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Harvard irá investigar relação de ex-presidente com Epstein após divulgação de mensagens

O porta-voz de Harvard, Jonathan Swain, disse que 'a Universidade está conduzindo uma revisão das informações'

Redação O Liberal com informações da AE

A Universidade de Harvard abrirá uma investigação sobre as ligações do ex-presidente da instituição, Lawrence Summers, com o empresário Jeffrey Epstein. Epstein foi condenado por exploração sexual. Documentos recentes revelaram uma relação próxima entre os dois por anos, segundo o jornal The Harvard Crimson.

A informação foi publicada nesta quarta-feira, 19, pelo jornal estudantil da universidade. Um porta-voz de Harvard, Jonathan Swain, disse que a Universidade está conduzindo uma revisão das informações.

O objetivo é avaliar quais medidas podem ser cabíveis em relação aos indivíduos em Harvard incluídos nos documentos divulgados. A investigação abrangerá as mais de 20 mil páginas de e-mail.

Harvard apura conexões com Epstein

Os e-mails foram divulgados pelo Comitê de Fiscalização da Câmara dos Representantes dos EUA na última quarta-feira, 12. Lawrence Summers foi secretário do Tesouro durante o governo de Bill Clinton (1993 - 2001).

Ele também presidiu a Universidade de Harvard entre 2001 e 2006. Outras pessoas ligadas a Harvard que apareceram nas mensagens também serão investigadas. Isso inclui quase uma dúzia de funcionários, entre atuais e antigos, conforme o Harvard Crimson.

Entre os investigados estão a professora emérita de Inglês e esposa de Summers, Elisa New, e o professor emérito de Direito Alan Dershowitz. Jeffrey Epstein começou a ser investigado em 2005.

A investigação ocorreu após os pais de uma menina de 14 anos denunciarem abuso sexual por parte do empresário em sua casa em Palm Beach, na Flórida. A denúncia abriu caminho para outras apurações.

Epstein foi condenado em 2008 por exploração sexual e facilitação à prostituição de menores. Ele se declarou culpado e fez um acordo de 13 meses de prisão. Seu nome foi incluído na lista federal de criminosos sexuais.

Em 2019, um juiz da Flórida considerou o acordo ilegal. O empresário foi novamente preso em julho do mesmo ano, em Nova York. Um mês depois, Epstein foi encontrado morto em sua cela. A autópsia concluiu que ele tirou a própria vida.

Mensagens revelam comunicação com o empresário

O Harvard Crimson analisou mensagens trocadas entre Lawrence Summers e Jeffrey Epstein de novembro de 2018 a julho de 2019. Algumas conversas faziam referência a uma mulher que os dois chamavam de "perigo".

"Acho que, por enquanto, não vou a lugar nenhum com ela, exceto como mentor de economia", escreveu Summers em novembro de 2018. "Acho que, neste momento, estou na categoria de pessoas vistas com muito carinho pelo retrovisor."

Meses depois, ele enviou outra mensagem sobre a mulher: "Ela deve estar muito confusa ou talvez queira se afastar de mim, mas também preza muito o contato profissional e, por isso, se apega a ele." Os dois nunca mencionaram o nome da mulher.

Um porta-voz de Summers disse ao Harvard Crimson que ela jamais foi sua aluna. Em outra mensagem, Summers encaminhou a Epstein um e-mail que recebeu da economista Keyu Jin.

No e-mail, Keyu Jin pedia feedback sobre um artigo. Summers comentou que "provavelmente seria apropriado" adiar a resposta. "Ela já está começando a parecer carente :) legal", respondeu Epstein. Keyu Jin não quis comentar o assunto.

Epstein também afirmou em uma das mensagens que era "parceiro" de Summers. Além de conselhos sobre mulheres, o ex-secretário pediu doações do empresário à Harvard.

Em 2020, a universidade divulgou um relatório. O documento confirmou que recebeu cerca de US$ 9,1 milhões de Epstein entre 1998 e 2008. A instituição anunciou novas diretrizes para doadores na ocasião.

A última troca de mensagens entre os dois ocorreu no dia 5 de julho de 2019. Summers disse que estava em Cape Cod, no Massachusetts, com sua família. "Um pouco como uma peça de Henrik Ibsen", brincou.

Eles continuaram trocando piadas literárias até as 13h27. No dia seguinte, Epstein foi preso.

Summers se afasta da vida pública

Após a repercussão das mensagens, Lawrence Summers anunciou seu afastamento da vida pública na segunda-feira, 18. "Assumo total responsabilidade pela decisão equivocada de continuar me comunicando com o Sr. Epstein", disse em um comunicado.

Ele ainda atuará no âmbito acadêmico. No entanto, deixará compromissos públicos "como parte de um esforço mais amplo para reconstruir a confiança e reparar os relacionamentos".

No dia seguinte ao anúncio, Summers deixou cargos em organizações como a empresa de dados financeiros Bloomberg, o jornal The New York Times e o think tank Center for American Progress, de acordo com o Harvard Crimson.

Já nesta quarta, o jornal Axios revelou sua renúncia ao Conselho de Administração da OpenAI, dona do ChatGPT. "Agradecemos suas inúmeras contribuições e a perspectiva que ele trouxe ao Conselho", afirmou a empresa.

Em outra nota enviada ao Axios, Summers disse que a renúncia está alinhada à decisão de se afastar da vida pública. "Sou grato pela oportunidade de ter servido, estou entusiasmado com o potencial da empresa e ansioso para acompanhar seu progresso", afirmou.

Neste semestre, Summers ministra duas disciplinas para duas turmas de graduação e uma de pós-graduação em Harvard. O Harvard Crimson questionou se ele será impedido de lecionar durante as investigações. O porta-voz da universidade não respondeu.

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