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eSports e futebol paraense: um nicho de mercado promissor, mas ainda pouco explorado

No Pará, somente o Remo tentou se inserir neste mercado, mas não durou muito tempo

Rodolpho Henriques / Especial
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Em um mundo cada vez mais globalizado e com métricas digitais ditando o ritmo do mercado mundial, novas tendências tendem a surgir e a tornar o universo de diversos segmentos mais competitivo. Não é diferente com o futebol. Nesse contexto, entram em campo os esportes eletrônicos (eSports), que vêm atraindo os holofotes de clubes de futebol não só pelo Brasil, mas pelo mundo. No Pará, entretante, ainda é uma realidade distante.

Nos últimos anos, vários clubes brasileiros tentaram engatilhar parcerias e modelos de negócio relacionados aos eSports. O case mais popular – e adotado por parte desses clubes que desistiram do negócio – consistia numa espécie de fusão das marcas de futebol e de esporte eletrônico. A falta de engajamento dos clubes em discutirem novos métodos de gestão no segmento eletrônico e os custos a médio e longo prazos atrapalharam clubes como ABC, Bragantino e Vitória. Flamengo, Corinthians e Santos, no entanto, são o contraponto positivo, sendo referências nacionais no segmento.

PARÁ

A nível estadual, o Remo foi a única equipe a tentar se inserir neste mercado. Em 2016, a equipe azulina firmou parceria com a Brave eSports, um clube de eSports situado em São Paulo. O acordo feito pelas equipes englobava três modalidades: Counter Strike - Global Offensive, Cross Fire e League Of Legends.

Relembre a participação da Remo Brave no CBLoL:

A parceria rendeu visilidade mundial ao Remo, que passou a ter sua marca propagada em campeonatos, sorteios e nas mídias sociais da Brave. No ano seguinte, porém, a parceria não prosperou e a rescisão não demorou muito a acontecer.

O REMO

O presidente da Brave eSports, Tiago Sans, falou sobre o assunto e buscou esclarecer diversos pontos sobre o modelo de negócio adotado dentro do clube.

“A parceria começou com o propósito de explorar comercialmente o mercado. Na época, praticamente ninguém conseguia entender como um clube de esportes eletrônicos em evidência como a Brave teria aceitado firmar uma parceria com o Remo, muitos entenderam como um downgrade (um passo atrás), porém, nós sabíamos o tamanho da torcida e o tamanho de mercado que a torcida gerava, com valores acima da média. Vimos uma excelente oportunidade de explorar vendas de produtos”, explicou.

image Remo Brave foi oitava colocada no Brasileiro (Divulgação)

Segundo Tiago, a ideia era explorar não apenas a venda de uniformes e produtos, mas estimular a criação de eventos locais e de uma gaming house (local de treinamento dos jogadores), em Belém. “Nós entendíamos que se não houvesse uma exploração local da parceria não valeria a pena, pois não poderia ser só a Brave movimentando, o Remo deveria abrir espaço para que se capitalizasse mais”, pontuou.

Do lado azulino, o presidente do clube e diretor de marketing na época da parceria com a Brave eSports, Fábio Bentes, lembrou dos benefícios que a fusão trouxe para a marca “Remo”, em 2016.

“Quando a gente fechou a parceria, nós sabíamos que éramos pioneiros, mas não que ia dar tão certo. A gente encontrou ali um mercado novo, inusitado, que num primeiro momento não gerou nenhum tipo de receita direta, mas que gerou visibilidade para a marca Remo. Aí viramos notícia no Brasil e no mundo pela parceria, então foi bem interessante. Infelizmente não foi dado continuidade pelo gestão passada, o que eu achei um erro na época”, lembrou.

RE-PA NO eSPORTS

Levando em conta o fator financeiro e a maior chance de implementação dos eSports como modalidade oficial de um clube, a reportagem entrou em contato com as diretorias de Remo e Paysandu, as duas maiores forças do Estado, para saber do interesse dos clubes em adentrarem nesse mercado, que segundo dados do instituto de pesquisa Newzoo, deve movimentar aproximadamente R$ 4 bilhões e atingir 450 milhões de pessoas no mundo, em 2019.

image Marca do Remo ganhou projeção mundial através dos eSports (Divulgação)

O diretor de marketing do Paysandu, Yuseff Leitão, diz que o clube trabalha com a hipótese de entrar no ramo doseSports, mas que há outras prioridades no clube. “Temos a intenção de entrar nesse ramo e possuímos algumas propostas, mas não daremos esse passo ainda, pois ainda temos alguns deveres de casa para fazer”, dissertou.

Yuseff justifica a cautela justamente para minimizar as chances de um fracasso na empreitada, algo recorrente nos clubes que tentam entrar no segmento sem um planejamento adequado.

“Não podemos iniciar um projeto dessa importância sem bases consolidadas em termos de suporte técnico. Quando entrarmos, será pra ficar”, enfatizou o dirigente bicolor.

Segundo o presidente remista, Fábio Bentes, as chances do Remo voltar ao mercado dos eSports é real, mas que dependeria de uma conversa e da elaboração de um case onde o clube não tivesse suas receitas comprometidas com investimentos na modalidade.

“Vontade de voltar a gente tem, só que hoje o modelo ficou um pouco mais complexo, pois envolve algumas questões financeiras que, nesse momento, o Clube do Remo não tem condições de custear." 

"Mas vale a pena sim construir isso de novo, até mesmo com a Brave, que é uma equipe bem interessante, onde os caras foram parceiros do clube e o clube deles, então valeria a pena sim construir um caminho onde o clube não precisasse desprender recursos. Vamos construir a médio/longo prazo, um caminho que possa viabilizar o negócio no futuro”, concluiu o presidente azulino.

O mandatário da Brave, Tiago, disse que dependeria de uma conversa com a atual gestão azulina – ele elogiou o atual presidente azulino, Fábio Bentes – para alinhar um case híbrido e permanente (com a criação da RemoeSports), permitindo investimentos de médio a longo prazo, com obtenção de receitas que não comprometessem o orçamento financeiro do clube azulino.

“O Fábio era o diretor de marketing na gestão em que entramos, então ele acompanhou de perto os sucessos da parceria. Não conversei com ele a respeito, mas se o clube estiver com as contas saudáveis e disposto a incorporar, eu certamente discutiria a questão”, concluiu Sans.

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