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Influenciadores digitais são novidade no mercado de trabalho

Profissionais precisam acompanhar as mudanças do mundo digital

Elisa Vaz

Com o avanço dos meios digitais, os profissionais inseridos no mundo on-line precisam, cada vez mais, se adaptar ao mercado – entre eles estão os chamados ‘influenciadores’. Um estudo feito pelo Mediakix apontou que o marketing de influência deve atingir até 10 bilhões de dólares em investimentos até o ano que vem, especialmente com a prática de contratar pessoas comuns para falar de uma marca ou serviço nas redes sociais. Só o número de campanhas com influenciadores triplicou entre o primeiro semestre de 2018 e o primeiro de 2019, de acordo com a análise.

Uma das ferramentas que impulsionam o marketing digital é o Instagram, que possui um total de 1 bilhão de usuários ao redor do mundo, sendo que os três países que lideram o ranking são os Estados Unidos (106,7 milhões), Índia (62,1 mi) e Brasil (60,1 mi). É o que diz o levantamento desenvolvido pelo eMarketer, com base em dados de julho. As razões que contribuem para o sucesso da rede social no Brasil, segundo pesquisas, são a alta adoção de smartphones – 96% dos brasileiros que usam redes sociais acessam suas contas pelo celular – e população relativamente jovem, já que 38% dos brasileiros têm 24 anos ou menos.

image O professor Mário Camarão fala das perspectivas para a área digital em termos de negócios (Fábio Costa / Arquivo)

 

O professor e pesquisador em cibercultura Mário Camarão acredita que a área digital é promissora por conta dos avanços em formatos e a habilidade de transformar o mercado em uma economia viável. "A partir do momento em que se tem uma plataforma que permite, comercialmente, que você consiga transformar a rotina em produtos, serviços ou conteúdo, você acaba tendo uma possibilidade de ganhar e conquistar o mercado”, comentou. Segundo Camarão, isso é possível, principalmente, porque, pelas redes sociais, cria-se uma relação próxima com o consumidor.

Existem várias formas de influenciar pessoas pela internet, como a participação ativa na divulgação de produtos e conteúdo, participação em eventos, os 'publiposts' (ou publicações publicitárias), entre outras opções. "As pessoas ainda estão encontrando formas de mensurar e quantificar audiência e influência, e oferecer os produtos. Mesmo sendo uma área nova, já percebo um grande crescimento nos últimos três ou quatro anos na forma de profissionalizar o influenciador digital. Hoje já temos, inclusive, agências que trabalham só com influenciadores. Então tudo isso é um formato 'oficial', mas é necessário ter um padrão e um modelo de se trabalhar e, efetivamente, conseguir tornar este mercado promissor", pontuou o especialista.

Vida pessoal e profissional vai parar nas redes

A maquiadora Juliany Leite sempre gostou do meio digital, mas só ingressou, profissionalmente, em 2015, com o objetivo de divulgar seu trabalho e atrair novos clientes. Ela contou que, na época, não eram muitos os profissionais da área que usavam as redes sociais como portfólio, então teve facilidade com a ferramenta. “Foi a internet que me ajudou a crescer no ramo da maquiagem. Passei a publicar fotos das minhas clientes produzidas, mostrando as técnicas que realizava em cada uma. Assim, as seguidoras viam e me procuravam para agendar um horário de maquiagem também. Hoje tenho crescido bastante e tenho oportunidade de me comunicar com muitas pessoas e compartilhar meu trabalho como maquiadora”, comentou.

image “Perdi a vergonha e descobri que, ao compartilhar meu jeito e minha personalidade, alcanço mais pessoas", conta a maquiadora Juliany Leite (Ivan Duarte / O Liberal)

 

Nos últimos meses, além da divulgação de seu trabalho diário, Juliany também começou a atuar de outra forma: indicando produtos para seu público, baratos e de qualidade. Mãe de trigêmeas, a maquiadora também passou a expor sua vida pessoal na rede, mostrando o dia a dia com as filhas e hábitos saudáveis. “Perdi a vergonha e descobri que, ao compartilhar meu jeito e minha personalidade, alcanço mais pessoas, porque muitas já me acompanhavam e gostavam do meu trabalho, e agora gostam da minha exposição também”.

Com presença mais constante nos meios digitais, Juliany já conseguiu parcerias fixas com lojas de maquiagem, estúdio de academia e outros. Em números, em apenas dois meses, quando começou a investir mais em sua imagem, as visitas ao seu perfil no Instagram passaram de 2 mil para 5 mil, enquanto as visualizações nas histórias – as publicações que somem em um dia – subiram de mil para 2 mil, e as impressões, que é o número de pessoas alcançadas na plataforma, saíram de 50 mil para meio milhão.

Apesar de não ser intencional, a maquiadora não descarta que esta modalidade se torne sua segunda fonte de renda. Segundo o especialista Mário Camarão, com as recentes mudanças na rede social, é preciso pensar em novas formas de manter o engajamento. A equipe da plataforma retirou a visualização dos ‘likes’ em fotos e vídeos, número que media a popularidade dos usuários. “Isso mudou a forma como alguns profissionais utilizam o Instagram, não só para vender como também para conquistar públicos e influenciar consumos. Acredito que a partir do momento em que você tem um nicho estável neste mercado, sempre vai ter uma forma de chegar ao público consumidor que precisa saber sobre aquele produto ou consumi-lo”.

image A editora publicitária Luly Mendonça conta que continua atuando em sua área de origem, mas, hoje 80% de sua renda sai da internet (Arquivo O Liberal)

 

A editora publicitária Luly Mendonça também é uma personalidade ativa no meio digital, e a sua popularidade aconteceu de maneira imprevista. Ela escreveu em blogs durante quase uma década, criou e encerrou projetos, e se encontrou nas redes sociais. Continua trabalhando como editora, mas 80% de sua renda sai da internet, muito mais do que ganharia em uma agência ou jornal, segundo ela.

“Já tive um blog premiado em terceiro lugar em um concurso, mas passei por várias transformações e, timidamente, comecei a usar o Snapchat. Quando vi, já eram muitas pessoas e marcas me seguindo. Eu tinha ficado mais eu mesma, soltei minha criatividade, meu lado bem humorado, falei sobre feminismo e sobre o que pensava. Foi aí que comecei a ganhar dinheiro com a internet”, relembrou.Quando os usuários migraram do Snapchat para o Instagram, Luly passou a ter ainda mais engajamento. “Fui uma das primeiras em Belém a ter presença digital. Nunca escolhi, só aconteceu, tudo se desenrolou sem planejamento”, disse.

Desde 2015, parte de sua renda começou a vir de trabalhos com marcas na internet e, há dois anos, a influenciadora vive de sua imagem, em parcerias com empresas e marcas nacionais e regionais, como a Melissa, Ipanema e GNT. Hoje, foi escolhida como embaixadora da Natura no Norte, única da região.

“Eu cresci junto com o mercado, em um tempo em que isso tudo ainda era muito tímido. O mercado evoluiu e quem estava lá desde o início fez parte dessa construção. Quando as marcas querem ser representadas pelo meu rosto é o ápice para mim, algo que nunca imaginei. Significa que meu conteúdo, minha história e tudo que já fiz na internet valeram a pena”, destacou Luly. Além de produzir conteúdo digital, ela ministra workshops e palestras sobre o assunto. Na opinião dela, hoje, quem busca empreender tem ‘a faca e o queijo na mão’ com a internet.

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