.

A situação se tornou mais crítica durante a pandemia de covid-19. Em 2025, a Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que a obesidade pode atingir cerca de 75 milhões de crianças no planeta. A cada ano, a doença atinge um público infantil cada vez maior. Estudos mostram que o fechamento das escolas também contribuiu para o crescimento da doença. Diariamente, milhares de crianças recebem merenda escolar que é montada por nutricionistas, com tabela nutricional adequada para as necessidades das idades. Além disso, o isolamento social reduziu as atividades físicas, em especial aquelas feitas em grupo. O tempo dedicado às atividades sedentárias, como videogames, celulares e outras telas, se tornaram a única opção de diversão da maioria.

A nutricionista Beatriz Garcia, especialista em imunonutrição e nutrigenômica, afirma que é imprescindível que a rede de apoio familiar colabore para evitar o ganho de peso de crianças e adolescentes durante a pandemia.

"Somos influenciados pelo meio em que vivemos. As crianças, em especial, aprendem muito mais pelo exemplo que os pais oferecem. Dessa forma, procure construir hábitos alimentares e estilos de vida saudáveis em família. Procurem resgatar as habilidades culinárias e trazer as crianças para dentro das cozinhas, fazendo com que participem do processo de preparo de algum alimento. Isso, além de despertar o interesse em experimentar alimentos novos, reduz o consumo excessivo de alimentos industrializados", recomenda Beatriz.

 

Tratamento multidisciplinar para combater a obesidade infantil

O tratamento da obesidade infantil deve envolver uma equipe multidisciplinar, formada por nutricionista, pediatra e até psicólogo. Beatriz aponta que a saúde física e mental estão interligadas. Pessoas com depressão e ansiedade tendem a descompensar na alimentação, seja no excesso ou no consumo deficiente, recorrendo muitas vezes a alimentos calóricos e de baixo valor nutricional.

A nutricionista alerta para outros fatores de risco, como o consumo excessivo de alimentos ultraprocessados (sucos artificiais, salgadinhos) e refrigerantes. Em detrimento disso, reduzem o consumo dos alimentos in-natura (frutas, legumes e vegetais). Com a pandemia, muitas rotinas e hábitos se perderam. A dificuldade em regular o sono se tornou um problema para muitas famílias e a nutricionista também faz um alerta.  "A falta de sono e insônia, a qualidade e as horas do sono são importantes para manter as taxas hormonais e imunidade reguladas", ressalta.

É na infância que os hábitos alimentares são formados. Além dos exemplos vivenciados com a família, o assunto é uma questão coletiva, que exige atuação de políticas públicas que incentivem a ingestão de mais produtos in-natura e aponte os malefícios dos ultraprocessados.

Estudo desenvolvido por pesquisadores do Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde (Nupens), da Universidade de São Paulo (USP), em parceria com a Imperial College London, no Reino Unido, apontou que crianças que consomem alimentos ultraprocessados se tornam adultos mais obesos. Durante 17 anos, foi avaliado o consumo desses produtos por períodos prolongados, da infância até o início da vida adulta. Os resultados foram: esses hábitos alimentares estão relacionados com os piores padrões de obesidade.

No Pará, os Programas Crescer Saudável e Saúde na Escola (PSE) são responsáveis pelas ações de prevenção da obesidade entre crianças e jovens. O PSE atua na promoção de práticas corporais, atividade física e na promoção da alimentação saudável. Já o Crescer Saudável, em creches de vários municípios, realiza o apoio à gestão municipal e a profissionais de saúde e de educação no planejamento de ações efetivas que incentivam a alimentação adequada. Além disso, o programa atua na aplicação de recursos capazes de contribuir com a prevenção, redução e controle da obesidade infantil nas áreas de atuação.

 

Apoio familiar é essencial para reverter um quadro de sobrepeso infantil

Devido ao isolamento social, a rotina imposta às crianças contribuiu para que as taxas de sedentarismo aumentassem. O pequeno Pedro Henrique, 12 anos, há mais de um ano precisou adaptar suas atividades para dentro de casa, mas não foi o suficiente para evitar o ganho de peso. A situação logo foi notada pela mãe, Anne Tavares. "Eu percebi que ele estava acima do peso porque não importava qual exercício fizesse: até caminhar ao ponto de ônibus, ele cansava rápido. Os roncos noturnos também se tornaram frequentes e conforme ia engordando, a altura não era compatível", explicou.

A dificuldade de regular a alimentação em crianças é enorme. A mãe de Pedro Henrique complementa que na pandemia se tornou mais difícil, devido ao uso constante de meios eletrônicos. "Ele ficou somente em casa. Usava o videogame, depois o celular e toda hora procurava algo pra comer. Como não podia ir se encontrar com amigos, a rotina maçante ajudou muito para o aumento de peso dele", relata.

Com a retomada gradual das atividades ao ar livre, a possibilidade do retorno presencial das aulas e as rotinas voltando, os danos causados à alimentação das crianças e jovens podem ser reversíveis. Uma alimentação com mais frutas, folhas, menos processados e o convívio com outras crianças para a prática de exercício físico podem melhorar a saúde. "Levar os jovens para atividades físicas e de lazer em praças, praias, parques, que tenham contato com a natureza, melhora a interação social e gasto energético contribuindo para uma melhor qualidade de vida" finaliza a nutricionista Beatriz Garcia.

(Karoline Caldeira, estagiária sob a supervisão de Victor Furtado, coordenador do Núcleo de Atualidades)

 

INFO

 

A nutricionista alerta para outros sinais clínicos que podem servir de alerta para obesidade:

 

- Excesso de peso, gordura abdominal e/ ou periférica;

- Dificuldades respiratórias, são crianças que cansam rápido, fazendo pequenos esforços, devido o excesso de peso e a pressão dele no abdômen;

- Manchas escuras na pele, principalmente nas dobras: pescoço, axilas, virilhas. Essa reação é causada devida a resistência insulínica;

- Roncos durante a noite, algumas vezes provocadas por um distúrbio chamado apnéia. No qual ocorrem interrupções momentâneas na respiração durante o sono.

 

 

 

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