Bolsa de Valores: Em Belém, consultores financeiros orientam sobre os primeiros passos
Leonardo Macedo e Rafael Carvalho dão dicas e abordam as aplicações e investimentos
A Bolsa de Valores atravessa um momento de maior visibilidade no Brasil. Os motivos têm várias frentes, sejam as pontuações recordes nos últimos pregões até à necessidade do brasileiro de proteger sua renda e, claro, de obter melhores retornos. Essas afirmativas são de dois profissionais da área, em Belém, que trabalham com gestão de carteiras para clientes pessoa física e jurídica. Leonardo Macedo, planejador financeiro e assessor de investimentos, há seis anos, e Rafael Carvalho, consultor de valores mobiliários, reconhecido pela Anbima, a principal entidade certificadora dos profissionais dos mercados financeiro e de capitais do Brasil.
Leonardo Macedo observa que há um interesse crescente de pessoas físicas na busca de alternativas de investimento além da poupança. “Em 2019, menos de 1 milhão de CPFs investem na bolsa de valores, hoje, segundo dados atualizados pela B3 (Bolsa de Valores do Brasil), este número ultrapassa 5,4 milhões".
"Não foi somente o número de investidores em bolsa que subiu, hoje mais de 100 milhões de CPFs investem em renda fixa, produtos bancários como CDBs, RDBs, LCI/LCA ganharam espaço com o atual cenário de juros, o número representa um salto de 20% em relação ao mesmo período do ano passado”, afirma Macedo.
Primeiros passos para iniciante
Tanto Rafael Carvalho quanto Leonardo Macedo afirmam que é possível iniciar com pouco dinheiro. Rafael Carvalho frisa: “Existem diversas plataformas que permitem o acesso à bolsa de valores, mesmo com valores pequenos”.
"É possível começar com bem pouco, tanto comprando ações, quanto através de fundos de investimento em ações. Esse movimento é interessante inclusive para você começar a aprender, na prática, sem colocar em risco quantias significativas do seu patrimônio”, completa Rafael.
Leonardo também defende que qualquer pessoa pode iniciar por conta própria e até recomenda que assim seja, desde que com um valor pequeno. No entanto, ele argumenta, que antes de fazer investimentos em renda variável, é importante estar com a “casa arrumada”, diz, referindo-se ao fato de se ter uma boa reserva financeira e estar livre de dívidas.
“Faz pouco sentido buscar uma rentabilidade média de mercado estando com grandes compromissos financeiros para honrar. Já com a casa arrumada você pode iniciar com qualquer valor, hoje existem ações e fundos imobiliários que são negociados abaixo de R$ 10", orientou Leonardo.
Ele recordou que dados da Fecomércio Pará mostraram um salto expressivo nos índices de endividamento da população paraense, no ano de 2024. “O número fechou em aproximadamente 78%, impulsionado pelo mau uso do cartão de crédito e por empréstimos pessoais sem planejamento”.
‘Quem investe em renda variável, deve pensar a longo prazo’, dizem planejadores financeiros
"Investir em renda variável, dada a oscilação que estes ativos podem apresentar, deve ser entendido como um investimento a longo prazo, para compor quem sabe uma carteira previdenciária, pensando em uma renda futura na aposentadoria. No entanto, a maioria dos entrantes buscam a renda variável como um ganho fácil e rápido, se baseando em muitas coisas que veem na internet, o que acaba causando frustração e prejuízos”, afirma Leonardo.
Por sua vez, Rafael pondera: “Investir sozinho é bastante desafiador, pois demanda tempo e dedicação para acompanhar o mercado, conhecer as empresas e estudar. Se é do desejo do investidor ter independência, um bom caminho pode ser começar com o apoio de um profissional enquanto vai desenvolvendo o conhecimento para formar uma tese de investimento que seja segura e possível de se executar por conta própria”.
Sobre bancos tradicionais que oferecem corretoras próprias e, muitas vezes, contam com gerentes de aplicação para orientar o investidor iniciante, Rafael Carvalho enfatiza que esse serviço não é feito de graça.
“Gerentes e assessores de investimentos recebem comissões pelas aplicações dos clientes e consultores independentes cobram pela construção de carteiras, então é importante o investidor entender que esse serviço sempre é remunerado”.
Ele acrescenta: “Não dá para garantir um melhor resultado, porém com um consultor independente você não fica vinculado a uma única instituição e também evita possíveis conflitos de interesse que profissionais como gerentes e assessores incorrem ao recomendar investimentos para seus clientes”, opina Rafael.
Quando se fala em investimentos a longo prazo, há a questão dos dividendos, que se tornam atrativos em empresas sólidas e podem complementar a renda do investidor. Mas, o que se considerar na hora da decisão: a busca por ganhos de curto prazo com valorização das ações ou a estratégia de longo prazo baseada na distribuição periódica de lucros?
Para Rafael, “quando falamos de dividendos, já fica presumido uma ideia de investimento a longo prazo. Já que vamos avaliar a situação de uma empresa e focar em ganhar com os lucros do negócio (dividendos). Na minha opinião, é um dos melhores caminhos para se investir na bolsa, porém, é importante entender que a noção de investimento a longo prazo pressupõe que você passará por momentos de altos e baixos no decorrer do tempo, mas se manterá firme com a visão no futuro”, afirmou Rafael Carvalho.
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