Trabalhadores se preocupam mais com crescimento profissional do que com salários altos

Especialista diz que este é um comportamento provocado pela pandemia da covid-19

Elisa Vaz

As mudanças no mercado de trabalho provocadas pela pandemia da covid-19 resultaram em uma preocupação com a estabilidade do emprego por parte do trabalhador. Segundo a pesquisa Marca Empregadora, realizada pela consultoria Randstad, depois que a crise sanitária se instaurou, o brasileiro passou a se importar mais com a chance de crescer profissionalmente do que com um salário polpudo ou benefícios atraentes.

A progressão de carreira aparece como o fator mais determinante para aceitar uma proposta de emprego para 75% dos profissionais brasileiros. Remuneração e benefícios, em contrapartida, ocupam a segunda posição, sendo a escolha de 74% dos entrevistados. Este índice é maior do que a média dos países da América Latina, em que o crescimento na carreira fica empatado com um bom salário e remuneração, ambos considerados importantes por 69% da população.

De acordo com a mestre em administração, consultora e coordenadora do curso de administração da Universidade da Amazônia (Unama), Alessandra Meirelles, o brasileiro, de uma maneira geral, começou a tomar mais consciência da inconstância que pode ser um mercado de trabalho desde que a pandemia começou. “Se antes as coisas eram mais estáveis ou lineares, no momento atual do pós-pandemia há uma grande turbulência em todas as áreas, o que fez com que o profissional começasse a entender que, para se fixar no mercado de trabalho, precisa se qualificar e ter um conhecimento muito maior”, avalia.

As inovações tecnológicas e em outras áreas, como de vendas, gestão e atendimento, são percebidas no mundo todo, pontua Alessandra, e para conseguir manter o emprego o trabalhador precisa ser competitivo em sua área de atuação, para agregara valor. E uma consequência da progressão de carreira é a maior qualidade de vida proporcionada, que também se tornou uma preocupação dos profissionais do pós-pandemia.

Para chegar nesse estágio de mais segurança e qualidade de vida, é preciso investir na carreira e ter estratégias para se manter em destaque. “Primeiro você precisa definir as suas metas e o seu objetivo dentro da profissão, e depois avaliar como chegar lá, então definir metas para alcançar o objetivo. Isso é um planejamento que todo profissional tem que fazer. Mas existem outras formas de aumentar as chances de se manter no emprego. A primeira é a inteligência emocional, muito falada hoje em dia, mas que começou a ser estudada desde a década de 1980 – é você ter conhecimento de que as suas soft skills, ou seja, os seus comportamentos, emoções, sentimentos e qualidades precisam ser trabalhadas”, orienta a professora.

Ter habilidades como resiliência, paciência, trabalho em equipe e flexibilidade também é uma postura exigida no mercado atual, pois tudo isso faz parte da inteligência emocional, que pode ser medida por testes de comportamento e de personalidade. E por último, Alessandra indica que o trabalhador tenha networking – ou rede de contatos – e muito conhecimento científico da área na qual trabalha.

Mas as empresas também têm um papel fundamental na projeção de carreira de seus funcionários. Como elas são responsáveis pelas contratações, exigindo profissionais que sigam determinados requisitos, são elas que vão delinear uma equipe de alta performance. Em paralelo a isso, as organizações precisam fazer o nivelamento da equipe mais antiga.

“A empresa que observa essas tendências dá treinamento, sustentação e conhecimento, que os seus profissionais já conhecem, mas o conteúdo precisa ser reciclado para ter uma equipe nota mil. Quando capacito as pessoas que estão trabalhando comigo estou elevando não só o nível desses trabalhadores, mas principalmente retendo os talentos, o que hoje é também muito importante”, comenta.

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