Queijo do Marajó é destaque no exterior, mas produção ainda enfrenta desafios

Ausência de centrais de produção de material genético no Pará é um dos gargalos, diz o zootecnista Guilherme Minssen, em Belém

Valéria Nascimento
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A indústria de laticínios paraense tem mostrado sinais de crescimento, impulsionada pela qualidade de produtos como o queijo do Marajó. O tipo gourmet marajoara integra listas dos melhores do mundo em disputas internacionais, o prêmio prata da 4ª Edição do Mondial du Fromage et des Produits Laitiers, na França, em 2019, é só um exemplo do reconhecimento conquistado por produtores marajoaras. No entanto, a produção do queijo marajoara ainda enfrenta desafios no Pará. 

“Um dos principais gargalos na bubalinocultura paraense é a ausência de centrais oficiais de coleta de sêmen no Pará”, afirma o zootecnista, Guilherme Minssen.  Ele completa: "O queijo bubalino marajoara é beneficiado com excepcional qualidade em dezenas de pequenos e médios laticínios marajoaras e também em municípios como Castanhal (nordeste estadual) e Parauapebas (sudeste paraense)”, 

Guilherme Missen é também diretor da Federação da Agricultura e Pecuária do Pará (Faepa). Ele conhece a cadeia produtiva do leite e derivados, por lidar com a produção, processamento e distribuição de produtos lácteos, da produção do leite na fazenda até a chegada do produto ao consumidor final, e aponta com clareza os entraves da atividade econômica.

Pará tem o maior rebanho de búfalos do Brasil

"Esta é uma reivindicação junto ao Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), da Faepa, da Sedap (Secretaria de Desenvolvimento Agropecuária e da Pesca do Pará) e da APCB (Associação Paraense de Criadores de Búfalos)”, diz o zootecnista, sobre a implementação das centrais no Pará.

Mapa detém as normas federais das centrais de produção de material genético

Minssen refere-se ao esforço institucional coletivo, no Pará, junto ao Mapa para a implementação das centrais de coleta de sêmen. Ele explica que o ministério é o responsável legal pelas centrais que funcionam com normas federais. Na prática, as centrais são locais habilitados e registrados pelo Mapa, para a coleta e processamento de sêmen de animais reprodutores.

Também chamadas de Centros de Coleta e Processamento de Sêmen (CCPS), elas desempenham um papel vital na produção e comercialização de material genético para a pecuária, garantindo a qualidade e a sanidade do sêmen utilizado na reprodução animal.

Mesmo que ainda não conte com as centrais, em questão, o zootecnista Guilherme Minssen, assegura: “Evoluímos muito na produção leiteira por vaca, nestes últimos 10 anos. Saímos de vacas que produziam cerca de 4 litros por dia para matrizes com mais de 12 litros em média, com manejo de pastagem em regime de campo. Nosso principal mercado é o interno. Estamos tentando suprir o mercado regional”, afirma ele.

Em Belém, Elisangela Ferreira é chef de cozinha em um badalado restaurante na avenida Duque de Caxias, no bairro do Marco. O local é especializado em comida regional. “Nós preparamos o filé, o nosso salgado, que é de charque com queijo do Marajó, e ainda tem mais um que é a lagosta, em que o queijo entra na finalização, também ralado e gratinado quando o prato vai para a mesa do cliente”, explica a chef.

Os clientes se surpreendem quando descobrem, pela primeira vez, o queijo do Marajó compondo pratos quentes, diz Elisângela. "O cliente chega aqui e logo vê que não é o queijo da vaca e aí ele acaba se surpreendendo. E a experiência se torna ainda melhor quando ele degusta o queijo mesmo junto com a preparação”, disse Elisangela.

Pará tem o maior rebanho de búfalos do Brasil

De acordo com dados mais recentes publicados pelo do IBGE (de 2023), o Pará tem cerca de 684 mil cabeças e é o maior produtor do país, com destaque absoluto do arquipélago do Marajó. O segundo maior rebanho está no Amapá.

O Marajó tem na pecuária bubalina uma forte fonte de renda, centrada na produção do queijo, do leite e derivados. Na última sexta-feira (4), se encerrou, por exemplo, o 4º Torneio Leiteiro de Búfalas, que reuniu oito propriedades dos municípios de municípios como Cachoeira do Arari, Salvaterra, Nova Timboteua, entre outros.

Esses torneios funcionam como vitrines da potência do setor. Neles, há a medição da produção leiteira feita com precisão técnica em balança específica, e as ordenhas ocorrem diariamente. Vence o torneio a propriedade com maior média de leite por animal. A iniciativa é da Associação Paraense de Criadores de Búfalos (APCB) com apoio do Governo do Pará, por meio da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Agropecuário e da Pesca (Sedap), e da Associação Rural da Pecuária do Pará (ARPP).

Também há leilões com genética bubalina de elite na Amazônia. ”O Pará está comemorando 40 anos de leilões de búfalos de elite genética”, frisa Guilherme Minssen, incansável na busca da verticalização da bubalinocultura paraense.

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