Estimulação elétrica da medula espinhal faz pacientes paraplégicos voltarem a andar

Os três pacientes, todos homens, eram incapazes de movimentar as pernas após sofrerem acidentes

O Liberal
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Segundo um estudo publicado nesta segunda-feira (07) na revista Nature Medicine, três pacientes paraplégicos que não conseguiam se mover ou sentir as pernas voltaram a andar, graças a um implante que estimula eletricamente a medula espinhal, um avanço que poderia se generalizar em alguns anos. As informações são da Folha de São Paulo.

Os três pacientes, todos homens, eram incapazes de movimentar as pernas e haviam perdido toda a sensibilidade nas mesmas, após sofrerem acidentes que afetaram sua medula espinhal. A tecnologia permitiu a três paraplégicos "voltar a ficar de pé, caminhar, andar de bicicleta e nadar", diz o estudo.

Contida na coluna vertebral, a medula espinhal é uma extensão do cérebro e controla muitos movimentos que podem ser perdidos se o contato com o cérebro for afetado. No caso dos três pacientes, foi possível reverter essa situação.

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Em Lausanne, na Suíça, uma equipe dirigida pela cirurgiã suíça Jocelyne Bloch e pelo neurocientista francês Grégoire Courtine implantou 15 eletrodos, que permitem a estimulação elétrica de várias partes da medula espinhal. Isso foi resultado de dez anos de tratamentos desse tipo, com o objetivo de torná-los uma terapia que mudaria a vida de muitas pessoas.

A ideia de enviar uma corrente elétrica para recuperar o movimento perdido foi colocada em prática pela primeira vez em 2011, quando um paraplégico pôde ficar em pé novamente. Desta vez, os pacientes operados puderam dar seus primeiros passos na esteira de um laboratório quase que imediatamente, apesar do movimento não ser comparável a uma caminhada normal. "Não se deve imaginar um milagre imediato, permite que treinemos em seguida essas atividades", explicou Courtine em entrevista coletiva.

Após cinco meses de reabilitação, o progresso foi considerável e um dos pacientes conseguia caminhar quase um quilômetro sem interrupção.

Para conseguir esses avanços, os pesquisadores melhoraram drasticamente a tecnologia usada em experiências anteriores, que eram baseadas em ferramentas de estimulação elétrica preexistentes. Mas esses dispositivos foram projetados com um propósito diferente: reduzir a dor, em vez de estimular o movimento, um objetivo muito mais complexo, principalmente porque os seres humanos possuem medulas espinhais com características diferentes.

Desta vez, "os eletrodos são mais longos e maiores do que os usados anteriormente, o que permite que mais músculos sejam acessados", explicou Jocelyne Block. Outro avanço importante é que, graças a um software que usa inteligência artificial, os impulsos elétricos são muito mais precisos e se correspondem melhor com cada movimento, em vez de ser um fluxo indiscriminado de corrente.

​​A cirurgiã espera que, nos próximos anos, esses avanços possam atingir um número maior de pessoas. A tecnologia deve ser submetida a testes clínicos muito mais amplos, coordenados pela startup holandesa Onward, que visa facilitar o seu uso com um telefone, por exemplo.

Uma das limitações do sistema é que, quando o estímulo elétrico é interrompido, não possui efeito duradouro. E o mesmo não pode ser mantido permanentemente, pois esgotaria o organismo do paciente.

“Memo assim, recuperar um pouco dos movimentos diariamente já é muito”, disse um dos pacientes, Michel Roccati, que teve os eletrodos implantados em 2020, três anos após um acidente de moto. "Eu o uso todos os dias, por algumas horas. No trabalho, em casa, para muitas coisas", explicou.

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