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Crises emocionais na pandemia podem ter aumentado número de partos prematuros

Segundo psicóloga do Hospital Materno-Infantil de Barcarena, apoio profissional é essencial para as puérperas em isolamento

Caio Oliveira
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Em 2021, a percentagem de partos prematuros registrados no Hospital Materno-Infantil de Barcarena Dra. Anna Turan (HMIB) foi o dobro da registrada no ano passado. Dos 734 nascimentos registrados na unidade entre janeiro e maio de 2020, 86 foram prematuros, o que representa 12%. Já este ano, dos 579 nascimentos registrados no mesmo período, 139 foram prematuros, ou seja, 24% dos nascimentos aconteceram antes do período estimado para a gestação. Segundo especialistas, a pandemia do coronavírus pode ter influência nesses dados, já que as crises emocionais que têm aumentado em todas as pessoas estão afetando de maneira específica muitas gestantes, e por consequência, os bebês.

 

“As mudanças para as puérperas já acontecem em um contexto normal, em um processo que a gente chama de crise transicional. Ela sai do universo de mulher e passa pelo processo de gestação, puerpério, e automaticamente, tem mudanças em suas relações. Com a pandemia, a gente percebe que sintomas de alterações emocionais ficaram mais intensos, sobretudo, por causa das dificuldades em sair de casa”, explica Daniella Dias, psicóloga do HMIB.

 

Ainda de acordo com a profissional, há uma pressão para que mães experimentem a maternidade como o melhor momento de suas vidas, com idealizações e expectativas que, na maioria das vezes, diferem das experiências que elas são expostas, ainda mais em um contexto pandêmico, onde muitas são afastadas da rede de apoio familiar por conta do isolamento social. Quando a gestação termina em um nascimento prematuro, gerando um bebê que precisa de cuidados especiais, outros problemas graves podem surgir no pós-parto e afetar a relação entre mãe e filho.

 

“É no período gravídico-puerperal que há maior vulnerabilidade para a ocorrência de alterações emocionais na mulher. Neste momento, a mãe pode ter dificuldades sociais, insegurança, medo, ansiedade e pensamentos negativos sobre essa nova experiência”, afirma a psicóloga.

 

De acordo com o Hospital, os distúrbios emocionais que podem afetar uma puérpera são vários, e vão desde os mais comuns - como o baby blues, período de alterações emocionais, como melancolia, tristeza materna ou irritabilidade que atinge 85% das mulheres nas primeiras semanas - até casos mais graves, como depressão pós-parto, transtorno de pânico puerperal e psicose puerperal. Nesses casos, a mãe pode apresentar sintomas como tristeza prolongada, perda de motivação, culpa, ansiedade elevada e, no contexto da psicose, quadro delirante e alucinatório.

 

Para combater esses problemas da gestação e puerpério, especialistas recomendam um fortalecimento do suporte familiar e cuidados com a alimentação e exercícios físicos, além de um pré-natal adequado. Por conta das dificuldades em cumprir esses requisitos em razão da pandemia, o uso das redes virtuais se tornou essencial, “Como psicóloga, posso cuidar do outro pela internet. Já se fala muito em pré-natal psicológico, não só para quem já é gestante. Ele pode ser trabalhado com as tentantes, para quem deseja ter um bebê. Isso pode ser levado até o puerpério. Indicamos que essa mãe no pós-parto faça o acompanhamento psicológico até os seis meses a um ano do bebê e essa possibilidade de redes virtuais colabora positivamente, sem dúvida”, encerra Daniella Dias.

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