Profissão de detetive particular ganha dia oficial no Pará e chama atenção para mercado incomum

Detetive paraense descreve os detalhes do segmento e ressalta investigações em diferentes setores

Maycon Marte
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O governador do estado do Pará, Helder Barbalho, sancionou na última segunda-feira (3), a lei que institui o Dia Estadual do Detetive Particular, a ser celebrado todo dia 17 de abril, integrando o calendário oficial de eventos do estado, como divulgado no Diário Oficial do Estado (DOE). É razoável dizer que a profissão é pouco conhecida entre os paraenses, mas, em entrevista ao Grupo Liberal, o detetive que atende pelo pseudônimo de Magnum, destaca que essa atividade está presente em diferentes segmentos. Segundo ele, a maioria das investigações, cerca de 70%, é sobre casos conjugais, enquanto o restante se divide entre situações envolvendo empresas, desaparecimentos e demais suspeitas.

A área de atuação é abrangente e determinada pela demanda de cada cliente, o que os leva desde uma investigação externa na rua, até casos internos, em empresas privadas ou outras instituições. Segundo ele, o serviço “se concentra na coleta de informações e provas contundentes, essenciais para a tomada de decisão dos clientes”. Ele lista as principais investigações que atende: empresariais e comerciais, localização de pessoas desaparecidas ou não, vigilância em campo e análise documental.

Sua presença nesse mercado começou despretensiosamente, em meados de 1992, acumulando uma experiência de mais de trinta anos. É possível encontrá-lo através do anúncio do seu escritório com uma pesquisa rápida na internet, isso porque, como explica, a profissão preza pelo sigilo e não pelo anonimato.

Ele reforça ainda que possuir um espaço físico é um dos critérios para se considerar um profissional legal, sendo também uma das características que diferencia detetives verdadeiros de golpistas. A profissão é reconhecida pela Classificação Brasileira de Ocupações (CBO) sob o código 3518-05 de detetive profissional.

“A maioria dos meus clientes chega por indicação, o que atesta a idoneidade e a qualidade do meu trabalho. Também utilizo estratégias de visibilidade em redes sociais e sites de busca. Sempre enfatizo a importância de os clientes conferirem as credenciais e referências do profissional”, explica.

Embora haja um escritório, os clientes nunca o procuram presencialmente. Talvez pelo sigilo das contratações, como avalia, mas, geralmente, marcam encontros nos espaços que mais frequentam, como os seus empregos ou mesmo nas suas casas. O perfil desses clientes se concentra entre a classe média e os que possuem maior poder aquisitivo, o que denuncia também que o valor dessas investigações não é tão acessível, mas não pelo motivo mais óbvio - seu pagamento.

Magnum culpa principalmente os custos operacionais para preços mais elevados, o que inclui gastos com deslocamento, alimentação, equipamentos, mão de obra, entre outros. No entanto, assim como cada investigação exige um esforço e mecanismos diferentes, os valores também estão atrelados as mesmas variantes. Assim, não se elimina a possibilidade de preços menores, desde que alinhados a carga de trabalho que a ação demande.

Em um exemplo prático de uma investigação média com um empenho interestadual, ele estima um valor de aproximadamente R$ 60 mil, sendo cerca de R$ 40 mil utilizados com os gastos operacionais listados.

“A precificação é definida pela complexidade e extensão do serviço. Por exemplo, em acompanhamentos de investigação conjugal, o custo varia em função de: duração (dias e horas), localidade (município e estado) e meios de locomoção (a pé, carro ou moto)”, reforça o detetive.

Uma particularidade que envolve os custos da investigação é o pagamento dos terceiros envolvidos, o que pode acontecer até mesmo através de contratações com carteira de trabalho assinada. Isso, nos casos em que agentes são necessários, a fim de serem infiltrados em ambientes específicos. “Em casos de infiltração, o agente pode ser contratado sob regime CLT mais um valor mensal adicional a combinar”, explica.

Mesmo com um cenário tão variável, o detetive ainda descreve um volume de trabalho consistente, com uma média de quatro a seis novos serviços fechados mensalmente. E, que garantem a renda do mês inteiro. O tempo de resolução de cada trabalho não é muito diferente, os mais complexos, como infiltrações comerciais ou empresariais, podem levar meses ou até anos.

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Formação

Existem detetives no ramo com formação em diferentes áreas, assim como a equipe necessária em investigações eventualmente inclui profissionais capacitados em áreas diversas. Mas isso não é uma regra, como Magnum, que inicia a partir de uma experiência essencialmente prática. Antes da carreira, atuava como fiscal de segurança em uma grande rede, mas evolui espontaneamente para investigações internas, para lidar com um alto índice de furtos de produtos.

Dessa oportunidade em diante, chegou até uma grande investigação internacional, na Europa, que antecede o surgimento do escritório. Para ele, o ponto de virada foi anunciar o seu trabalho de maneira aberta, o que lhe trouxe os clientes que administra atualmente. Seguir no ramo, como ressalta, exige paciência, raciocínio rápido e destreza, além de estudo e prática. “Meu trabalho não é apenas uma profissão, é uma paixão que me permitiu construir meu patrimônio e sustentar minha família, incluindo a formação do meu filho e esposa”, conclui.

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