Putin e Zelensky indicam que estão prontos para reunião após conversas com Trump
Líderes da Rússia e da Ucrânia sinalizam disposição para encontro histórico, após mediação de Trump e discussão sobre garantias de segurança para Kiev

O presidente russo, Vladimir Putin, e o ucraniano, Volodimir Zelensky, indicaram estar dispostos a se reunir para discutir a paz na Ucrânia, após as conversas de segunda-feira (18) entre o americano Donald Trump e líderes europeus, centradas em garantias de segurança para Kiev.
A expectativa de avanço nas negociações aumentou depois que Trump afirmou ter conversado por telefone com Putin, com quem se reuniu na semana passada, no Alasca.
Se confirmada, será a primeira reunião entre Putin e Zelensky desde a invasão russa, há mais de três anos.
Trump anunciou o encontro logo após receber Zelensky e outros líderes europeus na Casa Branca. “Após as reuniões, telefonei para o presidente Putin e iniciei os preparativos para um encontro entre ele e Zelensky, em local a ser definido”, publicou na plataforma Truth Social. O republicano também indicou que pretende ter um encontro trilateral com os dois líderes após a reunião bilateral.
Segundo o chanceler alemão, Friedrich Merz, Putin concordou em se reunir com Zelensky nas próximas semanas.
Zelensky disposto a encontrar Putin
Após o encontro em Washington, Zelensky confirmou que está pronto para uma reunião bilateral. “Eu confirmo – e todos os líderes europeus me apoiaram – que estamos prontos para uma reunião bilateral com Putin”, disse.
Em Moscou, um assessor diplomático do Kremlin afirmou que o presidente russo também está aberto à ideia de conversar.
Zelensky classificou a reunião de segunda-feira com Trump como “a melhor até o momento”. “Consegui mostrar muitas coisas, inclusive no mapa, a todos os colegas americanos que observam a situação no campo de batalha”, afirmou. O clima foi mais tranquilo do que em fevereiro, quando Trump e seu vice-presidente, J.D. Vance, repreenderam publicamente o ucraniano por não demonstrar “gratidão” pelo apoio americano.
Garantias de segurança
Trump afirmou ter discutido as garantias de segurança para a Ucrânia em um possível acordo de paz, acrescentando que Putin teria aceitado a proposta. Segundo ele, países europeus serão responsáveis por fornecer essas garantias, enquanto os Estados Unidos terão papel de coordenação.
Zelensky reforçou a importância de Washington dar um sinal claro de apoio. Já o secretário-geral da Otan, Mark Rutte, disse que o tema foi central na reunião na Casa Branca.
De acordo com o Financial Times, a Ucrânia se comprometeu a comprar US$ 100 bilhões em armas americanas, financiadas pela Europa, em troca das garantias de segurança.
O presidente francês, Emmanuel Macron, afirmou que um exército ucraniano “robusto” é essencial para evitar novas invasões. Zelensky disse que os aliados devem formalizar as garantias em até 10 dias.
“Troca de territórios”
Antes da reunião, Trump defendeu que a Ucrânia abra mão da Crimeia e abandone a candidatura à Otan, duas exigências de Putin. Ele também sugeriu “possíveis trocas de território” como caminho para a paz.
Putin teria condicionado o cessar-fogo à cessão da região do Donbass, parcialmente sob controle ucraniano, em troca de congelar os combates em outras áreas. Kiev rejeita a proposta e recebeu apoio do chanceler Merz. “O pedido da Rússia a Kiev para ceder as zonas livres do Donbass é equivalente, para dizer sem rodeios, a que os Estados Unidos tenham que entregar a Flórida”, disse o alemão.
Nesta terça-feira (19), a China declarou apoio a “todos os esforços” para alcançar a paz. “A China sempre acreditou que o diálogo e a negociação são a única solução para a crise da Ucrânia”, disse a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Mao Ning.
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