Natal 2025: comércio de Belém projeta alta de 6,9% nas vendas com impacto do 13º salário

Sindilojas aponta que injeção de recursos da COP 30 e novo salário mínimo impulsionam o varejo; descontos da Black Friday continuam

Gabriel da Mota e Andréia Santana
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O comércio de Belém projeta um crescimento de 6,9% nas vendas deste mês de dezembro em comparação ao mesmo período do ano passado. A estimativa é do Sindicato do Comércio Varejista e dos Lojistas de Belém (Sindilojas), que aposta na injeção de recursos do 13º salário e no "efeito rebote" da realização da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP 30) na capital paraense para aquecer a economia local.

Segundo Muzaffar Douraid Said, diretor do Sindilojas, o cenário econômico atual é mais favorável do que em 2024.

"A variação percentual deve ter um acréscimo de 6,9%. Isso porque o salário mínimo no final do ano passado estava em R$ 1.412 e agora passou a R$ 1.518, o que representa 7,5% a mais. Teve também a COP 30, que trouxe uma injeção positiva, com mais de 50 mil pessoas circulando em Belém, injetando recursos na economia local", explica o dirigente.

image 13º salário e Black Friday ‘estendida’ aquecem comércio de Belém (Igor Mota / O Liberal)

A expectativa é que o 13º salário injete cerca de R$ 6 bilhões especificamente na economia local. "Pesquisas indicam que 76% dos consumidores pretendem ir às compras. Uma parte significativa desses recursos será consumida aqui", complementa Muzaffar.

Lojistas mantêm promoções da Black Friday

Para garantir que essa projeção se concretize, o varejo aposta na continuidade das ofertas de novembro. O movimento da Black Friday em Belém registrou alta de 30% em relação ao ano anterior, o que motivou os empresários a estenderem os descontos para equilibrar os estoques sem depender de empréstimos.

Lidiane Gonçalves, gerente de uma sapataria no centro comercial, confirma a estratégia na prática. "Na promoção da Black [Friday] a gente esteve com 50% de desconto na loja. Então, a gente deu continuidade à promoção, porque esse final de semana foi ótimo. A gente espera bombar esse mês de dezembro", afirma.

image Lidiane Gonçalves, gerente de uma sapataria, conta que a promoção de Black Friday foi estendida neste início de dezembro (Igor Mota / O Liberal)

Quem agradece é a consumidora Raquel Soares, que aproveita o benefício trabalhista para antecipar os presentes dos netos. "O 13º saiu agora e já estou aproveitando com cautela para gastar. É muito mais barato aqui no comércio, 100%", diz a doméstica, que está de olho nos setores que, segundo o Sindilojas, lideram a procura: roupas, calçados, brinquedos e cosméticos.

image A doméstica Raquel Soares pretende gastar com cautela na aquisição dos presentes dos netos (Igor Mota / O Liberal)

Contratações iniciaram mais cedo este ano

O aquecimento das vendas gerou oportunidades de emprego que começaram antes do habitual. Diferentemente de anos anteriores, onde as contratações focavam apenas em dezembro, o calendário de eventos de Belém antecipou a busca por mão de obra.

"As contratações começaram desde o mês de novembro em, em alguns setores, desde outubro, com a chegada do Círio e prevendo o movimento da COP 30. Agora, em dezembro, será apenas um complemento para superar o movimento do Natal", esclarece Muzaffar Said.

Ele destaca ainda que uma grande parte dessas vagas temporárias pode se tornar permanente ao final da temporada.

image O ambulante Robson Reis está otimista com relação ao período que costuma ser o mais favorável do ano (Igor Mota / O Liberal)

Essa movimentação é sentida também no mercado informal. Robson Charles Pimentel Reis, ambulante há 36 anos, sente que o fluxo ainda precisa crescer, mas confia na tradição natalina. "A esperança é que suba o movimento. A gente espera o ano todo para poder melhorar as vendas. Com certeza vai ser bom para todo mundo, tanto para os ambulantes, quanto para os lojistas", avalia.

Fecomércio adianta setores que terão mais demanda

A Federação do Comércio, Serviços e Turismo do Pará (Fecomércio Pará), em colaboração com a Câmara de Dirigentes Lojistas de Belém (CDL), projeta que o movimento de compras em dezembro de 2025 deve crescer entre 5% e 9% em comparação ao ano passado, dependendo do segmento. A entidade explica que o pagamento do 13º salário continua sendo o principal motor do aumento das vendas, especialmente nos setores de moda, brinquedos, eletrônicos e alimentos. Estratégias de captação de clientes, diversificação dos canais de divulgação e a extensão das promoções também contribuem para o avanço. Ainda assim, a federação pondera que o alto nível de endividamento e a inadimplência fazem com que parte do 13º seja utilizada para quitar dívidas, o que limita um crescimento maior.

Sobre o impacto da Black Friday no início de dezembro, a Fecomércio afirma que o período pós-promoção segue sendo importante para atrair consumidores. A entidade afirma que as promoções não se encerram imediatamente após a data: muitas marcas estendem descontos até a primeira semana do mês, aproveitando o pagamento do 13º salário. No entanto, reforça que o principal efeito da Black Friday é a antecipação das compras de Natal, que desloca parte da demanda historicamente concentrada em dezembro.

A federação aponta que os segmentos mais impulsionados neste período são os ligados às festas de fim de ano. "As ceias de Natal e Réveillon impulsionam supermercados, atacados e

produtores locais. Há aumento na procura por carnes nobres, vinhos, espumantes e produtos típicos das festas, assim como há impulso para serviços na área de beleza e restaurantes”, pontua a entidade.

No caso de presentes, devem se destacar roupas, calçados, perfumes, cosméticos, brinquedos e alguns eletroeletrônicos. Outro setor com alta prevista é o turismo, com agências aproveitando o período para ofertar pacotes especiais.

Segundo a Fecomércio, as vendas tendem a se intensificar entre a antepenúltima e a última semana de dezembro, chegando ao pico na véspera do Natal.

Sobre contratações temporárias, a entidade informou que essas admissões começam já em outubro. Contudo, devido ao avanço da automação, o volume é menor do que em anos anteriores. A Fecomércio cita dados do Índice de Confiança e Expectativa do Empresário (ICEC), da CNC, que apontam intenção de aumento de pelo menos 6% no quadro de funcionários entre novembro e dezembro.

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