Paraenses já pagaram R$ 55 bilhões em impostos em 2025
Arrecadação cresceu 9,6% no Pará; economista aponta influência da COP 30, turismo e obras na construção civil para o aquecimento da economia
De janeiro a novembro de 2025, os contribuintes do Pará pagaram um total de R$ 55.152.213.238,26 em impostos, taxas e contribuições. O montante representa um crescimento de 9,69% em comparação ao mesmo período de 2024, quando a arrecadação no estado somou R$ 50,2 bilhões. Os dados foram levantados pela reportagem de O Liberal na plataforma Impostômetro, da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), que considera os tributos arrecadados nas esferas federal, estadual e municipal.
O volume pago pelos paraenses neste ano corresponde a 1,44% de tudo o que foi arrecadado no Brasil, percentual que se manteve estável em relação aos dois anos anteriores. No cenário nacional, o valor total de impostos pagos pelos brasileiros já ultrapassa a casa dos R$ 3,6 trilhões.
Para o economista Pablo Reis, membro do Conselho Regional de Economia do Pará e Amapá (Corecon-PA/AP), os números refletem um cenário misto.
"Acredito que seja uma relação de equilíbrio entre dois fatores: a elevação da inflação e o aquecimento da economia. Esse aquecimento se dá em função da elevação do turismo, da COP 30 e das obras que foram implementadas neste ano, que impulsionaram a construção civil e irradiaram para outros segmentos, como a alimentação e a área de restaurantes", avaliou.
Participação no cenário nacional
Embora o valor nominal tenha crescido, a participação do Pará no bolo tributário nacional (1,44%) ainda é considerada pequena diante da importância econômica do estado. Reis destaca que o Produto Interno Bruto (PIB) paraense já supera o de estados tradicionais do Nordeste, mas isso não se reflete proporcionalmente na arrecadação distribuída.
"De fato, é uma porcentagem muito baixa quando comparada ao tamanho do estado do Pará, não só demograficamente, mas também pelo tamanho do PIB, que já ultrapassa alguns estados, como o Ceará. Ainda assim, busca-se uma maior distribuição dessa renda para gerar competitividade e desenvolvimento econômico, sem perder de vista a necessidade da economia de escala, como a própria mineração, que são vetores importantes de crescimento", analisou o conselheiro do Corecon-PA/AP.
Reforma Tributária
A Associação Comercial do Pará (ACP) também avaliou o impacto desse montante retirado da economia local. Para Regina Vilanova, presidente da Câmara de Arbitragem e Mediação Empresarial da entidade, é fundamental que a arrecadação financie políticas públicas e infraestrutura, mas o aumento deve vir do crescimento real das empresas.
"A expectativa do setor produtivo é que o aumento de arrecadação decorra de maior eficiência na cobrança e de estímulo à abertura de novas empresas, com investimentos que favoreçam o ambiente de negócios", pontuou Vilanova.
A representante da ACP também projetou o cenário com a Reforma Tributária. Segundo ela, haverá desafios imediatos. "No curto prazo, a expectativa é de aumento de complexidade para as empresas, que terão um aumento do custo de conformidade para atender a dois sistemas tributários distintos e concomitantes", explicou. Contudo, ela pondera que o cenário futuro pode ser positivo: "A expectativa, no longo prazo, é que a reforma traga benefícios para as empresas, como redução de custos e aumento de competitividade", acrescentou.
Previsão para o fim de ano
A capital paraense acompanhou o ritmo de crescimento estadual. Entre 1º de janeiro e 30 de novembro deste ano, Belém arrecadou R$ 1.240.144.699,88. O valor é cerca de 9,7% superior ao registrado no mesmo intervalo de 2024 (R$ 1,13 bilhão). Mesmo com juros elevados, a tendência é de que a curva de arrecadação continue subindo em dezembro.
"Inflação alta e juros altos não contribuem muito para a velocidade do capital e para o giro da economia. Mas, apesar de tudo, há uma previsão de elevação nessa arrecadação tributária devido à chegada do Natal e das datas festivas de final de ano", concluiu Pablo Reis.
EVOLUÇÃO DA ARRECADAÇÃO (JAN-NOV)
Pará
2023: R$ 42,33 bilhões
2024: R$ 50,28 bilhões
2025: R$ 55,15 bilhões
Belém
2023: R$ 951,9 milhões
2024: R$ 1,13 bilhão
2025: R$ 1,24 bilhão
Brasil
2023: R$ 2,77 trilhões
2024: R$ 3,29 trilhões
2025: R$ 3,60 trilhões
Fonte: Plataforma Impostômetro
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