Lojistas de Belém esperam crescimento de até 30% nas vendas com a Black Friday 2025
Pesquisa e desconfiança: especialistas explicam o novo perfil de quem aproveita a grande promoção
Faltando um mês para a Black Friday, marcada para o dia 28 de novembro, o comércio de Belém já se movimenta para um dos períodos mais aguardados do ano. A expectativa é otimista: lojistas projetam crescimento de até 30% nas vendas em relação ao mesmo período do ano passado, impulsionados pela retomada do consumo, pela proximidade das festas de fim de ano e pelo clima econômico aquecido com a aproximação da COP 30, que será sediada na capital paraense.
A data, que começou como uma maratona de descontos importada dos Estados Unidos, consolidou-se no Brasil como um evento que movimenta bilhões e antecipa as compras natalinas. Mas o comportamento do consumidor também mudou. Se antes havia entusiasmo cego, hoje há desconfiança e estratégia: clientes comparam preços com semanas de antecedência, recorrem a sites de monitoramento e não hesitam em denunciar falsas promoções. A pergunta que se impõe é se o varejo aprendeu a responder a esse novo perfil com transparência.
De acordo com o diretor do Sindicato do Comércio Varejista e Lojista de Belém (Sindlojas), Muzaffar Douraid Said, a previsão é positiva, mas também exige planejamento. “Os lojistas se prepararam para esse período pensando em grandes vendas e fluxo de caixa. A Black Friday é uma oportunidade de desovar estoques e equilibrar as contas sem depender de empréstimos. As expectativas de aumento de até 30% se mantêm, e isso é muito positivo”, afirma.
Segundo ele, a confiança do consumidor é hoje o ativo mais importante. “O cliente está informado, pesquisa e sabe o preço real das coisas. Então, os descontos são reais, variando de 10% a até 80% em alguns casos. Vale a pena para o consumidor, que compra mais barato, e para o lojista, que movimenta o estoque e fortalece o caixa”, explica o representante do Sindilojas.
Consumidor mais atento e exigente
Nas ruas de Belém, o comportamento mais criterioso é visível. A aposentada Dinair Serrão, de 67 anos, diz que aprendeu a não cair em armadilhas. “Eu faço pesquisa antes para não ser enganada. Já anoto tudo para ver se o preço realmente caiu. Uma vez comprei um forninho com 80% de desconto, e também já consegui 20% numa máquina de lavar”, conta.
A professora Kelly Rodrigues, de 27 anos, também confirma o hábito de comparar antes de comprar. Grávida, ela veio de Barcarena para fazer compras na capital. “Eu já estou me preparando e achei os preços bem em conta, principalmente para produtos de bebê. Sempre olho nas redes sociais das lojas para ver se o desconto é real. Prefiro comprar na loja física, porque gosto de ver a qualidade do produto”, diz.
Esses relatos ilustram um fenômeno mais amplo: o de um consumidor que pesquisa, questiona e exige credibilidade. Segundo a Federação do Comércio de Bens, Serviços e de Turismo do Pará (Fecomércio PA), o público está mais cauteloso, mas continua disposto a aproveitar promoções, desde que os descontos sejam reais e as lojas ofereçam transparência.
“O consumidor de Belém está mais criterioso, mas com intenção de compra alta. Ele pesquisa muito para garantir que o desconto é verdadeiro. A Black Friday continua sendo a data ideal para antecipar as compras de Natal e aproveitar a injeção do 13º salário”, destaca Lúcia Cristina Lisboa, representante da entidade.
Transparência e integração digital como diferenciais
A Fecomércio, em colaboração com a Câmara de Dirigentes Lojistas de Belém (CDL Belém), orientou que os lojistas priorizem a clareza nas ofertas e evitem a chamada “maquiagem de preço”. “Nossa recomendação é de que os descontos reais variem entre 20% e 50% em muitos segmentos. Os setores que prometem brilhar são eletrônicos, eletrodomésticos, moda e vestuário, impulsionados pelo Natal e pelos visitantes que chegam para a COP 30. Turismo e gastronomia também ganham força”, afirma Lúcia.
De acordo com a Fecomércio, mais do que oferecer preços atrativos, as empresas precisam compreender o novo comportamento do consumidor e investir na integração entre o ambiente físico e o digital. Segundo ela, cerca de 70% dos consumidores pesquisam online antes de comprar, o que torna essencial a presença digital das lojas. Negócios que mantêm boa comunicação, atendimento ágil e condições de pagamento flexíveis tendem a se destacar.
As estratégias recomendadas, portanto, vão além dos descontos e das facilidades de pagamento. Elas envolvem a adoção de múltiplos canais de venda integrados, comunicação clara e transparente e o uso de ferramentas tecnológicas para o gerenciamento de estoques e do perfil do cliente, com atenção à Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD). A incorporação de soluções de inteligência artificial na operação e na gestão das empresas também é vista como um diferencial, capaz de agregar valor, aumentar vendas, reduzir custos e fortalecer a relação de confiança entre lojistas e consumidores.
Lojas já em clima de Black Friday
Em muitas vitrines de Belém, o clima de liquidação já começou. A loja Fone História, no centro comercial da cidade, é um exemplo. O gerente Marcos Antônio Cardoso afirma que o estabelecimento antecipou as promoções. “Estamos totalmente preparados. Nossa loja já está na Black. E daqui para frente ainda vamos baixar mais um pouco os valores para atrair mais clientes”, comenta.
Entre os produtos com maior saída estão celulares e acessórios, com descontos médios de 20%. “Os aparelhos da marca Realme são os mais procurados. Também estamos dando desconto em películas de hidrogel e facilitando o crediário. O cliente chega tímido, mas a gente conversa, explica as vantagens e fecha negócio”, diz Marcos.
Segundo ele, as promoções mais fortes do comércio devem começar a partir do dia 9 de novembro, mas o momento já é ideal para quem quer comparar preços.
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