Denúncia aponta falhas graves em peneira do Remo e caso é levado ao Ministério Público; clube nega
A denúncia formalizada aponta que os atletas teriam ficado sem água para beber, sem assistência médica preventiva e expostos a treinos em horário insalubre; além disso, a instituição teria desrespeitado os prazos dados para a divulgação dos resultados
Uma denúncia protocolada no dia 1º de dezembro de 2025 aponta possíveis irregularidades e riscos à segurança de participantes durante a peneira promovida pelo Clube do Remo entre os dias 21 e 23 de novembro, no estádio do Pinheirense, em Icoaraci. O documento foi apresentado ao Ministério Público do Pará e ao Procon por Lucas Fabiano Feitosa Barbosa, que é primo de um dos atletas inscritos e afirma ter testemunhado falta de estrutura, desorganização e possíveis práticas abusivas ao longo do processo destinado a crianças e adolescentes, além do descumprimento dos prazos para informar o resultado.
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Segundo o denunciante, nos dias 21 e 22 de novembro, as avaliações reuniram mais de 300 jovens das categorias masculinas, estendendo-se da manhã até o início da tarde. Ele relata que a estrutura oferecida pelo clube não possuía o mínimo desejável. “A peneira estava marcada para as 8h, mas só começou depois das 9h. O sub-20 saiu de lá às 15h. Além disso, na maior parte do dia não tinha sequer água para os garotos, nem qualquer tipo de auxílio. O pior de tudo foi que colocaram as crianças para jogar partidas de 15 a 30 minutos no sol do meio-dia”, recorda.
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O relato também descreve que, no dia 23 de novembro, quando o processo foi voltado ao time feminino, a situação teria se agravado. De acordo com a denúncia, a empresa envolvida na organização e patrocínio do evento teria vendido kits obrigatórios de segurança, alimentação e uniformes. Apesar disso, atletas teriam esperado cerca de sete horas sob forte calor, sem água adequada, sem informações claras e em condições consideradas insuficientes para o atendimento das participantes. Ele afirma que houve “descaso e risco físico, especialmente para menores de idade”, além de ausência de controle de fluxo e de acompanhamento básico.
Na página do clube em uma rede social, é possível ver que, em algumas publicações que anunciam a peneira, muitos parentes cobram um posicionamento acerca da divulgação dos resultados. Outros acusam o clube de negligenciar a escolha de atletas, entre outras críticas.
Veja:
Outro ponto levantado envolve a falta de transparência. Lucas afirma que o Remo não divulgou critérios objetivos de avaliação, etapas da peneira ou resultados oficiais. Inicialmente, o clube teria informado aos pais que o resultado sairia no dia 24, mas, ao chegar a data prometida, nada foi publicado. Diante disso, o denunciante foi até a sede e recebeu apenas uma nova previsão, que desde então não foi cumprida. “Depois do dia 24, disseram que seria até o dia 26. Desde então eles dizem o mesmo: ‘tenha calma e aguarde ser publicado’”.
No documento entregue ao Ministério Público, o denunciante aponta possíveis violações ao Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), ao Código de Defesa do Consumidor e a normas de eventos esportivos. Ele solicita que o Ministério Público investigue o caso e adote medidas preventivas para evitar que episódios semelhantes se repitam em peneiras ou avaliações esportivas envolvendo menores de idade.
A reportagem procurou o Ministério Público do Pará, que enviou a seguinte nota:
O Ministério Público do Estado do Pará informa que o caso ainda será distribuído às Promotorias de Justiça competentes.
O Clube do Remo também se manifestou através de um comunicado enviado à redação de O Liberal. Veja:
O Clube do Remo nega essas denúncias e esclarece ao público em geral que foi montada uma grande estrutura para atender todos os inscritos. Entre os profissionais da saúde trabalharam um médico e um enfermeiro.
O Clube informa ainda que em nenhum momento faltou água para os atletas, que foram organizados em uma arquibancada coberta e orientados por uma comissão de profissionais experientes no futebol paraense.
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