Entrevista exclusiva com Claudinei Oliveira: 'Não existe no momento nenhuma lista de dispensa'
Claudinei fala a O Liberal sobre o que encontrou ao chegar, as mudanças que procurou implementar desde os primeiros treinos, os desafios que ainda enxerga pela frente e o impacto emocional da vitória sobre o maior rival
O técnico Claudinei Oliveira assumiu o comando do Paysandu no dia 9 de junho, em meio a um cenário de crise. Com 11 rodadas da Série B já disputadas e nenhuma vitória conquistada, o clube enfrentava, além dos adversários em campo, o desânimo da torcida e a pressão por mudanças urgentes. Em menos de um mês no cargo, o treinador conseguiu duas vitórias consecutivas, incluindo um triunfo no clássico Re-Pa, disputado diante de mais de 40 mil torcedores no Mangueirão. A breve passagem de Claudinei até aqui já provocou uma transformação perceptível no ambiente do clube. Ainda na lanterna da competição, o Paysandu respira um pouco mais aliviado e parece acreditar mais que é possível alcançar coisas boas no campeonato. Nesta entrevista exclusiva a O Liberal, Claudinei fala sobre o que encontrou ao chegar, as mudanças que procurou implementar desde os primeiros treinos, os desafios que ainda enxerga pela frente e o impacto emocional da vitória sobre o maior rival. Com fala direta, ele evita promessas grandiosas, mas deixa claro que o projeto passa por compromisso, humildade e trabalho diário. A seguir, a entrevista na íntegra:
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Você chegou há pouco tempo e já conquistou duas vitórias importantes, inclusive no clássico Re-Pa. Qual foi a principal mudança que tentou implementar logo de cara?
“O que a gente procurou mudar logo na minha chegada é: não olhar mais pra trás. O que passou, passou. Não temos mais como mexer naquilo que já passou. Então a gente teve de entender que temos que escrever uma nova história, e que temos muitas rodadas pra jogar ainda. O que procuramos passar pra eles foi isso, se juntar, se unir, buscar uma história diferente a partir da 12ª rodada”
A vitória sobre o Remo parece ter mexido com o ambiente. O que mudou internamente depois daquele jogo?
“O ambiente de vitória no futebol é sempre bom, independente do adversário, mas lógico que num clássico é melhor ainda. Acho que mudou muito mais o externo que o nosso interno. Temos de manter a humildade, manter os pés no chão. Ficamos felizes com a vitória, mais felizes ainda por ser um clássico, mas voltamos logo para a normalidade, trabalhando sério pra tentar uma vitória nessa segunda, respeitando bastante a Ferroviária. Mas é inegável, para o torcedor mudou bastante o nível de confiança com essas duas vitórias”.
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A janela de transferências se aproxima. Quais são as posições mais carentes do elenco, na sua avaliação?
“Estamos atentos ao mercado, a gente sabe que tem uma nova janela, as oportunidades que podem aparecer. Temos que estar atentos, mas não tem ainda nada definido, nem nome, posição, nem quantos atletas vamos trazer, vamos trabalhar no dia a dia”
Você participa ativamente das tratativas com possíveis contratações ou o clube tem um perfil mais centralizado na diretoria?
“Normalmente as informações passam para a presidência de mercado, capitaneado pelo Kauê, Frontini também muito próximo. A gente sempre está trocando uma ideia, a diretoria também tem total acesso ao Kauê e as informações. Tudo é feito de uma forma bem tranquila, a gente troca uma ideia e dentro do consenso a gente acaba definindo as melhores opções”
Assim como chegam reforços, é natural que haja dispensas. Já há nomes definidos para deixar o elenco nesta janela?
“Não existe, no momento, nenhuma lista de dispensa, nem a ideia de dispensar ninguém. Cheguei há pouco tempo, a gente está avaliando todos e acho que todos podem ter a sua importância na sequência da competição. Temos de ter bastante tranquilidade nesse momento, para tomar as melhores decisões. É lógico que pode ser que surjam propostas para alguns atletas, os outros clubes estão de olho também em atletas que não fizeram 8 jogos pelo Paysandu, mas a princípio a gente não tem nenhuma coisa predeterminada em relação a dispensa”
O Paysandu tem uma torcida apaixonada, mas que também cobra muito. Como tem sido o seu contato com esse universo bicolor?
“A gente sabe que nosso torcedor é apaixonado, vai cobrar na hora de cobrar, apoiar na hora de apoiar. A gente espera que seja mais apoiado nos jogos do que cobrado, sinal de que estamos dando resposta positiva. A gente sabe da nossa responsabilidade, temos sempre entregar o máximo nos jogos pra poder honrar nosso torcedor em campo”
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A vitória no clássico gerou um novo clima entre torcida e time. Como pretende manter esse engajamento, mesmo diante de possíveis oscilações?
“A gente espera que não haja oscilações, ou que sejam as menores possíveis, mas a gente sabe que é uma realidade do futebol. É um campeonato longo, uma Série B não é uma corrida de 100 metros, é uma maratona. E uma maratona as vezes nem sempre quem larga bem chega em primeiro, diferente da corrida de 100 metros, que se você larga mal, dificilmente você ganha, então a gente tem tempo parar recuperar”
Quando você chegou, o clube estava pressionado, dentro da zona de rebaixamento. Qual é a meta realista do Paysandu neste momento do campeonato?
“Quando eu cheguei o clube estava na zona de rebaixamento e continua por enquanto, mas temos dois jogos e seis pontos, então é ter humildade e continuar trabalhando, não dá pra ficar traçando meta a médio e longo prazo, a meta é o próximo jogo sempre, pra gente sair dessa confusão, depois que a gente sair dessa confusão que estamos, procuramos olhar e ver se tem um horizonte melhor pela frente”
O que a torcida pode esperar do Paysandu nas próximas rodadas?
“O torcedor pode esperar um time que luta por todas as bolas, cada palmo do gramado, vai se entregar bastante, lutar bastante, ser uma equipe intensa, vai buscar o resultado durante todo o tempo do jogo, dentro de uma organização tática que a gente vai estabelecer pra cada jogo”