Cartão de crédito: Saiba a diferença entre pagamento mínimo e parcelamento de fatura
Especialistas recomendam que clientes fujam da modalidade e se organizem financeiramente
O número de brasileiros endividados bateu recorde em 2022, chegando a 77,3% no mês de junho, segundo a Confederação Nacional do Comércio. O índice é maior do que o registrado no mesmo mês do ano anterior, de 69,7%. De acordo com a entidade, a retomada do consumo explica o maior uso do cartão de crédito, que, somado com inflação alta, juros crescentes e fragilidade no mercado de trabalho, aumenta o número de dívidas.
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Outro fato que contribui para o resultado é que, quem usa cartão de crédito, pode parcelar a fatura ou efetuar um pagamento mínimo. A prática, entretanto, é desaconselhada por economistas, pois os juros podem criar um efeito "bola de neve".
O que é pagamento mínimo?
Na prática, o cliente que opta pelo pagamento mínimo não é negativado nem considerado inadimplente, porém, entra na modalidade de crédito rotativo, uma espécie de empréstimo que será cobrado na fatura seguinte com multas de atraso e juros sobre a quantia não paga. Os juros de crédito rotativo no Brasil podem chegar a 22%.
O que é parcelamento de fatura?
Já o parcelamento traz juros fixos e bem menores do que o do crédito rotativo, além de um prazo maior de pagamento. Neste caso, a fatura não quitada é parcelada para faturas posteriores e o limite do cartão fica bloqueado e é liberado conforme os pagamentos. Ao escolher essa modalidade, porém, qualquer atraso pode cancelar o acordo com o banco, o que pode negativar o nome do cliente e ainda cancelar os serviços do cartão.
Quando usar o cartão de crédito?
A economista paraense Izabel Ferreira conta que a modalidade deve ser usada apenas como último recurso.
"Temos que ter uma relação saudável entre gastos e ganhos. Se você ganha R$ 2 mil, não pode gastar R$ 3 mil no cartão de crédito. Tem que gastar no máximo mil [reais], quando muito. Os juros podem passar de 10% e ficar acumulando essa dívida é o pior dos cenários", alerta.
Mas, se mesmo assim a pessoa precisar estourar o orçamento pessoal em algum mês, é importante que ela esteja atenta a algumas regras: desde julho de 2018, as operadoras de crédito podem definir de quanto é o pagamento mínimo permitido e estipular esses valores de acordo com o perfil do cliente.
"Não existe uma regra, pois cada caso é um caso e cada banco é um banco. Então o ideal é ter bem claro quanto ganha e quanto pode gastar. Outra dica é não ficar saindo com cartão de crédito na bolsa se já não tiver uma aquisição planejada. Isso gera impulsos desnecessários", recomenda.
Dica de consumidor
Cláudia Moreira é autônoma e conta que já passou por essa situação mais de uma vez. Ela lembra que atualmente não se pode fazer mais de dois pagamentos mínimos ou parcelamento seguidos, medida que ela considera positiva.
"Digo porque já tentei em 2020 quando tudo se complicou por causa da pandemia e não permitiram. Mas acho isso bom porque evita a pessoa de se afogar em dívidas e força ela a negociar ou tentar ir num feirão desses que dão descontos. E também ajuda a botar a cabeça no lugar. Minha dica, que eu sigo, é se planejar para comprar o que precisa no débito. Cartão de crédito só em último caso para algo muito caro", diz.
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