Estatístico explica por que o Remo tinha mais chances de acesso que o Paysandu no início da Série C

Criador do 'Chance de Gol', Marcelo Arruda, explica que a temporada azulina indicava melhores resultados do que a dos bicolores.

Caio Maia
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Quem serão as equipes que vão subir à Série B do Campeonato Brasileiro? Essa é a pergunta que o site Chance de Gol, especializado em estatística, tenta responder rodada após rodada da Terceirona. Amplamente consultada por torcedores de Remo e Paysandu - equipes paraenses que participam do torneio - a plataforma utiliza a estatística para dar probabilidades de título, acesso e rebaixamento do torneio. No entanto, pode-se dizer que a relação entre a página e a torcida do Pará ficou estremecida neste ano.

Tudo começou no início da Terceirona. Antes mesmo do torneio começar, o site apontou que o Remo teria vantagem diante do Paysandu na briga pelo acesso à Série B. De acordo com o levantamento, o Leão teria 50% de classificação para o quadrangular, enquanto o Papão possuía 26%.

Apesar disso, o destino das duas equipes se desenhou de outra forma na competição. O Papão avançou à segunda fase e está a um passo da Segunda Divisão. Por outro lado, o Leão sofreu na etapa classificatória e foi eliminado precocemente do torneio.

Mas afinal, porque houve tanta diferença entre as probabilidades e o resultado final? Segundo o criador do Chance de Gol, o estatístico Marcelo Arruda, tudo pode ser explicado por um modelo matemático. De acordo com ele, os resultados do Remo no início da temporada apontavam uma campanha na Série C melhor que a do Paysandu. No entanto, o profissional reforça: tudo é probabilidade, não previsão.

"Antes do campeonato começar usamos como bases os jogos anteriores de cada equipe. No caso do Remo, levamos em consideração o Parazão, a Série C de 2022 e a Copa do Brasil. Eu não tenho de cabeça o resultado, mas provavelmente o Remo tinha um X maior que o Paysandu. É um cálculo, não existe a participação de um lado torcedor e muito menos preconceito com as equipes. Quando o Brasileirão começa, as equipes geralmente trazem retrospectos de um campeonato estadual, que é mais fraco tecnicamente. Às vezes um time pode ser campeão estadual invicto, mas de um campeonato de nível inferior", explicou.

Marcelo diz que já sofreu bastante com reclamações de torcedores, mas diz que isso não atrapalha o trabalho do site, que existe há 25 anos. Ele conta que a torcida leva em consideração aspectos subjetivos na hora de projetar um resultado, fato que não acontece no modelo matemático.

"Já sofri com torcedores muitas vezes, seja por e-mail ou pela janela de chat que tem no site. São basicamente reclamações sobre a história dos times. Se existe um clube que foi campeão mundial, da libertadores e vai jogar contra um adversário de menor expressão, os títulos não entram no jogo. O que importa é o retrospecto dos clubes em torneios recentes e confrontos diretos", disse. O estatístico ainda completa:

"Não levamos em consideração o elenco, se existe jogador machucado e uso de times reservas. Não tem como eu colocar isso em modelo matemático. O que o computador sabe é que jogam dois times. Se fosse levar em consideração o elenco, teria que analisar todos os elencos do mundo".

Como funciona?

De acordo com Marcelo, todas as estatísticas do Chance de Gol são geradas por um software, criado por ele, que transforma os resultados dos jogos em equações matemáticas. Esses cálculos são colocados em "caixinhas", uma para cada tipo de competição, e não adicionadas à novas probabilidades, que levam em consideração confrontos diretos e retrospectos gerais dos últimos 12 meses.

"Pegamos o retrospecto de confrontos entre as equipes e atribuímos pesos maiores para jogos mais recentes e menores para jogos mais antigos. O programa que desenvolvi resolve esse sistema de equações para encontrar o X de cada time, que é a probabilidade divulgada. Em torneios mata-mata nós conseguimos avaliar probabilidades de jogos futuros, mas no Brasileirão, como é um torneio de pontos corridos, isso se torna impossível. Então, o sistema faz milhares de simulações e nós divulgamos as probabilidades a partir disso", complementou.

História

O Chance de Gol surgiu em 1999 como resultado do curso de mestrado em estatística cursado por Marcelo na Universidade de São Paulo (USP). Quando foi criado, o site tentava explicar como funcionava o "promédio", método adotado pela CBF para definir os rebaixados no Brasileirão daquele ano.

"Em 1999, o Brasileirão adotou o sistema de promédio (médias de pontuação dos últimos dois anos de campeonato) para definir rebaixamentos e o meu professor do mestrado deu a ideia de fazer um site para trabalhar com isso. Assim nasceu o Chance de Gol, inicialmente vinculado à USP, onde fazia mestrado. Naquele mesmo ano, incluímos a Série B e a C, porque o Fluminense-RJ jogava a C e muita gente procurava a gente por isso. Para não descontinuar, decidi manter os campeonatos nos anos seguintes. Em 2000, teve o Mundial de Clube no Brasil, que passei a incluir. Para manter o site ainda mais ativo, coloquei os estaduais, regionais e Copa dos Campeões", disse.

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