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Cesáreas já correspondem por 60% dos partos realizados por planos no Pará em 2019

Os dados foram apresentados na terça-feira (11) e representam um alerta para a saúde materna

O Liberal
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Em 2019, a cesariana se tornou a principal forma de partos realizados por planos de saúde. No Pará, dos 50.177 partos realizados e custeados por planos de saúde, 60,79% foram cesáreas. Os dados são mais altos no cenário nacional: Foram 1.354.656 partos feitos e 69,97% foram por cesárea. Esses são dados apresentados na última quarta-feira (11) no Painel de Indicadores de Atenção Materna e Neonatal, e atualizados pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS).

As orientações do Conselho Federal de Medicina (CFM) são: uma cirurgia cesariana, antes do início do trabalho de parto, deveria acontecer apenas depois das 39 semanas de gestação, mas não é a realidade de boa parte das cirurgias realizadas. O painel mostra que 56,71% das cesáreas foram realizadas antes do início do trabalho de parto e outros 37,29% ocorreu em mulheres com idade gestacional entre 37 e 38 semanas.

Para a ANS, os números são preocupantes e acrescenta, "Bebês nascidos abaixo de 39 semanas têm mais chances de apresentar incapacidade de manutenção da temperatura corporal, imaturidade pulmonar e maior dificuldade de sucção do leite materno", informa o órgão. Ainda com informações da ANS, a maioria das mulheres preferem o parto normal, mas o medo e estruturas hospitalares acabam influenciando na decisão por uma intervenção cirúrgica.

"Dados da pesquisa Nascer Saudável realizada pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) demonstram que a maioria das mulheres inicia o pré-natal optando pelo parto vaginal e mudam de opinião ao longo da gestação. As principais causas determinantes da elevada proporção de cirurgias cesarianas no Brasil incluem a forma atual de organização da rede de hospitais, que não favorece o parto vaginal, o modelo de remuneração baseado na realização de procedimentos, a preponderância de uma cultura médica intervencionista e as características psicológicas e culturais das pacientes, dentre outras", avalia a agência.

A cesariana, desde a década de 80, foi pregada como um parto mais prático, menos doloroso e em que se consegue fazer uma programação de tudo que vai acontecer. A enfermeira obstetra Lorena Saavedra, acrescenta que dentro dos planos de saúde existe essa facilidade de escolha pelo tipo de parto, pois, o médico que faz o pré-natal, geralmente, é o que acompanha a gestante no momento do parto. "É muito mais simples dessa mulher ser atendida na sua escolha, quando opta pela cesariana, e com a cultura de que é um tipo de parto melhor, os índices certamente serão altos", afirma a especialista.

 

Segurança para mãe e bebê

Diversas são as razões para uma mulher querer a cesariana. Há o medo da dor, um trabalho de parto demorado e precisar de uma cesariana de emergência, ou até mesmo por ter vivenciado experiências ruins no parto normal que de repente suas mães, avós ou pessoas próximas possam ter passado. Também ocorre medo de risco de morte para o bebê. Questões como essa precisam ser debatidas durante o pré-natal, para que essas mulheres fiquem seguras de suas escolhas e tenham a melhor assistência dos profissionais.
A modelo Lorena Souza, 24 anos, é mãe do pequeno Pedro Henrique, de 3 meses. Ela conta que depois de uma perda gestacional, a cesárea se tornou a melhor opção para ela.

"No início, escolhi a cirurgia por medo. Conforme ele foi crescendo, os médicos me alertaram para o tamanho dele. O Pedro nasceu com 4kg e 52cm. Eu poderia ter um parto normal, mas a minha gravidez inteira foi sem dores e eu temia ter que chegar na hora do nascimento dele sem a dilatação adequada pra ele sair", relata Lorena. 

Quem também optou pela cesariana foi Mayara Canuto, grávida de 33 semanas. Na espera pelo nascimento de um menino, Davi, ela explica que o medo foi o sentimento que mais pesou em sua escolha. "Optei pelo parto cesáreo por medo da lesão fetal e e a dor que eu posso sentir na hora. Tem casos que a criança sofre muito também,  tentando sair e a mãe não tem condições de ter o bebê normal. O meu filho é grande também. Na minha última ultrassom, apareceu que está com o cordão umbilical enrolado no pescoço com duas voltas. É uma decisão que eu tinha desde quando descobrir que estava grávida. Os médicos me apoiam e respeitam", conta.

No Brasil,  a criação da Rede Cegonha, em 2011, foi uma das maiores política de incentivo ao parto normal. No momento, a legislação prevê que a mulher pode sim optar pela cesariana, porém, deve ser informada sobre os riscos e benefícios, idade gestacional acima de 39 semanas e precisa assinar um termo de consentimento. A enfermeira  finaliza afirmando que qualquer escolha deve ser respeitada pela equipe médica e respeitando, claro, todas as recomendações que melhor favoreça o bem-estar para mãe e bebê.

"Independente da via de parto de escolha dessa mulher, ela precisa se sentir acolhida e respeitada durante sua chegada à maternidade. Precisa ser informada sobre sua escolha e o principal não é fazê-la desistir ou impor algo, mas que ela entenda o processo e consiga fazer uma escolha consciente" conclui Lorena Saavedra.

 

(Karoline Caldeira, estagiária sob a supervisão de Victor Furtado, coordenador do Núcleo de Atualidades)

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