Tarifaço de Trump coloca Barcarena entre os 5 municípios mais prejudicados do país
A cidade ocupa atualmente o 4º lugar da lista, atrás apenas de Piracicaba (SP), Matão (SP) e Guaxupé (MG)

A nova tarifa de importação de 50% aplicada pelo presidente dos Estados Unidos Donald Trump sobre os produtos brasileiros já está afetando diretamente as exportações de Barcarena, localizada na Região Metropolitana de Belém. Segundo um levantamento publicado pelo jornal O Estado de S. Paulo, o município é o quarto mais impactado do país pela medida, atrás apenas de Piracicaba (SP), Matão (SP) e Guaxupé (MG).
A nova taxa eleva em 40% as alíquotas de importação sobre diversos produtos brasileiros, somando-se aos 10% que já eram cobrados anteriormente. A medida afeta 906 municípios exportadores do Brasil e incide principalmente sobre produtos como carne, café, pescados, químicos e máquinas industriais.
Impacto em Barcarena
Em Barcarena, o impacto se concentra na exportação de produtos químicos inorgânicos e compostos de metais preciosos, elementos radioativos e terras raras, que juntos, de acordo com o estudo, somaram US$ 344 milhões em vendas para os Estados Unidos apenas no ano passado.
Fiepa analisa impacto no Estado
A Federação das Indústrias do Estado do Pará (Fiepa) informou, por meio de nota, que o Pará tem uma relação comercial consolidada com os Estados Unidos, sobretudo em produtos como o açaí e o pescado, que agora estão sendo diretamente afetados pelo aumento tarifário. A instituição também reforçou que, apesar de ainda estar levantando os números finais, já é possível afirmar que a medida impacta não apenas as exportações, mas toda a cadeia produtiva, desde produtores ribeirinhos até a indústria de beneficiamento. "Além da questão econômica, o impacto deve ser avaliado com cautela, pois o setor industrial paraense é estratégico para a geração de emprego, renda e desenvolvimento regional".
Segundo um estudo divulgado recentemente pela instituição, cerca de 700 produtos foram excluídos da nova tarifa americana, incluindo a maioria dos itens que o Pará tradicionalmente exporta aos EUA.
Entre os 10 produtos mais exportados pelo Estado ao país, sete estão totalmente isentos, sendo o caso da alumina calcinada, responsável por 32,1% da pauta exportadora paraense com os EUA, e de itens como ferro fundido bruto (14,9%), alumínio não ligado (5,46%), outros silícios (4,75%), bulhão dourado [bullion doré] (3,21%) e ferro-níquel (3,05%). O segmento de sucos de frutas terá aplicação de forma parcial, enquanto o hidróxido de alumínio, sebo bovino fundido e madeiras tropicais perfilada foram incluídos integralmente na taxação.
Levando em consideração apenas os produtos afetados, a estimativa é que o impacto sobre o volume exportado do Pará aos EUA seja de 20,1%, o que corresponde a uma retração nas exportações totais do Estado de 1,1%. O estudo mostra ainda que, em um cenário com isenções, a queda nas exportações totais paraenses deve ser de 1,16%, resultando em uma retração de R$ 403 milhões no Produto Interno Bruto (PIB) do Estado. Com isso, a projeção de crescimento do PIB para 2025 cairia de 3,5% para 3,38%, o que representa uma redução de 3,31% sobre a expectativa inicial.
A Fiepa finalizou a nota afirmando que está dialogando com a indústria, governo federal e entidades parceiras para buscar soluções que minimizem os impactos imediatos. "O momento exige estratégia e cooperação, e o setor industrial paraense está mobilizado para transformar esse desafio em oportunidade".
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