Movimento tímido no comércio de Belém alimenta expectativa por alta com o 13º
Apesar do ritmo lento nas primeiras semanas de novembro, expectativa é de que o pagamento da gratificação natalina impulsione o consumo a partir do fim de novembro

O pagamento do décimo terceiro salário, um dos momentos mais aguardados pelos trabalhadores com carteira assinada, ainda não provocou o aquecimento esperado no comércio de Belém. Nas ruas e lojas do centro da capital, lojistas e ambulantes relatam um movimento tímido até agora, mas mantêm a confiança de que o cenário vai mudar com a liberação da primeira parcela da gratificação natalina, cujo prazo máximo de pagamento é 30 de novembro.
A injeção do 13º na economia paraense costuma movimentar bilhões de reais e é responsável por impulsionar setores como o comércio, os serviços e o turismo. Em Belém, a expectativa é que os reflexos sejam sentidos com mais força a partir da segunda quinzena de novembro, quando empresas privadas e órgãos públicos começam a antecipar parte do benefício.
Em 2025, o pagamento do décimo terceiro deve seguir o calendário tradicional: a primeira parcela até 30 de novembro e a segunda até 20 de dezembro. Algumas empresas, no entanto, já adiantam o repasse, o que tende a estimular gradualmente as vendas.
No centro comercial, para o lojista José Espinheiro, dono de uma loja de roupas, o movimento teve uma leve melhora com o Círio de Nazaré, mas ainda não é possível associar isso diretamente ao pagamento do 13º. “As vendas já tiveram uma melhora agora com o Círio, então já houve um grande aquecimento. A gente não consegue saber se é por causa das festas ou do pessoal que já recebeu parte do 13º”, contou.
Segundo ele, o comércio aposta em dezembro como o mês mais forte do ano. A loja já está reforçando o estoque e preparando contratações temporárias para atender à demanda que costuma crescer nesse período. “Todo mês de dezembro a gente aumenta a nossa venda em cerca de 400% em relação ao resto do ano”, estima o lojista.
Entre os vendedores ambulantes, o cenário é semelhante. Para Jhon Kevin Santos, que trabalha com roupas nas calçadas do centro de Belém, o movimento ainda é fraco. “No momento ainda está bem suave, mas a partir do dia 20 de novembro a gente espera aquele boom”, disse. Ele explica que, até lá, o foco é se preparar com mais mercadorias e preços competitivos.
O ambulante acredita que o comportamento dos consumidores também está mais cauteloso neste início de fim de ano. Segundo ele, muitos preferem pesquisar preços antes de comprar. “Os clientes estão mais cautelosos. No momento ainda não começaram a comprar para guardar para o final do ano, mas creio que daqui a umas duas semanas começa”, avalia.
Jhon observa ainda que o comércio local tem sentido a concorrência dos municípios do interior, que hoje possuem mais opções de compra, o que reduziu o fluxo de clientes vindos dessas regiões. Apesar disso, ele mantém o otimismo para o Natal, considerado o período mais lucrativo para quem trabalha nas ruas.
Entre os consumidores, a expectativa também cresce com a chegada do benefício. A nutricionista Melinda Melo, 32 anos, ainda não recebeu a primeira parcela, mas já sabe como deve usar o valor. “A primeira parcela sempre acabo pagando algumas contas, e a última deixo para comprar as coisas. Acaba ficando para cima da hora”, contou.
Ela afirma que, mesmo sem grandes variações nos preços, o décimo terceiro é essencial para equilibrar o orçamento e garantir as compras de fim de ano. “Geralmente eu gasto. Eu não consigo guardar, porque é uma época em que a gente está comprando muito — presente, roupa, perfumaria. Acho que os preços estão estáveis em relação ao ano passado”, diz.
A expectativa é de que o aquecimento das vendas se torne mais visível em dezembro, com a liberação da segunda parcela e a proximidade das festas de fim de ano. Enquanto isso, lojistas e ambulantes seguem se preparando, ajustando estoques e aguardando o momento em que o dinheiro extra dos consumidores comece, de fato, a circular.
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