Goleiro Vinícius aciona o Remo na Justiça e cobra mais de R$ 1 milhão
Processo reúne acusações de salários irregulares, FGTS não depositado, férias pendentes e uso indevido de direito de imagem entre 2021 e 2024
O Clube do Remo iniciou sua preparação para 2026 lidando não apenas com questões de planejamento esportivo, mas também com um processo trabalhista movido pelo goleiro Vinícius. O jogador, que defendeu o clube por oito temporadas consecutivas, de 2017 a 2024, entrou na Justiça cobrando R$ 1.065.512,80 em verbas que afirma não terem sido pagas ao longo de seu último vínculo. A primeira audiência será no dia 2 de março de 2026, em formato telepresencial. O caso seguirá para análise após as manifestações das partes.
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A ação tramita na 13ª Vara do Trabalho de Belém e reúne uma série de documentos apresentados pela defesa do atleta, incluindo contratos, extratos de FGTS, comprovantes bancários e planilhas detalhadas. O Remo afirma ter buscado um acordo antes do ajuizamento, mas sem êxito.
O processo gira em torno de alegações de pagamentos feitos de maneira irregular entre 2021 e 2024, período do último contrato do goleiro. Vinícius afirma ter recebido valores sem discriminação das parcelas correspondentes, o que caracterizaria salário complessivo. Também aponta diferenças mensais de remuneração, supostamente comprovadas pelos extratos anexados.
Um dos principais pontos levantados é o uso do direito de imagem. Segundo o atleta, o clube teria utilizado essa verba como forma de complementar salário de maneira indevida, ultrapassando o limite legal e sem comprovação de exploração efetiva da imagem do jogador. Com isso, pede a integração total — ou parcial — desses valores à remuneração, com reflexos em férias, 13º, FGTS e demais direitos. Somadas, apenas essas diferenças representariam cerca de R$ 335 mil.
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Questões centrais
Em sua tese, Vinícius afirma também não ter usufruído corretamente das férias de dois períodos (2021/2022 e 2022/2023), solicitando pagamento em dobro. Requer ainda a quitação das férias simples referentes ao último ano de contrato. Outro ponto da ação é a cobrança dos 13º salários de 2021 (parcial), 2022 e 2023, além de premiações que, segundo ele, foram prometidas por conquistas como a Copa Verde de 2021 e o Campeonato Paraense de 2022, ambas no valor de R$ 5 mil.
Com o fim do vínculo em março de 2024, Vinícius afirma não ter recebido as verbas rescisórias, estimadas em cerca de R$ 19,6 mil.
A defesa do atleta sustenta que os depósitos de FGTS praticamente não foram realizados durante a vigência do contrato, afirmando que há registros apenas nos meses de novembro e dezembro de 2023. Segundo a petição, o valor não recolhido ao longo dos anos chegaria a R$ 36,5 mil. Além disso, o jogador pede aplicação da multa prevista no artigo 477 da CLT por atraso na entrega da documentação rescisória e no pagamento das verbas devidas.
Vinícius solicita compensação por danos morais, alegando que atrasos e ausência de pagamentos comprometeram sua estabilidade financeira. Ele sugere indenização equivalente a um salário — aproximadamente R$ 48 mil — ou valor que o juiz considerar adequado.
O goleiro também pede justiça gratuita, isenção de honorários sucumbenciais de acordo com decisão do STF (ADI 5766) e que o processo tramite no formato 100% digital, com audiências telepresenciais devido à localização da defesa. A petição inclui todos os documentos obrigatórios, como procuração, extratos e cálculos anexados.
Defesas
A defesa do goleiro, constituída pela advogada Manoella Molon, afirma que o atleta sempre esteve disposto a chegar a um consenso com o clube, mas não percebeu o mesmo interesse por parte da instituição por um período aproximado de dois anos. “Apesar de todos os esforços e da disposição para o diálogo, não houve êxito, restando apenas a via judicial”, disse.
A reportagem entrou em contato com o Clube do Remo e ainda aguarda um posicionamento oficial.
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