Legumes, verduras e hortaliças estão mais caros em Belém

Levantamento do Dieese Pará aponta que, dos 23 alimentos pesquisados, a média de reajuste foi de 10,63% entre janeiro do ano passado e janeiro deste ano

Elisa Vaz

A maioria dos produtos hortifrútis – legumes, verduras e hortaliças – ficou mais cara ao longo do último ano nos supermercados e feiras de Belém. O levantamento divulgado pelo Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese) aponta que, dos 23 alimentos pesquisados, a média de alta foi de 10,63% entre janeiro do ano passado e janeiro deste ano. A título de comparação, a inflação acumulada dos 12 meses ficou em 5,53%.

Entre os itens, o que teve o maior reajuste foi a batata lavada (55,9%). Em seguida, aparecem a batata doce rosa (46,67%), cebola (22,57%), cenoura (22,05%), repolho (17,94%), abóbora (14,38%), chuchu (14,19%), beterraba (12,61%), pepino (8,39%), feijão verde (6,95%), pimentão verde (6,75%), cheiro verde (6,74%) e a macaxeira (5,85%). Ficaram mais baratos, no período, apenas o cariru (-9,17%), alface (-2,14%) e chicória (-1,90%).

Já na análise mensal, em janeiro, houve uma alta média de 2,23% nos hortifrútis, na comparação com dezembro, segundo o Dieese, indo contra o comportamento da inflação, que teve variação negativa de 0,03% no primeiro mês do ano. Os destaques foram a abóbora (10,60%) e a batata lavada (10,14%), além da batata doce rosa (9,29%), cebola (6,54%), cebolinha (5,59%), cheiro verde (4,04%), quiabo (3,98%), chicória (3,33%), maxixe (2,59%), macaxeira (2,45%), chuchu (2,11%), salsa (2,08%), jambu (1,23%), pepino (1,2%) e alfavaca (1,01%). Por outro lado, o repolho e o pimentão verde tiveram queda de, respectivamente, 8,51% e 6,39%.

O economista e professor Rosivaldo Batista explica que produtos como legumes, verduras, hortaliças e frutas têm preços que funcionam com base nas safras. Geralmente, no primeiro semestre do ano, há alta no valor desses itens, por haver o período de entressafra, em que não há como fazer a colheita e, consequentemente, há queda na demanda e elevação dos preços. Com isso, os alimentos sempre ficam acima da inflação, de acordo com o especialista.

“Como somos importadores, também importamos essa sazonalidade. A partir do fim de janeiro até o fim de maio, é normal que essas hortaliças fiquem mais caras. Isso acontece não apenas no Pará, mas em todo o Brasil. Se o preço sobe nos estados dos quais compramos, com certeza vai refletir no mercado belenense. Acompanhei isso por muitos e muitos anos”, conta.

Além disso, também há o fator do preço do frete. Segundo Rosivaldo, o Pará importa cerca de 85% do que vende de hortifrútis, então depende do transporte, cujo custo vem aumentando ao longo dos anos. “Isso tudo ainda coincide com o período chuvoso, em todo o país. Todas essas variáveis elevam o preço dos hortifrútis. Mas, em compensação, quando chega na safra os preços realmente caem. Há uma abundância de produtos, e cai o valor na zona de produção, resultado na queda dentro do mercado também”, explica. Quanto à pandemia do novo coronavírus, o economista diz que não houve influência dela no preço dos itens, já que o setor rural continuou produzindo e escoando.

Em uma feira da capital paraense é unânime: quase todos os preços de vegetais e frutas foram reajustados. A vendedora Jamille Zamorim afirma que a média de alta foi de 30% em sua banca. Antes, a abóbora custava cerca de R$ 3,5 e agora passou para R$ 5. A batata, que também era R$ 3,5, agora é vendida por R$ 4,5. Já a batata doce passou de R$ 5 para R$ 6. O que motivou essas elevações, segundo ela, foi a alta do frete para receber os alimentos. “Geralmente, nesse período do ano, é normal o preço ser reajustado, mas nos últimos 12 meses ficou ainda mais alto. Por conta disso, o movimento caiu, especialmente agora com chuva todo dia”, comenta.

Outra comerciante, Maria da Conceição Penche, diz que os valores estão oscilando. No geral, ela aponta um reajuste de 20% em sua banca, motivado, principalmente, pela safra dos produtos, além da chuva, que também atrapalha o escoamento. Quanto às vendas, ela ressalta que continuam as mesmas, e os clientes continuam chegando até o local para comprar.

Sanitarista e professor, Arlindo Feio, de 68 anos, argumenta que muitos itens não têm motivo para ficarem mais caros, como é o caso do abacate, goiaba e feijão. “Nós produzimos o feijão, não tem a questão do frete. Tá tudo caro, acho que pode ser pela safra. Mas deveria haver uma fiscalização, pois muitos locais aumentam o preço sem motivo, principalmente nos supermercados. Toda a população é afetada, e quem trabalha com honestidade realmente sente no bolso”, afirma o consumidor.

Já a médica Telma Nascimento, de 53 anos, notou que os valores estão aumentando a cada dia, incluindo os hortifrútis. Ela conta, inclusive, que tem gastado bem mais com esses alimentos e precisou diminuir um pouco a quantidade, para economizar. “Não podemos deixar de comprar, então o jeito é comprar um pouco menos. Mas acho que toda semana os preços sobem”, opina.

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