Trabalhadores e estudantes paralisam o Pará nesta sexta-feira

Greve geral faz parte da mobilização contra a reforma da Previdência e os cortes na educação

Elisa Vaz

Mais da metade dos trabalhadores e estudantes de instituições públicas e privadas paraenses não vai comparecer aos trabalhos e escolas nesta sexta-feira (14), dia que marca a greve geral em todo o Brasil. Em reunião realizada ontem no Sindicato dos Bancários, líderes de diversas entidades alinharam as ações para a data, que marca a luta dos trabalhadores em três eixos: contra a reforma da Previdência, contra os cortes na educação e a favor do emprego.

Na capital paraense, além da paralisação, haverá uma caminhada com concentração na Praça da República, às 10h, que seguirá pela avenida Nazaré até o Mercado de São Brás. Fora Belém, a paralisação e os atos serão realizados em Santarém, Castanhal, Altamira, Barcarena e outros municípios paraenses e em quase todos os Estados brasileiros.

As categorias que aderiram à greve foram os bancários, Correios, professores, estudantes, portuários, motoristas, cobradores, caminhoneiros, servidores públicos, profissionais da saúde, da construção e outros. Segundo as centrais, o governo do Estado está ciente das paralisações e irá abonar as faltas dos servidores estaduais.

A greve foi convocada pela Central Única dos Trabalhadores (CUT), Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Central Sindical e Popular (CSP) Conlutas, Força Sindical e pelo Instrumento de Luta e Organização da Classe Trabalhadora (Intersindical), com apoio das frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo, mas também conta com o apoio da Federação dos Servidores Públicos Estaduais do Pará (FSPEPA), Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Pará (Sintepp), Nova Central Sindical de Trabalhadores (NCST) e outras instituições.

Conforme explicado pela presidente do Intersindical e coordenadora do Sintepp, Conceição Holanda, a greve geral vem sendo construída há cerca de dois meses. "Logo cedo, o início do dia já será de luta. O Pará inteiro vai participar. Esperamos que os trabalhadores participem da caminhada, porque é importante, mas a principal orientação é não sair de casa, principalmente para ir ao trabalho. Como os ônibus vão parar, quem não tiver como se locomover até o centro deve ficar em casa, até por conta da segurança. Nem todo mundo vai para o ato, mas são milhões de pessoas envolvidas na paralisação", comentou.

Segundo a organização do movimento, a greve é apenas o início da luta contra as decisões do governo de Jair Bolsonaro e será a maior greve da história do país. A integrante do Conlutas Rose Pantoja disse que o principal intuito da mobilização é defender o direito à aposentadoria. "Quando o ex-presidente Michel Temer apresentou a reforma trabalhista, garantiu que, com a terceirização, o Brasil teria mais empregos. Agora contam a mesma história para aprovar a reforma da Previdência. A maior mentira do governo é dizer que os servidores são privilegiados com o sistema atual. Eles que são os privilegiados, e o pior é que não vão sofrer com a mudança", comentou.

Da mesma forma, o presidente da NCST, Marivaldo Silva, argumentou que, apenas em quatro meses, o Pará já tem saldo negativo de milhares de empregos. "São 440 mil pessoas desempregadas. É um Estado rico com pessoas pobres, milhares de profissionais com diplomas fazendo bicos, e a reforma só vai piorar esse quadro", opinou. Na avaliação do presidente da Força Sindical, Ivo Borges, a mudança é uma "política desastrosa que vai acabar com os trabalhadores". 

Além disso, um dos argumentos dos sindicalistas é que, além do trabalhador, os municípios também vão ser prejudicados. Isso porque, na opinião do presidente da CTB, Cléber Rezende, as cidades vão perder recursos. "Com menos dinheiro, não há como investir nos serviços básicos para a população, como saúde, educação e infraestrutura. Imaginem Belém, que já não tem qualidade nesses serviços", disse.

Outro ponto criticado pelas centrais é o modelo de capitalização incluído na reforma proposta pelo governo. Ela é uma espécie de poupança que o trabalhador faz para garantir a aposentadoria no futuro, na qual o dinheiro é investido individualmente, ou seja, não "se mistura" com o dos demais trabalhadores. No entanto, para o presidente da CTB, Cléber Rezende, esta é uma maneira de transferir o dinheiro dos contribuintes para os bancos. Segundo o presidente da FSPEPA, Valdo Martins, dos 30 países que tentaram implementar o modelo, 18 já estão revendo. "No sistema atual, existe a cooperação entre o trabalhador, o empregador e o governo. Com a mudança, só o trabalhador vai contribuir. As pessoas vão perder dinheiro dessa forma", afirmou.

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