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Dia do Leitor: 'Jogador não lê' é coisa do passado, dizem atletas que cultivam o hábito saudável

Entre treinos e jogos, muitos atletas provam que o estereótipo contrário à leitura não é unanimidade e citam suas obras favoritas

Luiz Guilherme Ramos

No dia 7 de janeiro de 1928, o poeta e jornalista Demócrito Rocha fundou o jornal "O Povo", que, essencialmente, lutava contra os excessos políticos da época, através dos fatos. A fundação do jornal inspirou a criação do Dia do Leitor. Um século depois, o hábito de leitura continua sua saga contra hábitos mais dinâmicos, como aplicativos de conversa, redes sociais, internet, televisão, entre outros.

Disputas à parte, é notório que a leitura estimula a criatividade e alimenta o pensamento crítico. Quando um desses elos se perde, a disfunção causa tropeços de toda ordem, alguns deles dotados de um bom humor. O esporte contribui nesse quesito, produzindo pérolas históricas que resistem ao tempo.

Ao desembarcar em Belém, Claudomiro, ex-jogador do Internacional, deu sua impressão sobre a capital paraense numa frase que revelava traços históricos e noções geográficas duvidosas. "Tenho o maior orgulho de jogar na terra onde Jesus Cristo nasceu". Outra troca interessante foi criada por Jardel, ex-Grêmio, quando perguntado sobre as emoções de uma partida. "Quando o jogo está a mil, minha naftalina sobe."

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Vira e mexe essas frases retornam ao debate popular, trazendo bom humor e uma discreta reflexão sobre a formação de bons leitores. A 5ª edição do estudo “Retratos da Leitura no Brasil” afirma que cerca de 52% da população brasileira informa ter o hábito da leitura, com uma média de 4,96 livros lidos por habitante. Finlândia (14), Canadá (12) e Coreia do Sul (10) lideram o ranking. São cerca de 100 milhões de leitores, 4,6 milhões a menos do que o registro anterior, de 2015.

Mas assim como existem pérolas impagáveis, o futebol também notabilizou figuras letradas, como o paraense Sócrates, um dos maiores ídolos da história corintiana. Filho de um apaixonado pela filosofia, foi registrado com o nome do pensador grego que ajudou a moldar o pensamento ocidental. Da mesma forma, ele ajudou a mudar as relações entre clubes e atletas, como um expoente da "Democracia Corinthiana" dos anos 80. O ex-jogador, morto em 2011, aos 57 anos, também se notabilizou por ser médico e eleito um dos seis esportistas mais inteligentes da história (o único futebolista da lista), pelo jornal The Guardian, em 2015.

Mudança

Acostumado aos gramados desde a infância, o meia Djalma não esconde que jogador de futebol é um tanto avesso aos livros. Apesar disso, seu interesse pela leitura parece mais latente quando a conversa envereda pelos rumos da informação. Com 31 anos e mais algumas temporadas pela frente, ele planeja sua aposentadoria dos gramados, contando com o auxílio precioso dos livros sobre esportes, que inspiram o futuro.

"Eu tenho lido bastante livros sobre esquemas táticos. Além de me ajudar a entender melhor cada partida, eu também consigo ter uma troca com meu treinador e parceiros de time. Isso serve para o meu pós-carreira. Estou me organizando para iniciar o curso da CBF, não à toa tenho lido bastante. Um deles é do Pep Guardiola, sigo muito a ideia de jogo dele", confirma.

Ideia semelhante tem o volante Alysson, hoje no Santa Rosa. Com apenas 25 anos, o atleta considera "imensurável" a importância da leitura em sua rotina e acredita que através dos livros o crescimento é imparável. "Me fez enxergar as coisas de um jeito diferente. Contribui muito para o meu desenvolvimento pessoal e profissional", garante, com destaque para sua preferência.

"Costumo ler livros de autodesenvolvimento, empreendedorismo e biografias de atletas e/ou pessoas bem-sucedidas para que possa adquirir ensinamentos, entender seus pensamentos em relação aos desafios. Desse modo, posso extrair o máximo de aprendizado e bons exemplos para minha rotina. Por exemplo, um aprendizado que obtive no livro de Michael Jordan é que devemos nos esforçar, nos dedicar e dar tudo de nós em busca de nossos objetivos. Assim formo a minha mentalidade e busco agir de tal forma todos os dias", reforça. Histórias à parte, o resumo da obra diz que é perfeitamente possível uma boa leitura despertar a emoção de um golaço.