Moda praia: Marcas paraenses apostam na regionalidade e no conforto para atrair consumidoras
Empreendedoras esperam triplicar número de vendas com o veraneio

Com a chegada do verão amazônico, empreendedoras paraenses que atuam no ramo da moda praia já se preparam para atender a alta demanda do público que vai aproveitar o veraneio para se divertir nas praias e balneários do Pará. A grande tendência para julho deste ano é de que as peças com traços marcantes da regionalidade paraense ganhem destaque, com preços que vão de R$ 60 a R$ 180.
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A essência regional se faz presente nas criações com uma mistura que envolve cores, estampas e materiais inspirados na biodiversidade amazônica e na cultura local. As peças visam a valorizar, além da estética, a identidade regional do Pará. Desde tecidos sustentáveis até técnicas artesanais tradicionais, os biquínis e saídas de praia carregam a história e a beleza da região.
A empreendedora paraense Grace Lopes é dona de uma marca autoral situada em Belém, ela conta que há cerca de quatro anos já trabalha com a confecção de peças que fazem referência à cultura nortista. Segundo ela, mais do que nunca esse é o momento de apostar na abordagem.
“Esse ano investi em estampas superdiferentes e que nenhuma outra marca de biquíni já fez. Nós, nortistas, estamos no topo, sendo vistos por muitas pessoas. Então, continuar enaltecendo nossa regionalidade foi o meu plano de verão para este ano, e a recepção está maravilhosa”, afirma.
De acordo com a empreendedora, a procura pelos itens para curtir o veraneio começa cedo, desde a segunda semana do mês de junho. “As clientes gostam de garantir logo suas escolhas, para não correr o risco de ficar sem. Mas o mês inteiro de julho é ótimo para vendas”, comenta Grace.
Coleções devem combinar inovação, estilo e o toque especial da cultura amazônica
O cenário do litoral amazônico deve brilhar ainda mais com as novas coleções que combinam inovação, estilo e o toque especial da cultura amazônica. Além de gerar movimentação financeira, as empreendedoras locais inspiram uma nova geração de mulheres a investirem nos seus sonhos e a valorizarem as raízes regionais.
Em Soure, no arquipélago do Marajó, a estilista Rosilda Angelim trabalha há mais de 16 anos com a criação de peças que utilizam o grafismo marajoara como forma de exaltar a ancestralidade indigena. Além de camisas, vestidos, kimonos e acessórios, ela produz peças exclusivas de moda praia.
A produção da estilista marajoara caiu no gosto de celebridades paraenses como a atriz e ex-BBB Alane Dias, que chegou a usar uma das peças na edição do Big Brother Brasil deste ano, e da cantora e influencer Julia Passos.
“As nossas peças contam histórias, tem todo um preparo, a gente não faz por fazer. A gente vê que está vendendo algo muito importante, algo da nossa história e da nossa ancestralidade que não podemos deixar morrer”, conta Rosilda.
A empreendedora marajoara conta que as peças custam em média de R$60 a R$180. A produção e a montagens das peças é feita de forma artesanal, com grafismos bordados a mão em formato de ponto cruz. Além disso, ela explica que a confecção faz uso da serigrafia e de estamparias.
Rosilda comenta que o público costuma variar na escolha dos produtos entre tops, cangas, conjuntos e biquínis. Para este ano, a estilista espera triplicar no número de vendas.
“A nossa expectativa é uma das melhores possíveis. Se no ano passado eu vendi 50 cangas e uns 60 tops, eu tenho certeza de que neste ano vamos vender o triplo, porque os nossos pedidos estão muito grandes. Então, vamos aproveitar que o Marajó está em alta e que nós criamos uma moda marajoara”, comemora.
Além das estampas diversificadas, estilistas e costureiras focam na construção de roupas de banho e saídas de praia mais confortáveis e leves, pois isso pesa na decisão final das consumidoras em comprar ou não as peças. “A gente continua com essa tendência, trabalhando com tecidos levíssimos nas nossas cangas e vestidos praianos, mas usando a nossa fauna, flora, búfalos, guarás e - claro - os nossos grafismos marajoaras”, destaca Rosilda.
Empreendedorismo feminino cresce no Pará, aponta Jucepa
Segundo dados da Junta Comercial do Pará (Jucepa), neste ano o empreendedorismo feminino no estado registrou um crescimento de 37,66% em relação aos anos de 2018 e 2023. Os três segmentos com mais destaque são o comércio varejista de artigos do vestuário e acessórios; de cosméticos, produtos de perfumaria e de higiene pessoal; e de bebidas.
No ramo do empreendedorismo feminino há cerca de quatro anos, a paraense Vanessa Rocha é design de moda e dona de uma loja especializada em moda praia. Ela conta que, a partir da experiência de trabalho como gerente comercial em loja de beachwear, notou uma lacuna no mercado no quesito adequação ao público do estado. Foi então que a empreendedora buscou se especializar na área, com o intuito de produzir modelos que estivessem de acordo com as características do corpo da mulher paraense.
“Eu fui criando moldes que atendessem as nossas clientes, porque o nosso público tem mais busto, elas [mulheres] são mais baixas, então, os maiôs têm que ter um tronco menor, por exemplo. Então eu fui adaptando a modelagem e deu muito certo, porque as nossas clientes elogiam muito, porque os nossos biquínis, além de serem peças bonitas e de qualidade, vestem muito bem”, cita Vanessa.
Ainda de acordo com a empreendedora, a expectativa é de que as vendas registrem um aumento significativo nesse período. “Estamos otimistas que vamos fazer mais um verão de sucesso, com um crescimento de 10 a 15% nas vendas porque hoje em dia, além da Região Metropolitana de Belém, a gente vende para todo Pará e todo Brasil. Através do e-commerce, a gente consegue alcançar bem mais clientes”, conclui.
Nas compras em geral, o mês de julho deve deixar um saldo positivo para o comércio paraense. De acordo com dados da Federação do Comércio, de Bens, Serviços e Turismo do Estado do Pará (Fecomércio/PA), o índice de intenção de consumo das famílias para o mês de julho deste ano, em comparação ao mesmo período em 2023, cresceu 6%. O levantamento indica também que 30,6% das famílias estão comprando mais do que ano passado.
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