Ônibus de empresa investigada pela PF despencou de barranco

O modo como as empresas investigadas nas operações Frota de Barro e Grande Salto, deflagradas pela Polícia Federal, Controladoria Geral da União (CGU) e Receita Federal atuavam na prestação de serviços aos municípios chamou a atenção dos órgãos de controle federal. Ônibus com décadas de uso sendo usados para transporte escolar, olarias contratadas para fornecer veículos e empresas de Belém fornecendo merenda para Goianésia, demorando dias para chegar às escolas, são alguns dos fatos que emergiram durante as operações.

De acordo com levantamentos preliminares realizados pela CGU, acredita-se que a fraudes praticadas pelas empresas e pelos investigados alcance valores próximos a R$ 2,5 milhões, e os mandados foram cumpridos em Belém, Ananindeua, Marabá, Jacundá, Goianésia do Pará, Breu Branco e Tucuruí.

Em fevereiro deste ano, um dos ônibus da Empresa Atitude, envolvida no esquema de fraudes, despencou de um barranco em Goianésia. A PF não informou se houve feridos ou se o veículo transportava crianças no momento do acidente, mas o caso pode ter ocorrido devido às condições precárias do coletivo, inadequado ao transporte escolar. Veja:

Dos quarenta e dois mandados judiciais expedidos pela Justiça Federal de Tucuruí, sendo seis mandados de prisão preventiva, doze de prisão temporária, dezoito mandados de busca e apreensão, quatro decisões judiciais de afastamento das funções públicas e dois de bloqueios e indisponibilidades de bens dos investigados, quase todos foram cumpridos ainda na manhã desta terça-feira (16). Doze envolvidos foram presos no interior do Estado e quatro na Capital, Belém. Entre eles está Merivani Martins Lima, Secretaria Municipal de Educação de Goianésia do Pará. A previsão da PF é que, até o final do dia, todos as prisões sejam efetivadas.  As ações desarticularam uma quadrilha especializada em fraudar licitações relacionadas ao transporte e fornecimento de merenda escolar no Estado do Pará.

O nome "Frota de Barro" deve-se ao fato de uma empresa nunca ter trabalhado de fato como transporte escolar, mas como uma cerâmica especializada na fabricação de tijolos de barro. "Uma das empresas vencedora das licitações fornecia ônibus com quarenta e quatro anos de uso, fazendo transporte escolar de crianças. Ela não é uma empresa especializada e nem deveria estar participando de uma licitação de cinco milhões de reais. Contudo, tudo isso era atestado pelos servidores públicos, que comprovavam que o serviço era prestado de forma correta, quando na realidade, não era", afirma Romulo Rodovalho, chefe da Delegacia Regional de Crime Organizado da PF no Pará. 

Já o nome da operação "Grande Salto" é uma alusão à forma como o principal investigado, o dono de duas empresas investigadas, desejou dar um grande salto nas suas economias, adquirindo bens de alto valor agregado como veículos, joias e outros bens de luxo, em detrimento da qualidade da alimentação oferecida as crianças na alimentação escolar. "Havia empresa que funcionava em Belém e fornecia pães para Goianésia do Pará, demorando dias para a merenda escolar chegar ao município. O pior: não havia justificativa para isso, o que ajudou a transparecer o favorecimento de certas empresas envolvidas no esquema fraudulento", disse o superintendente da Receita Federal, Moacyr Mondardo Júnior. Os bens, assim como documentos, foram confiscados no cumprimento dos mandados de busca e apreensão.