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Peixarias reclamam do 'desaparecimento' de clientes em razão da doença da 'urina preta'

No Pará, até o momento, há a suspeita de sete casos da síndrome de Haff

Abílio Dantas

Aberta há 32 anos, uma peixaria localizada no bairro da Condor, em Belém, vive o pior momento de sua história com o advento da Síndrome de Haff, conhecida como “doença da urina preta". As vendas tiveram queda de 90% em duas semanas, o que pôde ser comprovado pelas mesas vazias do estabelecimento neste domingo (19). A crise do setor também foi sentida por um local que, há cinco anos, vende frango e tambaqui assado no bairro da Cremação, tanto como restaurante quanto no modelo “pegue e pague”. Até as 11h, apenas um cliente optou por comprar peixe neste domingo, quando normalmente eram vendidas dez postas até o mesmo horário. O receio da população em consumir pescado afetou toda a cadeia produtiva do produto: pescadores, barqueiros, balanceiros, peixeiros e donos de restaurante.

A gerente da peixaria no bairro da Condor, Dulciléia Tavares, que trabalha no estabelecimento há 11 anos, relata que após fechar o caixa no último sábado precisou tirar dinheiro do próprio bolso para pagar a gratificação das atendentes, já que os poucos pagamentos feitos durante o dia forma por meio de cartões de crédito e débito, o que fez com que o caixa terminasse o dia vazio. “É uma situação que eu nunca tinha visto igual. Reuni a minha equipe para conversar sobre o assunto, porque a queda foi de 90%. Nem quando tivemos os maiores surtos da pandemia ocorreu isso, pois conseguimos manter 60% das nossas vendas, com entrega delivery ou venda aqui na porta do restaurante. Mas, agora, os clientes não estão vindo, o nosso telefone não toca”, reclama.

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Como alternativa para enfrentar o momento, Luciléia conta que o restaurante está começando a fazer promoções com outras opções de alimentação. “Embora a gente não trabalhe com nenhum dos peixes que estão citados como o que podem provocar a doença (tambaqui, pirapitinga e pacu), pois nossas especialidades são pirarucu, filhote e pescada, também estamos trabalhando mais com frango, fazendo promoção com calabresa, para tentar segurar o movimento. A gente fica preocupa porque as contas não param de chegar, do nosso aluguel, da conta de energia elétrica, que está um absurdo”, declara.

O casal Luiz Sampaio Neto e Deusiene Borges, que trabalham com prato feito, frango e tambaqui assados para levar, afirmam que chegavam a vender até 15 quilos de peixe em um dia de fim de semana, mas, no momento, a mesma quantidade foi vendida durante a última semana inteira. “Em tempos normais, quando dava 11h, já tínhamos vendido mais de dez postas de tambaqui, além das reservas por telefone e aplicativo. Agora, só um cliente comprou”, demarca Deusiene.

Para Luiz Neto, os órgãos sanitários deveriam ter agido com mais rapidez, para orientar a população e os comerciantes sobre os riscos da doença.

“Até agora, não recebemos a visita de nenhum órgão público para nos trazer informações sobre a melhor forma de agir. Nós trabalhamos com o tambaqui criado em cativeiro, com certificação. A população precisa ser informada para não entrar em pânico e generalizar, achando que todos os peixes estão contaminados”, reivindica.

image Luiz Neto e o tambaqui na brasa, antes cobiçado, agora ficou esquecido pelos clientes (Elivaldo Pamplona/O Liberal)

 Assim como a gerente da peixaria na Condor, o vendedor também optou por diversificar as opções do cardápio para atrair mais o público. “Estamos reforçando a venda de carne suína e bovina, pois a procura pelo peixe realmente despencou”, reforça.

O presidente da Associação dos Engenheiros de Pesca dos Estados do Pará e Amapá (AEP-PA/AP), informa que há sete casos de suspeita de Síndrome de Haff no Pará, até o momento; dois em Belém, um em Trairão e quatro em Santarém. “O maior volume de casos foi identificado no município de Itaquatiara, no estado do Amazonas. Obviamente que a captura de pescados nos locais próximos e a distribuição para outros locais faz com que os casos possam ser disseminados, então é muito importante que a gente vincule dois aspectos: um é o fato de que há uma região mais acometida, que é a região de Itaquatiara, no Amazonas, e outro é que provavelmente veio de lá o pescado que causou as ocorrência em Santarém e em Belém”, afirma.

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