Sem rentabilidade, poupança dá espaço a novas modalidades de investimento

Assessor de investimentos indica produtos de renda fixa, como Tesouro, CDI e debêntures

Elisa Vaz

Mesmo sendo a modalidade mais popular para quem quer guardar dinheiro, a poupança deixou, há muito tempo, de ser um investimento rentável. Isso quem diz é o assessor de investimentos Idean Alves. Segundo ele, a poupança não é uma boa opção de investimento desde a mudança da regra em 2012: quando a taxa básica de juros está igual ou abaixo de 8,5% ao ano, a poupança rende 70% da Selic mais a variação da Taxa Referencial (TR), que hoje está zerada, o que dá cerca de 0,44% ao mês. Já quando a Selic ultrapassa os 8,5% ao ano, ela volta a render pela regra antiga, 0,5% ao mês mais TR.

Segundo o especialista, essa conta deixa ela uma opção bem menos atrativa, porque sempre vai render abaixo do “salário mínimo” do dinheiro do país, o CDI [Comprovante de Depósito Interbancário], que é a taxa negociada entre os bancos e que reflete quase em 100% a taxa básica de juros do país, a Selic. “Não faz sentido hoje o investidor ganhar 6% por ano na poupança podendo receber 12,65% por ano em aplicações atreladas ao CDI, por exemplo”, avalia.

Já são vinte meses seguidos de perdas para a inflação, então quem tem dinheiro nessa ferramenta está perdendo poder de compra há quase dois anos. Em abril, a rentabilidade da poupança foi de 0,56% em termos nominais, enquanto a inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) foi de 1,06%, a maior taxa em 26 anos. Com isso, o retorno da caderneta foi negativo em -0,5% no mês. Já na comparação entre os últimos doze meses, o rendimento real da poupança ficou negativo em 6,58%. O levantamento é da provedora de informações financeiras Economática.

Esse comportamento é relativamente recente, se considerado que a mudança da regra ocorreu em 2012, e a perda de poder compra ficou mais acentuada com a alta da inflação. “Antes se aplicava na poupança, ou em outras opções de renda fixa, e o ganho real era ‘garantido’, pela inflação ser bem menor. Só que nos últimos dois anos tivemos os juros reais negativos elevados, ou seja, os rendimentos do CDI, e principalmente da poupança, ficaram abaixo da inflação do período, o que na prática representa que o consumidor perdeu em torno de 5% a 6% do poder de compra nas suas aplicações de renda fixa. Na vida real, ficamos mais pobres enquanto consumidores”, avalia Idean.

Com a alta da taxa Selic, agora fixada em 12,75% ao ano, se tornou mais fácil investir em outras opções de investimento em renda fixa que superam a rentabilidade da poupança. Por conta do cenário de inflação global elevada, algumas opções atreladas ao CDI, que capturam a alta da Selic, tendem a continuar subindo até que a alta de preços dê sinal de arrefecimento.

Há também opções no mercado que se aproveitam da alta de preços, de acordo com o assessor de investimentos: aplicações de IPCA+, que apresenta a inflação do período, mais uma taxa acordada em cima, como por exemplo IPCA+7%, o que historicamente no Brasil remunera muito bem, diz ele.

“Assim como o cenário de alta de juros oportunizou boas oportunidades em renda fixa com taxas pré-fixadas bem vantajosas, onde você acorda uma taxa de 15% por ano, livre de risco, o mundo ideal para muitos investidores que tentam gerar esse retorno por meio de negócios, em uma economia que se mostra cada vez mais desafiadora, sem dúvida é uma ótima opção para os rentistas e para quem busca retorno livre de risco”.

Inclusive, para quem é mais conservador e ainda mantém o dinheiro na poupança, a renda fixa é a mais indicada entre os produtos do mercado financeiro, por ter uma previsibilidade relativa maior. Mas como o cenário pode mudar rapidamente, é importante também diversificar os investimentos, ainda que na própria renda fixa, e fixar uma parte com taxa garantida, tudo isso de forma gradativa e sempre com um bom “colchão” de liquidez disponível para, caso o cenário mude, o investidor consiga aproveitar. “Crise é oportunidade para quem tem dinheiro para aproveitar”, opina Idean. Entre os produtos atrelados à renda fixa, que é, basicamente, emprestar dinheiro para alguém, o especialista indica o Tesouro, para o governo; CDB, LCI e LCA, para os bancos; ou debêntures, para empresas, com ganhos que podem ser referenciados pela taxa básica de juros, pela inflação ou pré-fixados.

O mais importante, segundo ele, é comparar e ver quem está pagando mais pelo dinheiro investido, sempre observando também o risco do devedor, para garantir que vai ter o dinheiro de volta. “Opções como os empréstimos para bancos contam com a segurança do FGC [Fundo Garantidor de Crédito]; caso o banco que o investidor emprestou quebre, ele tem direito a receber até 250 mil de volta, por isso também é importante diversificar em várias instituições diferentes para ficar 100% protegido”.

Para quem vai começar a investir agora, de forma conservadora, Idean indica ainda buscar o serviço de assessoria de investimentos para ajudar a entender mais o mercado e as opções que mais se adequam ao perfil do investidor. Além disso, comparar sempre, pois só assim aquela pessoa vai entender as opções disponíveis e saber quem vai dar a melhor taxa de retorno, com o menor risco.

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