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Aeroporto de Marabá vai a leilão nesta quinta-feira (18)

Usuários do terminal veem com cautela a concessão do aeroporto à iniciativa privada

Tay Marquioro
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O Aeroporto João Corrêa da Rocha, em Marabá, é um dos que consta no bloco de terminais que vão a leilão nesta quinta-feira (18), junto com outros quatro terminais do Pará. A maioria dos usuários abordados pela reportagem foi pega de surpresa com essa informação e as opiniões sobre o assunto se dividem.

“Nossa, eu não sabia”, exclamou Carla Mota, de 44 anos. A técnica administrativa mora no Paraná, mas esteve no Pará para rever os pais, que vivem em São Félix do Xingu, sudeste do Estado. “Venho pelo menos uma vez por ano. Aí tenho que pousar em Marabá e seguir parte da viagem de ônibus até São Félix, porque lá não tem aeroporto. Mas eu não vejo grandes problemas no aeroporto de Marabá. Fora o tamanho, que esse é bem pequeno, as diferenças são muito poucas em relação a outros aeroportos pelo país”, conta.

Já o piloto de helicóptero Rafael Figueiredo, de 42 anos, estava pela quinta vez no aeroporto de Marabá. Ele é natural do Rio de Janeiro e aguardava por seu passageiro, sentado em uma das mesas da única lanchonete existente no local. Rafael também ficou surpreso ao saber do leilão e, com toda a experiência de quem já tem 15 anos de trabalho com aeronaves, entende que é cedo para afirmar como será o funcionamento do terminal sob administração da iniciativa privada.

“Em alguns aeroportos funciona muito bem. Em outros, nem tanto. Falta estrutura de pistas de pouso e decolagem, transporte de passageiros no embarque e desembarque, acessibilidade, um atendimento especializado para pessoas com deficiência ou alguma comorbidade. Eu mesmo já cheguei a levar passageiro com câncer no pulmão, respirando com muita dificuldade, e essa pessoa ter que andar uma distância imensa porque a administração do aeroporto não tinha um veículo para transportar uma pessoa nessas condições. Então, eu acho que isso depende muito da empresa que ganhar a concessão e a fiscalização do poder público também é muito importante nesse sentido”, analisa o piloto.

O servidor público Rodrigo Marques, de 30 anos, mora em Marabá acabava de chegar de Fortaleza (CE) quando soube pela nossa reportagem sobre o leilão. “Houve consulta pública?”, indagou. Usuário corriqueiro do Aeroporto João Corrêa da Rocha, ele apontou alguns pontos que, na sua visão, poderiam ser melhorados para uma experiência mais positiva dos viajantes que chegam ou partem da cidade.

“Eu lembro que houve uma boa reforma há alguns anos atrás, mas percebo que, na área de embarque, por exemplo, não houve uma melhoria significativa. Quando se aproxima do horário de decolagem de alguma aeronave, a sala de embarque fica sempre muito lotada. A malha aérea para Marabá é outro ponto delicado. São poucos voos, com horários muito ruins e preços muito altos. Por exemplo, Belém é uma cidade com a qual o marabaense tem uma relação muito intensa, seja por relações de negócios, familiares, enfim. Eu me recordo que, há alguns anos atrás, eu encontrava passagens a R$92,00. Hoje, as passagens custam uma fortuna, assim como para outras cidades do Pará. Está mais barato você sair do Estado do que viajar para municípios aqui dentro”.

Quando questionado sobre como a cessão para a iniciativa privada pode ajudar a sanar esses problemas, o servidor se diz preocupado. “O problema é que esse tipo de concessão sempre onera para nós, usuários finais. Quando o governo cede a exploração de um serviço para a iniciativa privada, ele se exime da obrigação de fazer maiores investimentos públicos e nós passamos a pagar por serviços que antes eram gratuitos. Um exemplo disso foi a cobrança pelo despacho de bagagens, com a promessa de reduzir valores das passagens, o que não aconteceu”, avalia Marques.

Entenda
Segundo informações da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), após o leilão, a gestão dos aeroportos será cedida à inciativa privada pelo período de 30 anos. Nesta quinta-feira (18), serão oferecidos 15 aeroportos, divididos em três blocos. O Aeroporto de Congonhas (SP), um dos maiores do país, está incluído nessa rodada. Com a concessão desses terminais, o Brasil eleva a mais de 90% o total de passageiros atendidos pela iniciativa privada. A empresa que se tornar concessionária do bloco que contempla os aeroportos do Pará deverá fazer investimentos estimados em R$ 5,8 bilhões durante os 30 anos de concessão. 

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Pará
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