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Pará tem tarifa de energia 59% mais alta que a média nacional

Consumidor paraense tem conta de luz com preços acima da inflação e com valores maiores que outros clientes da Equatorial no Brasil

O Liberal

O Pará figura como o 2º maior gerador de energia elétrica no Brasil, com capacidade de produção atual de mais de 22 MW, segundo dados do Anuário Estatístico de Energia Elétrica, produzido pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE). Com isso, o estado fica atrás apenas de São Paulo no ranking dos maiores produtores do insumo no país. No entanto, a posição favorável carrega consigo um grande paradoxo: o Pará é também o estado com a tarifa de energia mais cara.

De acordo com levantamento divulgado em 2021 pela Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica (Abradee), o valor do MWh cobrado pela Equatorial Energia do consumidor paraense é de R$ 816. Nos demais estados onde a companhia atua os valores chegam a ser até 61% menores. No estado do Piauí, por exemplo, a tarifa final na conta de luz foi calculada em R$ 672 por MWh, no Maranhão é de R$ 646, em Alagoas de R$ 632, enquanto que no Amapá o valor praticado é de R$ 506 o MWh.

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“Nós deveríamos pagar menos porque afinal de contas sai daqui”, diz Edson, lembrando que o estado possui em seu território duas das três maiores usinas hidrelétricas do país: a de Tucuruí, no rio Tocantins, e a de Belo Monte, no rio Xingu. O orgulho pela potência energética do estado, no entanto, carrega em si um tom de resignação. “A gente vai levando conforme eles vão mandando a conta e tem que pagar. Não podemos ficar sem”.

A comerciante Regina Silva, 52 anos, que também é moradora do Guamá compartilha da mesma opinião. Ela relata que o pagamento das faturas pesa sobre a renda familiar, que é mantida com o trabalho dela e do marido. “Na minha casa antes estava vindo R$ 350, agora está vindo R$ 246. Com certeza poderia ser menor porque aqui nós temos as hidrelétricas e pagamos um custo muito alto”, reforça.

Já a costureira Neuza Melo, 69 anos, afirma que as contas elevadas já levaram ela a incorporar uma série de atitudes de economia. “Se eu estou aqui é acesa só aqui. Se eu estou pra lá, eu deixo tudo no escuro”, conta ela apontando para os cômodos onde mantém um pequeno ateliê e comércio de aviamentos e a parte residencial na casa em que habita no bairro da Terra Firme. “Não deixo nada gastando energia. Quando dorme é tudo no escuro, não tem ventilador, não tem nada ligado. É economia o dia inteiro”, diz.

Apesar disso, Neuza ainda se assusta quando recebe uma fatura mensal de cerca de R$ 170. “Já precisei parcelar. Tem vezes que é mais tranquilo, mas tem que vezes que aperta mesmo. A gente vai levando, não tem outro jeito”, lamenta.

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