Doceria em Belém enfrenta desafios com insumos, mas aposta no atendimento personalizado
Alta dos insumos e falta de mão de obra desafiam docerias em Belém, mas qualidade e atendimento garantem destaque
Manter uma doceria em Belém tem se tornado um desafio crescente devido à alta constante nos preços de insumos e à dificuldade de encontrar mão de obra qualificada. A avaliação é de Anne Moura, empresária com mais de 10 anos de experiência no mercado de confeitaria, dona da doceria que leva seu nome, localizada no bairro da Pedreira, há quatro anos consolidando sua marca.
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Alta nos preços dos insumos pressiona produção
Segundo Anne, produtos como leite, manteiga, derivados e, principalmente, chocolate — um dos ingredientes mais usados nas receitas — tiveram aumentos significativos nos últimos anos, pressionando os custos de produção.
“Muitas vezes eu acabo absorvendo parte do prejuízo, porque não dá para reajustar o cardápio física toda hora. Mas isso exige muito jogo de cintura para que o cliente não perceba queda na qualidade”, explica a empresária.
Os reajustes não impactam apenas o bolso do empreendedor, mas também o relacionamento com os clientes. “O cliente, normalmente, não entende. Ele reclama. Então, é preciso equilíbrio: nem sempre dá para aumentar o valor de imediato. Às vezes, a gente prefere segurar um pouco para não perder vendas”, conta.
Reinvenção após a pandemia
Antes da pandemia, Anne atuava fortemente na área de eventos, oferecendo coffee breaks e serviços personalizados para empresas e famílias. Com a Covid-19, ela perdeu contratos importantes e precisou se reinventar.
“Comecei a vender kits de doces em casa. Foi uma fase difícil, mas também de aprendizado. Passei a conhecer melhor o perfil do meu cliente e percebi a importância de ter um ponto fixo, mais visível e acessível”, lembra.
A escolha do bairro da Pedreira para a doceria envolveu riscos, já que o imóvel exigia reformas e investimento alto. “Era um desafio enorme, mas acreditei no projeto. Hoje ele é meu e abriga não só a produção, mas também um espaço para eventos menores”, afirma Anne.
Desafio maior: mão de obra
Se os insumos são uma preocupação, Anne aponta que a maior dificuldade do setor está na gestão de pessoas. “O maior desafio hoje não é o preço da matéria-prima, é a mão de obra. Lidar com pessoas que não têm compromisso é bastante difícil”, desabafa.
“Eu faço de tudo aqui. Se um funcionário falta, eu assumo. Isso garante que o cliente nunca fique sem atendimento, mas é muito desgastante para o dono do negócio”, completa.
Redes sociais como aliadas
O marketing digital tem sido fundamental para alcançar novos públicos. Para Anne, as redes sociais se tornaram indispensáveis para qualquer empreendedor de confeitaria.
“Quem não trabalha com redes sociais acaba ficando de fora. A propaganda é fundamental para divulgar o produto e fidelizar clientes. O engajamento cresce muito quando estou ativa postando vídeos”, explica.
Ela reconhece que produzir conteúdo exige tempo e energia, mas planeja montar uma equipe dedicada para ampliar a presença digital.
Diferenciais para se destacar no mercado
Em Belém, o mercado de confeitaria está em expansão, com novos empreendedores surgindo a cada ano. Anne aposta na qualidade dos produtos e no atendimento personalizado como diferenciais.
“Além de um bom produto, é preciso atender bem. Isso fideliza o cliente e cria confiança. Também é importante inovar, trazer novidades, porque o público busca experiências diferentes”, analisa.
A empresária defende que o setor de confeitaria merece mais reconhecimento, já que envolve trabalho técnico, gestão de estoque, prazos, fornecedores e equipe.
Mesmo com todos os desafios, Anne mantém otimismo. Além da doceria na Pedreira, ela administra uma cantina escolar e outros pontos de venda em Belém.
“Graças a Deus, cliente não falta. O importante é continuar inovando e mantendo a qualidade. É isso que faz o negócio sobreviver em meio às crises”, conclui.
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