Ventilador dia sim, dia não; paraenses fazem sacrifícios para reduzir a conta de luz

Aposentada conta, por exemplo, que mesmo com todas as estratégias adotadas dentro de casa, a conta subiu de R$ 95 a mais de R$ 200 em um ano e meio. "Televisão quase nem assisto mais", revela

O Liberal
fonte

O custo com energia elétrica é um dos principais vilões do orçamento doméstico das famílias paraenses. No ranking nacional, a tarifa residencial definica pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) no Estado aparece em quarto lugar entre as mais altas do país, com tarifa média de R$ 0,766/KWh, enquanto a média nacional (considerando todas as concessionárias) é de R$ 0,609. Fora isso, ainda têm as taxas extras cobradas pelo Governo Federal. 

Veja mais

image Aprovada inclusão de famílias do CadÚnico na Tarifa Social de Energia
Projeto passou no Senado e agora vai à Câmara

image Aneel cria nova bandeira tarifária, e conta de luz fica mais cara
Custo de 100 kilowatt-hora passará de R$ 9,49 para R$ 14,20 até abril

Nesta terça-feira (31), a Aneel anunciou um novo reajuste na bandeira tarifária para as contas de luz em todo país, o que vai representar um aumento de R$ 4,71, cerca de 50%, em relação à bandeira vermelha patamar 2, até então o maior patamar, que estava no valor de R$ 9,49 por 100 kWh. A taxa extra será de R$ 14,20 para cada 100 kilowatt-hora (KWh) consumidos e já entra em vigor a partir de hoje, permanecendo vigente até abril do ano que vem.

A aposentada Maria Alfreda Russo Sampaio, de 74 anos, diz que não sabe mais o que fazer para driblar o peso desses reajustes nem seu orçamento. Ela conta que para ajudar a complementar a sua renda, mantem um pequeno comércio de alimentos em sua casa. “Em janeiro do ano passado, por exemplo, eu pagava R$ 95,00 de energia, nesse mês de agosto minha conta subiu para R$ 207,00. Eu tenho um comércio na minha casa com um freezer que agora tenho que desligar todas as noites, porque se ficar ligado direto, a conta fica mais cara ainda”, relata a aposentada.

Já Maria de Nazaré Marinho Teixeira, de 46 anos, trabalhadora do ramo de serviços gerais, diz que passa o dia inteiro fora de casa e que, mesmo não consumindo tanta energia, tem sentido o peso na conta de luz no seu orçamento mensal. “Só chego, a noite em casa. Durmo dia sim, dia não com ventilador ligado. Televisão quase nem assisto mais. Deixei de usar meus eletrodomésticos e mesmo economizando, o valor da conta de energia vem aumentando todo mês. Isso é totalmente incompatível com a  realidade”, diz Nazaré.

Na capital, não são só os consumidores residenciais que reclamam da conta de energia elétrica. O alto valor da tarifa traz prejuízos também para microempreendedores que dependem da eletricidade para manter os seus estabelecimentos funcionando. É o caso de José Alfredo Leão, empresário de 53 anos que trabalha no ramo de sorveteria há mais de 20 anos. Ele mesmo produz o sorvete que vende, por isso, eletrodomésticos como liquidificador industrial e batedeira são muito utilizados durante a produção. Além disso, ele ainda precisa manter três freezers ligado 24 horas por dia para refrigerar e conservar os produtos, além de ter que fica abrindo toda hora o eletrodoméstico para vender o sorvete, o que consome ainda mais energia.

Para tentar compensar os gastos, o empresário diz que precisou acrescentar outros itens para serem vendidos no estabelecimento. “Eu comecei a vender bombons na sorveteria para tentar acrescentar e compensar um pouco mais no valor que gasto com o pagamento na conta de luz. Além disso, eu também precisei reajustar um pouco a mais o valor do sorvete para os clientes. Alguns entendem, mas outros reclamam bastante do aumento. Nós estamos perdendo clientes, por conta disso. Ele acaba comprando picolé ou chopp que é mais barato, em outros locais”, explica.  

Em junho do ano passado, o Governo do Pará, por meio da Procuradoria-Geral do Estado (PGE), deu entrada com Ação Civil Pública (ACP) na Justiça Federal requerendo a suspensão dos efeitos do bandeiramento tarifário vermelho (patamar 2) nas contas de energia elétrica, autorizado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). 

Nesta quarta-feira (01), a Procuradoria-Geral informou que teve negadas pela Justiça Federal todas as ações do Estado requerendo a suspensão dos reajustes autorizados pela Aneel, aplicados nos últimos meses. "A PGE não enxerga, no momento, espaço para questionamento das novas taxas cobradas, por serem instituídas a nível nacional, mas acompanha com preocupação o atual cenário de crise elétrica no qual o Brasil se encontra".

 

Luciana Carvalho, estagiária, sob supervisão de Keila Ferreira, Coordenadora do Núcleo de Política.

Entre no nosso grupo de notícias no WhatsApp e Telegram 📱
Economia
.
Ícone cancelar

Desculpe pela interrupção. Detectamos que você possui um bloqueador de anúncios ativo!

Oferecemos notícia e informação de graça, mas produzir conteúdo de qualidade não é.

Os anúncios são uma forma de garantir a receita do portal e o pagamento dos profissionais envolvidos.

Por favor, desative ou remova o bloqueador de anúncios do seu navegador para continuar sua navegação sem interrupções. Obrigado!

ÚLTIMAS EM ECONOMIA

MAIS LIDAS EM ECONOMIA